As Interpretações Arianas ou Antitrinitarianas Encontradas na Literatura Adventista e A Resposta de Ellen G. White

As Interpretações Arianas ou Antitrinitarianas Encontradas na Literatura Adventista e A Resposta de Ellen G. White


Erwin R. Gane,  M.Div., M. Th., é bem conhecido entre os membros da IASD. Em seus últimos 9 anos antes da aposentadoria, o Pastor Gane serviu como editor da Lição da Escola Sabatina para Adultos na Conferência Geral. Anteriormente, ele havia lecionado no Avondale College na Australia, no Union College e no Pacific Union College nos Estados Unidos. Ele também pastoreou igrejas na Austrália e nos Estados Unidos; mais recentemente, após a aposentadoria, pastoreou a IASD de Calistoga e em 2007 serviu como pastor interino da IASD de Santa Helena.


Tradução: Hugo Martins

“As Interpretações Arianas ou Antitrinitarianas Encontradas na Literatura Adventista e A Resposta de Ellen G. White” (Original em Inglês: The Arian or Anti-Trinitarian Views Presented in Seventh-day Adventist Literature and the Ellen G. White Answer) é a tese de mestrado de Erwin Roy Gane apresentada em junho de 1963 no Seminário Teológico Adventista do Sétimo Dia na Andrews University. Usado com a permissão do autor.


PREFÁCIO

Esta pesquisa examina a literatura adventista do sétimo dia a fim de descobrir a prevalência de interpretações arianas ou antitrinitarianas e a resposta de Ellen G. White para tais interpretações.

Desde que os anuários publicados de 1931 a 1962 indicam aceitação oficial do trinitarianismo, atenção especial foi dada à história primitiva da denominação para determinar se esta foi, desde o início, a compreensão da Divindade.

C A P Í T U L O I

O PROBLEMA E DEFINIÇÕES DOS TERMOS USADOS

De tempos em tempos, surgem indivíduos adventistas do sétimo dia que aderem a uma forma de crença antitrinitariana. Eles citam, frequentemente, os fundadores da igreja como estando de acordo com a sua posição. Eles consideram o trinitarianismo oficial do adventismo moderno como um retorno ao paganismo, ou melhor, como a contrafação de Satanás da concepção de Deus, uma característica do dogma papal.

I. O PROBLEMA

A Problemática. É o propósito deste estudo (1) examinar a literatura adventista do sétimo dia, especialmente aqueles publicados entre 1844 e 1900, com o propósito de descobrir a extensão a qual as interpretações arianas antitrinitarianas foram sustentadas por escritores e membros desta igreja; (2) evidenciar, tornando possível uma explicação da adoção por parte da Igreja de qualquer concepção da Deidade predominantemente encontrada; (3) apresentar a resposta de Ellen G. White para cada uma das principais posições sustentadas pelos adventistas do sétimo dia antitrinitarianos.

Importância do Estudo. É importante para os adventistas do sétimo dia estarem informados a respeito da história doutrinal de sua própria Igreja. Os adventistas deveriam ser capazes, em relação a qualquer posição doutrinária, de dizer se a sua presente crença é aquela a qual a Igreja sempre tem adotado, ou se o pensamento adventista sobre o assunto progrediu para além de certos conceitos imperfeitos e pouco desenvolvidos. Ser capaz de demonstrar que a Igreja Adventista do Sétimo Dia tem sempre aderido a certas crenças fundamentais é prover a fundamentação histórica de que, desde o seu surgimento, ela tem cumprido um papel espiritual distintivo. Mas afirmar que uma determinada doutrina sustentada hoje, sempre foi aceita pela Igreja, quando, na verdade, não foi, é, na melhor das hipóteses, negligência, e, na pior, desonestidade. É, portanto, importante que a história do pensamento adventista sobre a natureza de Deus seja imparcialmente investigada.

II. DEFINIÇÕES DOS TERMOS UTILIZADOS

Adventista. Ao longo desta tese, quando é feito referência à Igreja Adventista, a Igreja Adventista do Sétimo dia, como distinta de outros grupos adventistas, é a intenção.

Ariano. O termo ariano, para o propósito desta tese, refere-se à crença que Cristo fora trazido à existência pelo Pai e que o Espírito Santo não é uma pessoa, mas uma influência. Portanto, um ariano, como aqui definido, é diferente do liberal, de arianos humanistas que apresentam Cristo como um mero homem.

Antitrinitariano. O termo antitrinitariano é usado para se referir tanto ao ariano quanto a outras variantes de interpretações não trinitarianas.

Monarquianismo. O termo monarquianismo, conforme utilizado nesta tese, se refere ao monarquianismo modalístico, um ensino propagado pelos sabelianos no terceiro século E.C. Eles sustinham que, na Divindade, a única diferenciação era uma sucessão de modos ou manifestações. O Deus uno que se revelou como o Pai, o Filho e o Espírito Santo. Eles se recusavam a fazer distinção entre estas três personalidades distintas. Para eles, Cristo e Espírito Santo eram outras manifestações do Pai. Eles afirmavam que a doutrina da Trindade postulava a existência de três deuses.

Espírito de Profecia. O termo Espírito de Profecia é usado como uma referência aos escritos de Ellen G. White. Embora os adventistas do sétimo dia compreendam este termo como tendo uma aplicação mais abrangente a toda profecia divinamente inspirada, não obstante, eles, consistentemente, o usam com um sentido restrito ao aplicá-lo ao dom profético conforme se manifestara na vida e obra de Ellen G. White.

Socianismo. A doutrina que faz de Cristo um mero homem. Diz que Cristo fora criado completamente perfeito por Deus, empossado com autoridade especial, sendo uma revelação fidedigna da vontade de Deus. Nos Estados Unidos, no século 19, o socianismo era uma derivação do unitarismo.

Unitarismo. O pensamento cristão e a observância religiosa que rejeita a doutrina da Trindade e enfatiza a personalidade unitária de Deus. O movimento unitarista, nos Estados Unidos, na primeira metade do século 19, era predominantemente ariano. A maioria dos unitaristas estadunidenses, neste estágio, sustentava que Cristo é inferior ao Pai, embora mais do que um mero homem, tendo sido criado antes da fundação do mundo.

III. ORGANIZAÇÃO DO RESTANTE DA DISSERTAÇÃO

O procedimento seguido na apresentação das evidências descobertas inclui um exame de todos os escritores adventistas do sétimo dia que, particularmente, trataram do temo, empregando suas afirmações em ordem cronológica. Os escritores foram analisados, na sua maior parte, na ordem a qual eles se expressaram sobre o assunto. Assim, Urias Smith é analisado antes de J. N. Loughborough porque ele escreveu primeiramente sobre o assunto em 1859. O primeiro ensaio de Loughborough fora em 1861. Toda a evidência em relação a interpretação de Uriah Smith é apresentada em uma seção, mesmo quando isso envolve referência a períodos posteriores da história da Igreja. Este arranjo torna possível para uma noção geral da posição de cada escritor. Em cada caso, a interpretação completa do escritor sobre a Divindade, incluindo a discussão do Espírito Santo e de Cristo, é examinada. Interpretações de Ellen G. White estão apresentadas nos três capítulos finais da tese.

Ao longo desta tese, as citações em itálico são do autor que está sendo citado.

C A P Í T U L O II

A CRENÇA DOS PIONEIROS DA IGREJA ADVENTISTA

Embora ele não era um observador do sábado do sétimo dia, William Miller é considerado o pai espiritual da Igreja Adventista do Sétimo dia. Os adventistas são orgulhosos em identificar-se com um pioneiro religioso que manifestara um discernimento tão notável como um exponente da profecia e que trabalhara tão incansavelmente para advertir as multidões desavisadas da breve vinda de Jesus. O conteúdo da mensagem de Miller era o Segundo Advento de Cristo. A doutrina da natureza de Deus não fora, com ele, um assunto de importância urgente e imediato.

MILLER, UM TRINITARIANO

Apesar da força dos movimentos unitaristas e socinianos nos Estados Unidos, na primeira metade do século 19, Miller, que era considerado distintamente não ortodoxo em outros aspectos, sustentava a posição trinitariana ortodoxa. Alguns anos após o juvenil movimento adventista do sétimo dia tivera alcançado certa maturidade, James White produziu uma obra intitulada “A Vida Cristã e As Atividades Públicas de Guilherme Miller”. White cita declaração de fé de Miller escrita em Low Hampton, em 5 de setembro de 1822:

“Eu, aqui, reconheço que sempre acreditei ser o meu dever. . . deixar, para averiguação de meus irmãos, amigos e filhos, uma breve declaração de minha fé (e que deveria ser minha prática); e eu oro a Deus para perdoar-me onde desviei-me. Eu fiz disso um motivo de oração e meditação, e, portanto, deixar o seguinte como minha fé, reservando o privilégio da correção. (Assinado). Guilherme Miller

“Artigo Dois.

“Creio em um Deus uno, vivo e verdadeiro, e que há três pessoas na Divindade—como há no homem, o corpo, a alma e o espírito. E se alguém me perguntar como estes existem, direi-lhe como as três pessoas do Deus Triúno estão conectadas.”1

Aqui, então, é uma declaração inequívoca da aceitação de Miller do conceito geral de trinitarianismo, com uma franca admissão da natureza misteriosa da união entre as três pessoas da Divindade. Na ausência de evidência de que ele, posteriormente, exercera seu “privilégio de correção” expressando-se por meio de interpretações antitrinitarianas, justifica-se assumir que esta fora a crença de Miller até o dia da sua morte.

HIMES E A CONEXÃO CRISTÃ

Um dos Miller apoiadores mais fervorosos em pregar retorno iminente do Senhor era Joshua V. Himes, um aclamado ministro da denominação conhecida como “Conexão Cristã.”2 Em 1835, o Reverendo T. Newton Brown publicou sua Enciclopédia do Conhecimento Religioso, que incluíra um artigo sobre a “Conexão Cristã” escrito por Himes.3 O início da Conexão Cristã é datada por volta de 1800. Nenhum indivíduo é reconhecido como líder ou fundador da seita. Seus membros eram provenientes das mais diversas denominações religiosas conservadoras, tais como os batistas calvinistas, a livre-arbitrarianos, batistas dos seis princípios, metodistas e presbiterianos. Vindo como eles vieram, de diversos contextos, seus membros retiveram suas opiniões variadas em questões doutrinárias. Himes aponta que a característica distintiva primária do grupo era a “tolerância universal.” Em relação à sua atitude para com a doutrina da Trindade, Himes escreveu: “Em primeiro lugar, eles eram, em geral, trinitarianos; posteriormente, eles rejeitaram, quase por unanimidade, a doutrina trinitariana como antibíblica.” Ele especifica, então, as doutrinas que são geralmente aceitas por esta seita:4

Há um Deus vivo e verdadeiro, o Pai Todo Poderoso, que é não originado, independente, eterno, o Criador e Mantenedor de todos os mundos; e este Deus é uma inteligência espiritual, uma mente infinita, sempre o mesmo, nunca muda. . . . Cristo é Filho de Deus, o Messias prometido e Salvador do mundo. . .5

A declaração afirma claramente que somente o Pai é “não originado, independente e eterno.” Cristo fora, então, originado, dependente e trazido à existência pelo Pai. Esta declaração é, naturalmente, bastante consistente com a observação Himes a Conexão Cristã rejeitou, “quase por unanimidade, a doutrina trinitariana como antibíblica.”6

Tornar-se-á evidente que, na medida que esta discussão avança, onde tais interpretações de Cristo prevaleceram, O Espírito Santo era, geralmente, despojado de personalidade e existência separada como um membro da Deidade, sendo considerado como uma mera influência que emana do Pai e de Cristo. Esta era a interpretação sustentada pela Conexão Cristã conforme enunciada por Himes. Entre as crenças que eles geralmente aceitavam como doutrinas bíblicas se encontra a interpretação que “o Espírito Santo é o poder e a energia de Deus, a influência santa de Deus pela qual, no uso dos meios, os pecadores são regenerados. . . .”7 É muito significativo que Himes, um dos pais espirituais da Igreja Adventista do Sétimo dia, mantivesse tais doutrinas. É de maior importância, ainda, que outros pioneiros da Igreja tinham sido membros da Conexão Cristã, antes de aceitar os princípios adventistas do sétimo dia.8

A INTERPRETAÇÃO DE BATES DA DIVINDADE

Joseph Bates é, com justiça, reverenciado pelos adventistas do sétimo dia por seu papel fidedigno e triunfante em propagar o movimento. Em 1868, a casa publicadora da Igreja publicou “A Autobiografia do Ancião José Bates”.9 Bates conta seus primeiros conflitos e labores. Ele menciona um reavivamento da religião, em 1827, na Igreja Cristã em Fairhaven.10 Bates, neste momento, estava considerando seriamente unir-se a algum grupo cristão e ele foi influenciado por este reavivamento. Antes mesmo do seu casamento, sua esposa já tivera sido um membro da Igreja Cristã. Bates participara de reuniões desta organização com sua esposa quando ele estava em casa e tornara-se um tanto familiarizado com os seus pontos de vista. “Eles tornaram as Escrituras a sua única regra de fé e prática, renunciando a todos os credos.”11 Os pais de Bates eram membros bem estabelecidos da Igreja Congregacional e esperavam ardentemente que ele e sua esposa se juntassem também a eles. Mas haviam certos pontos doutrinários que lhes impedira disso. Bates escreveu: “Mas eles aceitavam alguns pontos em sua fé que eu não conseguia entender. Citarei apenas dois: o seu modo de batismo e a doutrina da trindade.”12

Seu pai tentou, sem sucesso, convencer José Bates que estes pontos doutrinários da Igreja Congregacional estavam corretos. Em relação ao tema da Trindade, Bates escreveu em 1868:

A respeito da trindade, concluí que era impossível para eu acreditar que o Senhor Jesus Cristo, o Filho do Pai, fosse, também, o Deus Todo Poderoso, o Pai, um e o mesmo ser. Eu disse para o meu pai: “Se você puder me convencer de que somos um neste sentido, que você é meu pai e eu sou seu filho, e, também, que eu sou meu pai e você meu filho, então eu posso acreditar na trindade. . . . Em poucos dias, eu fui imerso e juntei-me à Igreja Cristã.”13

A Igreja Cristã se harmonizava com a Conexão Cristã que, como vimos, rejeitava a posição trinitária. Posteriormente, Bates tornou-se um obreiro ativo nesta organização e, mais adiante, um dos fundadores do movimento adventista sabatista.14

A objeção de José Bates à doutrina da Trindade evidencia uma atitude que seria vigorosamente reiterada por militantes adventistas do sétimo dia antitrinitarianos tempos depois. Bates rejeitou o trinitarianismo porque envolve a identificação completa do Pai com o Filho. Obviamente, o trinitarianismo não envolve tal coisa. Guilherme Miller afirmou sua crença em “Deus vivo e verdade,” composto de “três pessoas.” Ele compreendia o “Deus Triúno” como contendo “três pessoas.”15 Esta é a verdadeira compreensão trinitariana da doutrina, e desde que Miller escrevera em 1822, e Bates fizera objeção ao trinitarianismo, na conjuntura apresentada, em 1827, é justificável assumir que a noção que os trinitarianos têm hoje das relações entre os membros da Deidade era a noção em vigor quando Bates escrevera. Indubitavelmente, estava em voga no século 19, assim como hoje, formas extremas de trinitarianismo contra as quais os primeiros adventistas reagiram seriamente. A evidência será apresentada conforme procedemos. Mas esta não é uma explicação adequada do antitrinitarianismo extremo dos primeiros adventistas. Bates conclui que, por conclusão lógica, o trinitarianismo torna-se monarquianismo, em que o Pai é o Filho e vice-versa. Ele se opõe, então, a isto presumindo que uma pessoa não pode ser outra. Mas ele não está se opondo ao trinitarianismo como ele imaginava. Ele está se opondo à sua interpretação do que os trinitarianos ensinam. [Em verdade], ele está se opondo ao monarquianismo.

Bates escreveu sua biografia em 1868. Não há nenhuma indicação na sua narração dos acontecimentos de sua vida passada que seu mudou seu ponto de vista desde 1827. É, portanto, razoável concluir que, após se tornar um adventista do sétimo dia, Bates manteve sua crença antitrinitariana.

TIAGO WHITE, UM ENIGMA

Antes de se tornar um adventista, Tiago White era um ministro ordenado da Conexão Cristã.16 Ele escreveu o seu “Incidentes da Vida”, em 1868, para a Review and Herald.17 Ele diz: “Aos quinze anos fui batizado e juntei-me à Igreja Cristã.”18 Tempos depois, ele foi ordenado e operou uma obra de reavivamento para esta organização. Em 1842, ele ouviu a pregação de Guilherme Miller e se tornou um seguidor fervoroso da fé do segundo advento.19

Em razão de White ser oriundo da Conexão Cristã, esperar-se-ia descobrir que ele era, ao menos no início de sua carreira, oposto ao trinitarianismo. Mas a evidência não está muito clara, e a que está disponível é inconclusiva. É bem verdade que Tiago White era o editor da Sinais dos Tempos em 1879. Em 22 de maio daquele ano, fora publicado um artigo fortemente contrário ao trinitarianismo escrito por A. J. Dennis.20Seria fácil concluir que White concordara com a posição tomada no artigo, já que ele era o editor e não há nenhuma indicação de que ele, como editor, pudesse ter sustentado uma opinião diversa. Mas Tiago White era um cavalheiro cristão e, possivelmente, ele publicara um ponto de vista com o qual ele poderia não concordar simplesmente como um gesto de cortesia cristã. Ele não concordou com certos obreiros em alguns outros tópicos, mas permanecia silente, mesmo quando as interpretações deles eram publicadas, simplesmente em favor de evitar uma grave divisão doutrinária.

Por outro lado, há certos indícios que apontam na direção da ideia de que Tiago White não era um trinitariano. Em 1877, ele escreveu um folheto intitulado “Cristo no Antigo Testamento,” no qual aparece a seguinte declaração:

A obra de libertar, instruir e guiar os hebreus fora dada a Aquele que é chamado de anjo (Êx. 13:21; 14:19, 24; 23:20-23; 32:34; Nm. 20:16; Is. 63:9). Paulo chama este anjo de “pedra espiritual que os seguia” e afirma que “a pedra era Cristo” (1 Co 10:4).

O Pai eterno nunca é chamado de anjo nas Escrituras, enquanto o que os anjos têm feito é sistematicamente servir ao Senhor, pois eles são seus mensageiros e agentes para realizar a Sua obra.21

Temos aqui uma sugestão de distinção entre o “Pai eterno” e de Cristo. Cristo é chamado de anjo nas Escrituras, o Pai não. Cristo é referido como “O Senhor” em distinção do “Eterno Pai.” Seria possível ler nas entrelinhas e supor que Tiago White não considerava Cristo, O Senhor, como eterno no mesmo sentido que o Pai; que, na verdade, Cristo era, de certo modo, inferior em relação ao Pai porque Ele é chamado de anjo e o Pai não. Entretanto, na ausência de uma evidência comprobatória, esta não seria uma conclusão adequada.

Há uma tese na James White Memorial Library [Biblioteca Memorial Tiago White], na Andrews, afirmando que A. T. Robinson declarou em uma entrevista que Tiago White não era trinitariano.22 Robinson tivera sido bastante familiarizado com os Whites. Este tipo de evidência baseado no testemunho de um homem idoso dificilmente pode ser considerado como completamente satisfatório. Porém, não obstante, é um indício a mais apontando na mesma direção que outros fragmentos de evidência. De todo modo, White não permitiu que seu ponto de vista, qualquer que fosse ele, viesse à tona em um tempo quando uma enorme controvérsia trinitariana pudesse ter dividido a jovem Igreja Adventista.

C A P Í T U L O III

PRIMEIROS MILITANTES ANTITRINITARIANOS

STEPHENSON, CONVICTAMENTE ARIANO

Escrevendo na Review and Herald em 1854, J. M. Stephenson exprimira-se como um militante ariano. Em um artigo intitulado “A Expiação,” Stephenson apresentou agressivamente seus argumentos antitrinitarianos:

A ideia de Pai e Filho pressupõe a preexistência de um e a subsequente existência do outro. Dizer que o Filho é tão primígeno quanto o Pai, é uma evidente contradição de termos. É uma impossibilidade natural para o Pai ser tão jovem quanto o Filho, ou o Filho ser tão primígeno quanto o Pai.23

Ele procedeu apontando que os termos “Pai” e “Filho” não teriam sido usados pelos escritores bíblicos se estes tivessem desejado “expressar a ideia da existência coeterna, e a eternidade do Pai e do Filho. . . .”24 Stephenson citou um trinitariano chamado Fuller que concordava que o Pai deve ter existido antes do Filho. O Filho é o “primogênito,” disse Stephenson, no sentido de que Ele teve uma origem em um ponto anterior a todas as outras formas de vida. Cristo foi gerado. Portanto, “ele deve ter tido um começo.”25 Deus, escreveu ele, é o “único supremo governante.” Seria impossível ter dois Supremos Governantes ao mesmo tempo. Somente o Pai é “suprema ou absolutamente bom.” Somente o Pai é, no sentido absoluto, imortal. Somente o Pai é autoexistente. O Filho é, consequentemente, dependente do Pai, pois o Pai deu “Ao Filho vida em si.”26

Stephenson chegou a declarar que Cristo era um ser criado:

Colossensses 1:15. “o primogênito de toda a criatura.” Criatura significa a criação; portanto, para ser o primogênito de toda a criatura (criação), ele deve ser um criar o ser; e, como tal, a sua vida e a sua imortalidade devem depender da vontade do Pai, tal como os anjos, ou do homem redimido. . . .27

FRISBIE IDENTIFICA COM O DEUS DO DOMINGO

Escrito em março do mesmo ano [1854], J. B. Frisbie identifica o “Deus do Sábado” e o “Deus do Domingo.”28 O Sábado de Deus é um Espírito, mas também um Ser pessoal, possuindo corpo e membros. O Deus do Domingo é identificado referindo-se ao catecismo católico e a uma obra metodista. Católica de trabalho, conforme citada por Frisbie, afirma que Deus não tem corpo. Não há senão um Deus, mas composto por três pessoas, Pai, Filho e Espírito Santo. Não é triteísmo.

A obra metodista citada por Frisbie também afirma que o único verdadeiro Deus não têm corpo ou membros. Deus é um, mas na unidade que é Deus, diz-se haver três pessoas da mesma essência, cada um possuindo o mesmo poder e eternidade de existência.

O propósito primário de Frisbie nesse artigo é, evidentemente, apresentar Deus como um ser pessoal possuindo membros corporais. Todavia, opondo-se às interpretações trinitarianas, que negam que Deus possui membros, neste sentido, ele se opõe, também, a posição trinitariana in toto, concluindo esta seção do seu artigo dizendo: “essas ideias são alinhadas com a daqueles filósofos pagãos.”29

HULL SE OPÕE AO CREDO NICENO

Escrevendo em 1859, D. W. Hull apresentou, na Review and Herald, uma série de dois artigos discutindo “a doutrina bíblica da divindade.” Ele vê a posição trinitariana como subversiva à doutrina da expiação.30 É claro que ele é, em certa medida, reagindo a certas posições trinitarianas, mas, no processo, ele tenta quebrar toda a estrutura da doutrina. Hull escreve:

A doutrina que nos propomos examinar, fora estabelecida pelo Concílio de Niceia, em 325 E.C., e, desde esse período, as pessoas que, particularmente, não acreditam nessa doutrina têm sido acusadas por papas e sacerdotes como hereges perigosos. Fora por causa da descrença nessa doutrina que os arianos foram anatematizados em 513 E.C.

Como não podemos traçar essa doutrina a não ser se originando do “homem do pecado”, e vendo que esse dogma, nessa época, fora estabelecido pela força, clamamos o direito de investigar o tema e verificar o peso das Escrituras quanto a este assunto.31

Hull é cuidadoso em apontar que “nós” acreditamos na divindade de Cristo, mas, acrescenta ele, que “nós não acreditamos, como a disciplina da Igreja Metodista ensina, que Cristo é Deus eterno, ao mesmo tempo, homem; que a parte humana era o Filho, e a parte divina era o Pai.”32

Ele passa, então, a repudiar o que ele chama de “A Visão Ortodoxa de Deus” de que Ele é ‘sem corpo, partes, paixões, centro, circunferência, ou localidade.’” Não é difícil compreender sua oposição a esta visão extremista. Complementa ele: “parece, certamente, que um Deus assim deve ser inteiramente desprovido de existência.”33

Hull começa, então, a investigar todas as passagens importantes reivindicadas pelos trinitarianos em apoio a interpretação deles. Em resposta ao uso de Isaías 9:6 por parte dos trinitarianos, ele afirma que Cristo é, aqui, chamado de Poderoso, mas não Todo Poderoso. Ele acredita que o termo é usado “em um sentido limitado.” Cristo é o Pai Eterno somente no sentido de que Ele vive eternamente, certamente não no sentido trinitariano.

Hull enfatiza o argumento que José Bates usara em 1827. Se a parte divina de Jesus era o Pai, se fora Pai, que se manifestara em carne, Deus e Cristo são, então, uma [única] pessoa. Consistentemente, através do artigo, Hull confunde a posição trinitariana correta como monarquianismo. Ele afirma que os trinitarianos dizem que há um [único] Deus e que Cristo é Deus no mesmo que o Pai. Portanto, Cristo é o Pai. Eles são um e a mesma pessoa. Todavia, para ele, isto parece ser, logicamente, impossível e antibíblico. Pai e Filho são um, assim como são um homem e sua esposa. Eles são unidos em interesse e propósito. Cristo, diz ele, não é o único e Eterno Deus. Ele não é tão exaltado como o Pai, nem fingi Ele ser assim. Seu poder fora delegado. A objeção é ilustrada a seguir:

O que o leitor pensaria de um homem que se mudasse, com sua família, do Estado de Ohio para Iowa e, após desfrutar da companhia deles por algum tempo, e falar de voltar para Ohio onde ele pode ver a sua família? Se você não concorda com as inconsistências que eu disse, como pode você acusar o Salvador de deixar o mundo para ir ao Pai e, ao mesmo tempo, afirmar que o Salvador é o próprio Jeová?34

Hull argumenta ainda mais rejeitando o que ele chama de posição trinitariana. Se o Pai e o Filho são uma pessoa, então, o mundo esteve três dias sem Deus, pois a Bíblia diz que Ele foi “morto na carne” (1 Pe 3:19). Cristo clamou: “Deus meu, Deus Meu, por que me desamparaste?” (Mt 27:46). Trinitarianos dizem que a Divindade o abandonara. Cristo deveria, então, estar vivo após a Divindade abandonar-lhe e o sacrifício era unicamente um sacrifício humano.35 Mas como poderia um sacrifício humano expiar nossos pecados? Desse modo, ele se opõe a ideia de que a alma de Cristo não morreu. Fora necessário cada parte de Cristo morrer para que o pecado humano pudesse, adequadamente, ser expiado. Ele cita 2 Pedro 3:18 e acrescenta: “não há nenhuma escapatória aqui. A alma de Cristo, e cada parte que habitara em seu corpo, fora colocada à morte e enterrada no Sheol, ou Hades.”36 O ensino trinitariano que o corpo de Cristo descera à cova, mas sua alma ou divindade, qualquer que seja o termo, ascendera ao paraíso, é rejeitado como antibíblico e destrói a possibilidade da expiação.

As três razões salientadas que Hull dá para rejeitar o trinitarianismo são: 1) a doutrina que falta partes corporais e emoções a Deus; 2) identifica o Pai e o Filho como uma única pessoa; e 3) ensina que o divino em Cristo não morreu, tratando o sacrifício como um sacrifício humano, e, portanto, uma expiação inadequada para os pecados do homem. É bastante evidente que, de certo modo, Hull estava se opondo a uma forma extrema de trinitarianismo, mas esta não é uma explicação satisfatória para seu antitrinitarianismo. Ele relega as decisões de Niceia para a categoria de doutrina falsa. Não obstante, ele interpreta mal a posição dos pais nicenos. Ele estavam empenhados em evitar a acusação de monarquianismo. Hull acusa-lhes de ensinar isso. Como José Bates, neste ponto específico, ele não está se opondo à interpretação trinitariana em si, mas à sua própria concepção errada de como essa interpretação é.

C A P Í T U L O IV

URIAS SMITH, UM ARIANO INFLUENTE

Porventura, o mais influente dos primeiros adventistas arianos do sétimo dia foi Uriah Smith. Por 47 anos, Smith foi editor da Adventist Review and Sabbath Herald. Durante este tempo, muitas vezes ele permitiu que suas ideias fossem publicadas, às vezes em forma de artigos escritos por outras pessoas, às vezes em forma de artigos e declarações em livros escritos por ele mesmo. É intenção do presente escritor, primeiro, compreensão de Smith da natureza do Espírito Santo, e, segundo, sua posição para com a Divindade e a preexistência de Cristo.

A VISÃO DE SMITH DO ESPÍRITO SANTO

Já em 1859, Urias Smith salientara a importância da manifestação do Espírito Santo na Igreja:

Este Espírito é o princípio vital da igreja de Deus; e o grau com que esse Espírito é possuído pela igreja marca a proporção exata de sua aceitação com Ele, e a força dessa vida que ela vive “pela fé do Filho de Deus.”37

Smith reconhece o Espírito como a fonte de poder espiritual e a certeza da presença de Deus na igreja, e ele se horroriza com a sugestão de que não há Espírito Santo:

Leitor, pode você imaginar uma teoria mais fria e sombria, e uma mais calculista para adentrar no coração da igreja do que a ideia que alguns sustentam de que não há Espírito Santo? Fique a nossa sorte livre de tal sentimento impuro e aqueles que a defendem.38

À luz destas afirmações, é razoável guardar em nossa interpretação das últimas negações de Smith da personalidade do Espírito Santo. Ele de modo algum minimiza a importância do Espírito de Deus como fonte de luz e poder. Ele juntar-se-ia sinceramente em oração com um trinitariano por este dom e ele enfatizaria a natureza indispensável da obra do espírito na redenção humana. Mas para qualquer tentativa de investir o Espírito Santo com personalidade, Smith faria uma forte oposição.

Posteriormente, fora criada uma coluna regular na Review and Herald intitulada “perguntas do leitor.” Aqui, as perguntas dos correspondentes eram respondidas, e, aqui, Smith, ocasionalmente, encontrava um espaço conveniente para expressar suas visões. Em 1890, em resposta à pergunta “é o Espírito Santo uma pessoa?” Smith escreveu:

Mas a respeito deste Espírito, a Bíblia usa expressões que não podem ser harmonizadas com a ideia de que Ele é uma pessoa como o Pai e o Filho. Em contrapartida, mostra-se ser uma divina influência de ambos, o meio que representa a Sua presença e pela Eles têm conhecimento onisciente por todo o universo, quando não estão pessoalmente presentes.39

Smith reconhece que, nos capítulos 14 a 16, o Espírito é personificado como o Consolador. Ele cita o uso nesses capítulos dos pronomes pessoal e relativo [no gênero masculino] em referência ao Espírito Santo. Mas, nesses casos, ele consideraria, simplesmente, como figuras de linguagem, pois, na maioria dos casos, nas Escrituras, “ele” [neutro] é usado de modo que negaria ser uma pessoa, como o Pai e o Filho. “Por exemplo,” escreve ele, “diz-se, frequentemente, [o Espírito] ser ‘derramado’ e ‘espalhado.’ Mas nunca lemos sobre Deus e Cristo sendo derramados ou espalhados.”40

Quando o Espírito Santo aparece, destaca Uriah Smith, aparece de várias formas e formatos. Certa vez apareceu como uma pomba, em outra na forma de “línguas, como de fogo” (At 2:3).41 Em outra parte lemos dos “sete Espíritos de Deus enviados por toda a terra.”42 Essas descrições, em sua opinião, não seriam usadas se o Espírito Santo compreendido como uma pessoa.

Em março do ano seguinte, em 1891, Urias Smith disse em um sermão registrado no Boletim da Conferência Geral:

O Espírito Santo é o Espírito de Deus; é, também, o Espírito de Cristo. É a emanação misteriosa, divina, por meio da qual Eles operam Sua grande e infinita obra.43

Ele reconhece ser o “Espírito Eterno,” onisciente e onipresente, o Espírito que participara na criação, que pode ficar entristecido e satisfeito. Mas ele não é uma pessoa, é uma influência. É uma “emanação misteriosa.”44

A razão para a personificação do Espírito Santo na Escritura é dada por Smith em resposta a uma pergunta em uma edição posterior da Review and Herald:

2 João 16:13 descreve a obra do Espírito Santo, que está tão ligada ao Pai e ao Filho que Ele próprio é personificado e falado como fazendo o que o Pai e o Filho fazem.45

Lendo as Review and Herald’s do anos 1890, chega-se a impressão que este assunto estava, de certo modo, instigando mentes leigas dessa época. Em setembro de 1892, um leitor levantou, novamente, a questão, e Urias Smith respondeu. A questão é significativa como uma ilustração do tipo de raciocínio que, evidentemente, estava instigando as mentes de alguns adventistas desse período:

Se Deus é um espírito (Jo 4:24) e, ao mesmo tempo, uma pessoa (Dn 7:9), não seria o mesmo raciocínio que o Espírito Santo ser uma pessoa, como referido em João 14:26?

R.: Não; pois Deus, em outras partes, é descrito e representado como uma pessoa; mas o Espírito Santo não é. O fato do Espírito Santo estar personificado em João 14, e assim descrito agindo de modo pessoal e individual, não prova que Ele seja uma pessoa, assim como o fato do amor ser descrito, em 1 Coríntios 13, como operando certos atos e exercendo certas emoções, prova que a caridade, ou o amor, é uma pessoa.46

Novamente, em outubro de 1896, um leitor questionou a natureza misteriosa do Espírito de Deus. A questão era: “Ordenam as Escrituras o louvor e a adoração ao Espírito Santo? se não, não a última linha da doxologia contém um sentimento antibíblico?”47 Smith respondeu a primeira pergunta negativamente. Em nenhum lugar nas Escritura é-nos ordenado adorar o Espírito Santo, como ordena adorar a Cristo. Em resposta à segunda pergunta, ele considera que, se na fórmula batismal o nome do Espírito Santo é para ser usado junto ao do Pai e ao Filho, “Por que não poderia corretamente permanecer como uma parte da mesma trindade no hino de louvor, ‘Louvado seja o Pai, o Filho e o Espírito Santo?’”48

O argumento de Urias Smith aqui, e seu uso da palavra “trindade”, pode sugerir a alguns que talvez seu ponto de vista sobre a natureza do Espírito Santo e das relações entre os membros da Divindade passaram por uma mudança em direção ao trinitarianismo, desde a última vez que ele se manifestou sobre o assunto. Como será visto, não é bem assim. Durante esses anos, sua obra Daniel e Apocalipse, contendo suas interpretações arianas, estava sendo impressa e posta em circulação. Em 1898, em seu livro, Olhando para Jesus, apareceu com sua descrição fortemente ariana de Cristo. No ano seguinte após o uso de Smith do termo “trindade” em um artigo na Review and Herald artigo, ele publicou, em resposta a uma pergunta, a sua opinião de que “existem diversas expressões relativas ao Espírito Santo indicam que não pode ser adequadamente considerado como pessoa, como é ‘derramado no coração’ (Rm 5:5) e ‘derramado sobre toda a carne’ (At 2:17).”49

É, portanto, razoável concluir que Uriah Smith afirmava sistematicamente que o Espírito Santo é uma influência, não uma pessoa ou membro da Deidade no sentido trinitariano. Nenhuma evidência fora encontrada de que ele adotou qualquer outra crença sobre o assunto ou que mudou a sua posição até a sua morte em 1903.

A VISÃO DE SMITH DE CRISTO

A posição de Uriah Smith acerca da relação entre Cristo e o Pai tem sido mais amplamente publicada por causa de sua inclusão em seus volumes Daniel e Apocalipse, e Olhando para Jesus. A primeira edição de seu comentário sobre Apocalipse, foi impressa em 1865 sob o título Ponderações Críticas e Práticas sobre O Livro de Apocalipse. Falando de Cristo em seu comentário sobre Apocalipse 3:14-22, Smith escreveu:

Ademais, Ele é o “o princípio da criação de Deus” (Ap 3:14). Não o criador, mas o princípio da criação, o primeiro ser criado, datando Sua existência muito anterior a qualquer coisa ou ser criado, após o autoexistente e eterno Deus. Sobre esta expressão, Barnes faz o seguinte significativa admissão: “se fosse demonstrado a partir de outras fontes que Cristo fora, na verdade, um ser criado, e o primeiro que Deus fizera, não se pode negar que esta linguagem expressaria, apropriadamente, esse fato.”50

Na edição de 1882 de Ponderações sobre Os Livros de Daniel e Apocalipse, esta declaração fora modificada para excluir a sugestão que Cristo fora criado no sentido ordinário do termo. Na edição de 1889 da mesma obra, alterou-se, novamente, a declaração para, então, indicar ser a opinião do autor que Cristo não fora criado no sentido ordinário, mas que houve um tempo quando Ele não existia.51

Outros, no entanto, e mais apropriadamente, pensamos nós, usaram o termo com o significado de “agente” ou “causa eficiente,” que é uma das definições do termo, entendendo que Cristo é o agente por meio do qual Deus criou todas as coisas, mas que Ele próprio viera à existência de uma forma diferente, pois Ele é chamado de “unigênito” do Pai (Jo 1:14). Parece inadequado aplicar esta expressão a qualquer ser criado no sentido ordinário do termo.52

A edição de 1907 da obra continha o comentário nesta forma idêntica. A Southern Publishing Association produzira “uma nova edição, revista e anotada” em 1941. Por décadas, a Igreja Adventista do Sétimo dia tivera sido professadamente trinitariana, conforme será visto mais tarde na discussão. Como seria de esperar, este comentário sobre Apocalipse 3:14-22 fora revisado de forma a relegar à categoria de erro qualquer ideia de Cristo como tendo sido criado. Mas, surpreendentemente, a declaração ainda lê-se claramente implicando “que o Filho viera à existência.” A passagem diz o seguinte:

Ademais, Ele é o “o princípio da criação de Deus” (Ap 3:14). Alguns tentam, usando esta linguagem, defender o erro que Cristo fora um ser criado, datando Sua existência anterior a qualquer outra coisa ou ser criado, após o autoexistente e eterno Deus. . . . Outros, no entanto, e mais apropriadamente, pensamos nós, usam o termo com o significado de “agente” ou “causa eficiente,” que é uma das definições do termo, entendendo que Cristo é o agente por meio de quem Deus criou todas as coisas, mas que Filho viera à existência de uma forma diferente, pois Ele é chamado de “unigênito” do Pai (Jo 1:14). Parece inadequado aplicar esta expressão a qualquer ser criado no sentido ordinário do termo.53

A frase, “e mais apropriadamente, pensamos nós” indica, claramente, que, na opinião do autor, a visão que se segue, contendo a declaração “que Filho viera à existência,” é a correta. Porque os editores deveriam ter reforçado a oposição, contida na declaração, à posição que Cristo fora criado, e, no entanto, falharam eliminar o ensinamento que houvera um tempo quando Ele não existia que está além do conhecimento do presente escritor. É certamente difícil de compreender à vista declarações trinitarianas oficiais da Igreja anteriores a anos antes disto. Não fora até a revisão de 1944 que a interpretação ariana fora finalmente excluída desta obra. A declaração, agora, lê-se:54

Outros, no entanto, e mais apropriadamente, pensamos nós, usam o termo com o significado de “agente” ou “causa eficiente,” que é uma das definições do termo, entendendo que Cristo é o agente por meio de quem Deus criou todas as coisas.55

Daniel e Apocalipse, nas edições anteriores, continham outras declarações que eram clara e intencionalmente antitrinitarianas. Por exemplo, a edição de 1882 contém um comentário sobre Apocalipse 1:4 que nega a eternidade da existência de Cristo. A frase “da parte daquele que é, que era e que há de vir” diz-se ser “uma expressão que significa eternidade completa, passado e futuro, e pode ser aplicada unicamente a Deus O Pai.”56 Smith afirma que esta linguagem nunca é aplicada a Cristo. Sobre o uso do termo “Alfa e Omega” em Apocalipse 1:11, ele exclui qualquer aplicação da frase a Cristo citando evidência textual para a omissão dos termos. Claro, Apocalipse 22:13 provê uma aplicação inegável desta frase a Cristo por causa do verso 16, mas Smith explicou o uso da seguinte forma:57

Cristo, aqui, aplica a Si mesmo a designação de Alfa e Ômega. Quando aplicada a Ele, a expressão deve ser entendida em sentido mais limitado do quando aplicada ao Pai em Apocalipse 1:8. Cristo é o “Alfa e o Ômega, o Princípio e o Fim, do grande plano da salvação.58

Em 1898, o mesmo ano em que o livro de Ellen G. White O Desejado de Todas As Nações fora publicado, a Review and Herald Publishing produzira a obra de Uriah Smith, Olhando para Jesus. É significante que a principal casa publicadora denominacional produzisse, no mesmo ano, as duas obras, uma tão notavelmente antiariana e a outra são distintamente ariana. Smith renovou e posteriormente explicou seu ensinamento ariano nesta nova obra. Ele escreveu:

Só Deus é que é sem início. Na mais remota era, quando um início poderia ocorrer,—um período tão remoto que para mentes finitas é essencialmente eternidade—apareceu o Verbo. . .Este verbo não criado fora o Ser que na plenitude do tempo tornou-se carne e habitara entre nós. Seu início não fora como de qualquer outro ser no universo. . . . Parece, portanto, que por algum impulso ou processo divino, não criação, conhecido apenas da Onisciência, e possivelmente apenas a Onipotência, o Filho de Deus apareceu.59

Obviamente, o ensinamento de Smith em 1865, que Cristo é um ser criado, fora uma fase passageira. Aqui, novamente, vemos que embora ele reconheça um tempo remoto em que Cristo viera a existir, ainda que processo pelo qual isso aconteceu é considerado como distinto da criação. Após ter sido trazido à existência, ao Filho fora dado igualdade com o Pai. Uriah Smith compreende, então, a declaração de Paulo registrada em Filipenses 2:6. Ele considera a Deidade como tendo algum meio misterioso envolvido. “Com o Filho,” escreve ele, “a evolução de deidade, como deidade, cessou.”60

Uriah Smith, em seu livro Olhando para Jesus, declarou-se adepto à posição que cada parte de Cristo morreu no Calvário. Nisto, ele estava em plena concordância com D. W. Hull. Ele acreditava que quando Cristo deixou o céu, Ele deixou a Sua imortalidade para trás também. Quando Ele morreu, fora “como um todo, como um ser divino, como o Filho de Deus.” Se assim não fosse, o Salvador teria sido meramente humano, e o sacrífico meramente humano, “mas o profeta diz que ‘sua alma’ fora feita ‘como oferta pelo pecado’ (Is 53:10).” 61

A posição de Smith sobre a natureza de Deus é, portanto, claramente ariana. O Espírito Santo é uma mera influência. O Filho fora trazido à existência pelo Pai, e apesar de ser elevada a uma posição de igualdade com o Pai, Sua autoridade é, na melhor das hipóteses, uma autoridade delegada. A sugestão de que a parte divina do Cristo não morrera no Calvário, ele rejeitou como destruindo a possibilidade da expiação.

C A P Í T U L O V

SMITH APOIADO POR SEUS CONTEMPORÂNEOS

LOUGHBOROUGH SE OPÕE AO TRINITARIANISMO “PAGÃO”

Tiago White era editor da Review and Herald em 1861. Em novembro daquele ano, ele publicou a resposta de J. N. Loughborough à pergunta: “Qual objeção séria existe à doutrina da trindade?” Loughborough respondeu:

Há muitas objeções que podemos citar, mas, por conta de nosso espaço limitado, vamos reduzi-las a: 1. É contrária ao senso comum. 2. É contrária às Escritura. 3. Sua origem é pagã e mitológica.62

Ampliando o primeiro ponto, Loughborough opôs-se à ideia de que três são um, e um, três. Ele se opõe ao uso dos termos “o Deus Triúno,” e “Deus três-em-um.”63 “Se o Pai, o Filho e o Espírito Santo são Deus, seriam três deuses.” Sob o segundo ponto, ele insiste em que, nas Escrituras, o Pai e o Filho são tratados como duas pessoas distintas. Como indicado em João 17, a unidade entre eles é a mesma dos crentes cristãos. Acreditar que a doutrina da Trindade, para Loughborough, implicaria a aceitação da ideia que “Deus enviou a si mesmo ao mundo, morrera para reconciliar o mundo consigo, levantara-se dos mortos, ascendera a si próprio ao céu. . . .”64 Aqui, somos, novamente, confrontados com o antitrinitarianismo baseando-se em uma oposição ao que os trinitarianos não ensinam, que o Pai era o Filho e vice-versa.

Que Loughborough se opunha ao trinitarianismo, não meramente como se apresentava em seus dias, mas em sua mais antiga manifestação na igreja cristã, fica evidente por sua amplificação de seu terceiro ponto. A doutrina da Trindade penetrou na igreja, afirma ele, por volta da mesma época que a adoração de imagens e a observância do domingo. É simplesmente uma renovação da religião persa pagã. Penetrou na igreja cristã por volta de 325 E.C. e fora estabelecida como doutrina em 681 E.C. A Espanha adotara em 589, a África em 534 e a Inglaterra em 596.65

J. N. Loughborough também se pronunciou sobre o tema do Espírito Santo. Escrevendo em 1898, descreveu ele o Espírito de Deus como “representante de Deus—o poder pelo qual ele opera, o meio pela qual todas as coisas são cumpridas.”66 Ele diz que o Espírito de Deus é reconhecido na Bíblia como a presença do Senhor. O Espírito de Deus, como falado dEle no que diz respeito a criação, ele descreve como “a energia criativa de Deus.” Através deste artigo de 1898, Loughborough enfatiza que o Espírito Santo é o poder de Deus. Ele não faz nenhuma referência ao Espírito como uma personalidade e usa sistematicamente o pronome neutro para se referir a Terceira Pessoa da Divindade.

GOODRICH SOBRE O ESPÍRITO SANTO

E. Goodrich, escrevendo para a Review em 1862, expressou seu horror quanto a alegação de que não há Espírito.67 Ele não vê nada de valor deixado na religião bíblica quando esta é despojada da doutrina do Espírito Santo. Ele descreve o Espírito como “o agente vivente e operante” por meio de quem a obra de Deus para o homem é realizada.”68 Não há nenhum indício se Goodrich considerava este “agente” como uma personalidade e um membro da Divindade, ou, simplesmente, como uma influência. Uma coisa é certa: um antitrinitariano possuindo as convicções de Uriah Smith poderia concordar plenamente com o que Goodrich escreveu, como indicada pela própria discussão de Smith da importância do Espírito Santo em 1859. 69

WHITNEY APRESENTA “AMBOS OS LADOS”

S. B. Whitney se tornou um Adventista do Sétimo dia pouco antes de 1862. Sua mudança de fé fora lamentada seriamente pela Igreja Congregacional em Malone, e dois representantes daquela congregação, A. Parmalee e J. B. Henck, escreveram para ele com a intenção de fazê-lo voltar a sua antiga fé.

Review and Herald publicou a carta para Whitney e resposta dele. As seções relevantes para o propósito desta discussão são citadas aqui. Parmalee e Henck escreveram:

Agora, umas poucas palavras em relação à doutrina que você recentemente adotara como substituta àquela que uma vez pertencera, mas tem, há pouco, abandonado.

1. A doutrina da Trindade que você diz não ser uma doutrina bíblica. Nosso credo sobre este assunto é, que há três pessoas em um Deus, não três pessoas em uma única pessoa, e que aos Cristãos é necessário se batizar em nome desses três, como constituindo o único e verdadeiro Deus revelado nas Escrituras. A doutrina da Trindade é uma doutrina de , não de compreensão, nem poderíamos nós resolver os mistérios deste Ser infinito e maravilhoso, se Ele fosse nos apresentado como existente em uma pessoa apenas.70

2. Os escritores continuaram depreciando a conduta de Whitney em “lançar-se,” como fizeram os unitaristas e socinianos em um esforço para obter conhecimento além do que é revelado nas Escrituras.

Em sua resposta, S. B. Whitney falha em responder o credo congregacional que “há três pessoas em um só Deus.”71 Evidentemente, Parmalee e Henck citaram isto em sua carta em resposta a uma acusação prévia de que o seu ensino envolvia a ideia de “três pessoas em uma pessoa.”72 Eles certamente são contrários a esta última concepção. Whitney ignora as questões envolvidas neste ponto e continua a fim de provar que Deus tem uma forma:

Em Êxodo 33:21–23, lemos que Deus disse a Moisés que Ele cobrir-lhe-ia com a Sua mão enquanto Ele passava, mas que ele veria Suas costas. Trarás decepção a Deus ou admitirá que Ele tem uma forma? Receberá o testemunho de Cristo quando Ele fala da “forma” de Seu Pai? (Lc 5:27). Admitirá que Cristo fora corporalmente ao céu? (At 1:9).73

Não há dúvidas que Whitney estava se opondo a concepção que a Deus falta partes e formas corporais. O ponto não é nem mesmo citado na carta congregacional. A posição trinitariana de três pessoas em um Deus não é de modo algum respondido por Whitney. Parece razoável concluir que:

1. os novos conversos à Igreja Adventista eram, nesse estágio, introduzidos ao antitrinitarianismo. Ao menos fora assim no caso de Whitney. Esta foi, certamente, a impressão recebida pelos congregacionalistas de Malone; e nenhum esforço foi feito na resposta de Whitney, ou em outro momento, na Review and Herald, para corrigir essa impressão. Pelo contrário, a resposta continha uma oposição renovada à posição trinitariana. Naturalmente, é perigoso generalizar sobre este ponto. Pode ter havido muitos convertidos que mantiveram o seu trinitarianismo, mas o presente escritor não encontrou evidências disso.

2. A resposta de S. B. Whitney evidencia a reação a certas afirmações extremas no credo trinitariano, o que já temos observado nos primeiros escritores adventistas do sétimo dia, mas,

3. Não há dúvida de que os trinitarianos, nessa época, não ensinavam como certos escritores adventistas do sétimo dia interpretavam que ele ensinavam, que Cristo e Deus são uma só pessoa. O credo congregacional, conforme referido por Parmalee e Henck, afirma,, claramente, que “há três pessoas em um Deus, não três pessoas em uma pessoa.”74

C A P Í T U L O VI

CANRIGHT, UM APOLOGETA ANTITRINITARIANO

Escrever para a Review and Herald no período de 1867 a 1878, D. M. Canright limitou-se, na maior parte do tempo, a uma reiteração verbal, um tanto, polêmica, do que seus predecessores adventistas do sétimo dia tinham escrito.

O ARTIGO DE CANRIGHT EM 1867

Em 1867, ele escrevera um artigo intitulado “Jesus Cristo, O Filho de Deus.” Ele escreveu:

Cristo viera a existência antes de todas as coisas. . . Minhas referências para esta proposição são João 1:1–2; Colossenses 1:17; Provérbios 8:22, 30. “No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus. Ele estava no princípio com Deus.” Aqui, a existência do Verbo, ou Cristo, é remontada até onde a linguagem permite, mesmo no início com o grande Deus.75

Canright entendeu que Cristo foi gerado, não criado no mesmo sentido que os anjos e os homens. Somos ordenados a adorar o Filho, e nenhum ser criado é jamais digno de adoração. O Filho não deve ser considerado tão grande como o Pai, pois as primícias de todas as coisas estão subjugadas sob o Filho e, então, o Filho torna-se sujeito ao Pai. Canright cita, aqui, João 14:28 e 1 Coríntios 15:28. Por conseguinte, ele conclui: “O Filho é subordinado ao Pai.”76 Cristo não pode ser descrito, como o Pai pode, como o “o Deus eterno.” Assim como seus predecessores, Canright pressupõe que os trinitarianos ensinam que o Pai e o Filho são uma única pessoa, e, continua, então, a demonstrar as incorreções desta posição. Quando Cristo morreu, cada parte dEle morreu, caso contrário o sacrifício fora apenas humano.

OS ARTIGOS DE CANRIGHT EM 1878

Em 1878, Canright produziu uma série de quatro artigos intitulados “a personalidade de Deus,” ampliando grandemente seus pontos de vista e fazendo forte oposição à posição trinitariana. Ele escreveu: “Jesus diz que seu pai é o único Deus verdadeiro. Mas os trinitarianos se contradizem ao dizer que o Filho e o Espírito Santo são tão verdadeiramente Deus como o Pai é.”77 Canright se opôs a concepção doutrinária de Deus como “sem corpo, partes ou paixão.” “Eu não acredito,” disse ele, “que qualquer pessoa, qualquer que seja o credo, jamais ore a Deus sem a concepção de Ele tendo um corpo, a forma, e um formato, e estando localizado em um trono no céu.”78 Ele fornece citações bíblicas consideráveis como evidência de sua crença. Ele nega a distinção usual entre matéria e espírito, e considera a Deus como possuindo formas e partes, mesmo Ele sendo um Espírito.79 “É a nossa opinião,” escreve ele, “fundamentada tanto na revelação quanto na ciência, que os seres celestiais são tão materiais quanto homens, só que eles são muito altamente organizados, mais refinados—habitando em um plano superior.”80

No mesmo ano, em 1878, The Signs of the Times publicou um artigo de Canright intitulado “o Espírito Santo não é uma pessoa, mas uma influência procedente de Deus.” Ele começa:

Todos os credos trinitarianos fazer o Espírito Santo uma pessoa, de igual substância, poder, eternidade, e glória com o Pai e o Filho. Assim, eles afirmam que há três pessoas na trindade, cada uma igual à outra. Se assim for, o Espírito Santo, então, é tão verdadeiramente uma pessoa inteligente distinta como é o Pai ou o Filho. Mas não podemos acreditar nisso. O Espírito Santo não é uma pessoa. Em todas as nossas orações, nós, naturalmente, concebemos Deus como uma pessoa, e do Filho como uma pessoa, mas quem concebeu Espírito Santo como sendo uma pessoa, estando junto ao Pai e igual a Ele?81

Pelo contrário, Canright decide se posicionar que o Espírito Santo é “uma influência divina que procede do Pai e também o Filho, como Seu poder, Sua energia, etc.”82 O Espírito é personificado na Bíblia somente porque é o Espírito de uma pessoa. De uma forma semelhante, o espírito do homem é personificado.

C A P Í T U L O VII

DE CANRIGHT A WAGGONER

DENNIS ACEITA “UM DEUS”

Foi durante período de Tiago White termo como editor de The Signs of the Times que A. J. Dennis, em 1879, publicara seu artigo intitulado “Um Deus.” Ele escreveu:

Que contradição de termos é encontrada na linguagem de um credo trinitariano: “Em unidade desta Divindade estão três pessoas, de uma substância, poder e eternidade: o Pai, o Filho e o Espírito Santo.” Há muitas coisas que estão escritas misteriosamente na palavra de Deus, mas podemos seguramente presumir que o Senhor nunca nos constrange a acreditar em impossibilidades. Mas credos costumam.83

Dennis considerava a crença em dois seres autoexistentes e iguais em poder como postulando a existência de dois deuses. Mas, diz ele, a Bíblia ensina a existência de apenas um. Ele não via nenhuma dificuldade em atribuir eternidade tanto ao Pai quanto ao Filho, se “eternidade” se referir a “duração sem fim.” Neste sentido, Enoque e Elias, e todos os redimidos santos têm eternidade da existência.84

HOPKINS APOIA O ANTITRINITARIANISMO

J. M. Hopkins, escrevendo para a Review and Herald em 1883, dera grande importância à obra do Espírito Santo, mas procedeu para definir sua existência nos seguintes termos: “É essa influência santa e toda poderosa operando no universo de Deus, por meio da qual os mundos foram formados, as leis físicas estabelecidas e mantidas; . . .”85

Deus, acreditava ele, tem-se comunicado com o seu povo por meio do Espírito, os santos serão ressuscitados pelo mesmo poder, e a vida transformada em uma forma incorruptível pronta para a translação, pelo mesmo Espírito. Mas o Espírito continua a ser uma “influência” que difere de uma pessoa, de um membro igual da Divindade.

SWIFT E TENNY EM DÚVIDAS

Estes dois homens escreveram para a Review and Herald em 1883 deixando a questão da natureza do Espírito Santo em aberto. Nem estava preparado para dogmatizar e ambos ressaltaram a importância da obra do Espírito Santo. Swift escreveu: “Apenas o que o Espírito é, é uma questão discutida entre os teólogos, e nós não esperamos dar uma resposta positiva, mas podemos aprender algo de Sua natureza, e a parte que age na salvação humana.”86 Ele continua a falar da obra do Espírito e consistentemente usa o pronome pessoal masculino em referência ao Espírito. Não há indicação real no artigo se Swift acreditava o Espírito Santo ser uma influência ou uma pessoa, mas o teor do artigo está na direção a desta última concepção.

G. C. Tenny, em seu artigo intitulado “O Consolador,” alega que quer seja a existência do Espírito Santo material ou imaterial, se é “um ser pessoal, ou uma influência representativa, existe investido com uma natureza onividente e onipresente e merece nosso mais sagrado respeito.”87 Aqui, novamente, o escritor deixa a questão em aberto quanto a personalidade do Espírito Santo. Tempos depois, em 1896, Tenny escreveu uma resposta a uma pergunta enviada por um leitor. A pergunta foi a seguinte:

Por favor, explique 1 João 5:8. (1) É o termo “espírito” sinônimo de Espírito Santo do verso 7? (2) O que é o Espírito Santo? Como o recebemos: por meio de Deus o por meio dos anjos? (3) É o Consolador de João 16:7–8 o Espírito Santo? Se sim, pode-se aludir a Ele com os pronomes no masculino?—C.W.W.88

Tenny eliminou a primeira pergunta dizendo que a última parte do versículo 7, e a primeira parte do versículo 8, é uma interpolação que não deveriam estar nas Escrituras. Ele acrescenta:

Não se encontra na Revised Version, e é amplamente aceito pelos estudiosos bíblicos que essas palavras foram inseridas por alguém que desejava tornar mais proeminente uma ideia errônea do dogma da Trindade.89

Naturalmente, estudos modernos não discordariam da rejeição de Tenny da interpolação de 1 João 5:7 e 8. Mas fica claro por sua colocação que ele não é trinitariano. A ideia, que a passagem provaria, é genuína; o Pai, o Filho e o Espírito Santo são um. Esta ideia Tenny considera como “errôneo.”

Apesar disso, Tenny, não descarta a possibilidade de que o Espírito Santo é uma pessoa. Em resposta à segunda pergunta, ele escreveu: “Não podemos afirmar. não podemos descrever o Espírito Santo.” Ele considera que a evidência bíblica de tal natureza que ele é “levado a acreditar que Ele é algo mais do que uma emanação da mente de Deus.” Tenny continua:

Ele está incluído nas bênçãos apostólicas, e é falado por nosso Senhor como agindo de uma forma independente e tendo capacidade pessoal como professor, guia e consolador. Ele é um objeto de veneração, e é uma inteligência celestial, presente em todos os lugares, e sempre presente. Mas, como seres limitados, não podemos compreender os problemas que a contemplação da Deidade apresenta às nossas mentes.90

Aqui, somos confrontados com um escritor que, obviamente, não aceitou a doutrina da Trindade, mas cujas dúvidas em relação à personalidade e Deidade do Espírito Santo parecem estar gradualmente indo em direção à crença trinitariana. Ele, ainda, não está completamente convicto, mas está pelo menos preparado para admitir que “Ele,” o “Espírito de Deus,” é algo mais do que uma emanação da mente de Deus.”

J. H. WAGGONER AFIRMA QUE O CONCEITO DE TRINDADE “DEGRADA” A EXPIAÇÃO

A Pacific Press publicou a obra de J. H. Waggoner, A Expiação, em 1884. Como foi demonstrado, Waggoner não foi, de modo algum, primeiro escritor adventista do sétimo dia a considerar a interpretação trinitariana de Cristo como subversiva da expiação, mas a sua obra enfatizou, e por um tempo perpetuou, esta posição. Ele escreveu: “certamente, podemos dizer que a doutrina da Trindade degrada a expiação, trazendo o sacrifício, o sangue de nossa compra, para o padrão baixo de socianismo.”91

O ponto que Waggoner enfatiza, muitas vezes, é que em Cristo não havia duas naturezas distintas durante a encarnação, uma humana, que morreu, e outra divina, que, quando o homem morreu, ascendera novamente ao Pai. Esta interpretação trata o sacrifício como humano, e, por conseguinte, inadequado para a redenção humana.

Waggoner considera impossível o Deus autoexistente morrer. Ele diz: “aqui está uma declaração clara de que ‘o vivente, o Deus autoexistente’ morreu pelos pecadores, que não podemos acreditar. . . .” O Pai é o Deus autoexistente, Cristo não. Portanto, Cristo poderia morrer pelos pecadores. Tanto seus atributos humanos e divinos morreram na cruz. Esta posição levou Waggoner a concluir que Cristo era subordinado possuindo uma existência derivada. Cristo é preexistente, mas não autoexistente, e, por conseguinte, Deus em sentido subordinado. Waggoner escreveu:92

A primeira das citações anteriores diz que o Verbo era Deus, e o Verbo estava com Deus. Agora, não há necessidade de provas—de fato, fica autoevidente que o Verbo como Deus não era o Deus com quem Ele estava. E como há apena “um Deus,” o termo deve ser usado em referência ao Verbo em um sentido subordinado, o que é explicado pela afirmação de Paulo da mesma pessoa preexistente, o Filho de Deus.93

Fora este preexistente e subordinado Filho de Deus que morreu no Calvário e proveu a possibilidade de expiação. Fica claro, portanto, que o repúdio de Waggoner ao trinitarianismo era em vista de sua aparente contradição de sua compreensão da expiação.

C A P Í T U L O VIII

DE MORSE A E. J. WAGGONER

MORSE SUBORDINAVA CRISTO AO PAI

A seção “O Comentário” da Review and Herald, em 1886, consistia de uma coluna de perguntas e respostas. G. W. Morse, em resposta à pergunta se o trono do Pai será no Céu e o de Cristo na terra, afirmou que a Nova Terra será o reino de Cristo. Mas Deus o Pai sempre será o Governante Supremo do universo, regendo a partir do Seu trono nos Céus, e reinando “conjuntamente ao Filho na Nova Terra.”94 Seu ponto parece ser que o Filho é um governante dependente de apenas um pequeno segmento dos domínios de Deus, esta terra, enquanto o Pai é o “governante supremo” do universo inteiro.

Em um artigo anterior no mesmo ano, Morse distinguiu entre Cristo e o “grande Deus” de Tito 2:13. Ele escreveu:

Uma tradução literal dos termos em itálico lê-se assim: “E a aparição do Senhor da glória do grande Deus,” etc. Desse modo, é visto que é a glória do grande Deus como manifestada na aparição de Seu Filho que estamos buscando, e não o grande Deus em Si.95

Portanto, ele não considera Cristo como o grande Deus, mas como um Ser dependente.

BOLLMAN VÊ O ESPÍRITO COMO O “PODER” DE DEUS

Escrevendo para The Signs of the Times, em novembro de 1889, C. P. Bollman declarou que o Espírito de Deus é “essencialmente divino.”96 Mas ele não chega ao ponto de retratar o Espírito Santo como uma personalidade distinta e membro da Deidade. Este Espírito é o “poder” de Deus por meio do qual o Filho criara todas as coisas. O Espírito é “uma parte essencial de Deus, e, portanto, necessariamente divino,” mas permanece, para Bollman, um poder impessoal.97

O ANUÁRIO DE 1889

A Anuário de 1889 foi o primeiro a incluir uma definição das crenças dos adventistas do sétimo dia. A declaração da sua compreensão de Deus, é interessante de tal modo que tanto os trinitarianos como antitrinitarianos poderiam concordar com ela sem violar suas respectivas convicções. A declaração diz:

I. Há um só Deus, pessoal, um ser espiritual, o Criador de todas as coisas, onipotente, onisciente, e eterno; infinito em sabedoria, santidade, justiça, bondade, verdade e misericórdia; imutável, e presente em todos os lugares por meio de Seu representante, o Espírito Santo (Sl 139:7).

II. Há um só Senhor, Jesus Cristo, o Filho do Pai Eterno, aquele por meio do qual Ele criara todas as coisas, e por meio do qual elas subsistem; . . .98

A declaração idêntica apareceu no Anuário de 1905. O trinitariano, naturalmente, concordaria com a passagem inteira. Ele poderia interpretar a sua maneira, incluindo Cristo e Espírito Santo mo termo “um Deus” no item I. Mas o antitrinitariano poderia, também, concordar com ela. Ele interpretaria a passagem dizendo que apenas o Pai é eterno. Ele seria, para o ariano, o “único Deus” referido no item I. Não há nenhuma indicação nesta declaração de que as interpretações arianas dos “Smiths, Canrights e Waggoners” na Igreja Adventista tenham sido substituídas pelo trinitarianismo.

E. J. WAGGONER CONCORDA COM SEUS CONGÊNERES

Voltando a 1890, antes de abandonar a Igreja Adventista, E. J. Waggoner se expressou sobre o tema da preexistência de Cristo de uma maneira consistente com o que descobrimos ser a explicação tradicional dada pelos escritores adventistas do sétimo dia até aquele momento. Em sua obra, Cristo e Sua Justiça, ele escreveu: “Sabemos que Cristo ‘procedera e viera da parte de Deus’ (João 8:42), mas fora tão remotamente nos primórdios da eternidade a ponto de não ser concebível para a mente do homem.”99

Para E. J. Waggoner, ao menos nesta fase de sua carreira, Cristo tivera um começo. Houve um tempo quando Ele não existia. Sua vida fora derivada do Pai. Esta interpretação não era considerada de modo algum para Waggoner como uma contradição de sua observação um pouco mais adiante na mesma obra se referindo que Cristo é Deus possuindo por herança os atributos da Deidade.100 Nem é, necessariamente, submisso pelo que Waggoner escreveu em 1900: “‘Jesus Cristo e Deus o Pai, que o ressuscitara dos mortos,’ estão em igual posição. ‘Eu e o Pai somos um’ (Jo 10:30). Ambos se sentam em cima de um trono (Hb 1:3; 8:1; Ap 3:21).”101 Mesmo Urias Smith, com todas os seus pronunciamentos arianos, concebia Cristo como “a Majestade Associada do Céu, igual ao Pai, e partilhando de igual glória; . . .”102 Esta igualdade fora conferido a Ele, portanto, Ele não é Deus no mesmo sentido que o Pai. A observação de Waggoner em 1900, que tanto o Pai quando o Filho ‘se sentam em cima de um trono,” é, contudo, um distanciamento da posição de G. W. Morse que o Pai, como Governante Supremo, tem Seu trono no céu enquanto o Filho tem Seu trono na terra.

Após deixar a Igreja Adventista do Sétimo Dia, e pouco antes de sua morte, E. J. Waggoner escreveu sua Confissão de Fé. Nela, lemos esta declaração:

A partir da simples verdade que Cristo é “a imagem do Deus invisível,”—o brilho resplandescente de Sua glória, a manifestação de Seu caráter imutável, —Si mesmo o ontem, e todos os ontens, e hoje, e para sempre, devemos crer e conhecer que, desde os primórdios da eternidade até agora, Cristo tem exercido o tríplice ofício de Profeta, Sacerdote e Rei.103

Tivera Waggoner alterado sua antiga posição sendo que agora ele concebia a Cristo como um Ser sem começo? Tivera, agora, ele aceitado a doutrina trinitariana da preexistência eterna de Cristo? Tirando esta declaração isoladamente das anteriores, concluir-se-ia, provavelmente, sim. A frase “desde os dias da eternidade de idade até agora” sugere, fortemente, isto. Mas Waggoner escrevera em 1850, que Cristo viera à existência “tão remotamente nos primórdios da eternidade . . .” Os “dias da eternidade” da declaração de 1916 pode muito bem se referir ao período infinito que, na obra anterior de Waggoner, foi dito ter transcorrido desde que Cristo “viera da parte de Deus.”104

C A P Í T U L O IX

DE 1890 A 1898

BORDEAU LAMENTA A DIVERSIDADE DE OPINIÕES

Não há a menor dúvida que em 1890 não havia unidade de entendimento em relação à natureza de Deus nos círculos adventistas. D. T. Bordeau escrevera em novembro daquele ano:

Embora afirmemos ser crentes e adoradores de um único Deus, tenho pensado que existem muitos deuses entre nós como existem muitas concepções da Divindade. E quanto e quão limitadas são a maioria delas Em vez disso, quão limitadas são todas elas! Mal estudamos o caráter de Deus o Pai e de Deus o Filho e o resultado é transformamos Cristo como sendo nós mesmos.105

Infelizmente, para o nosso propósito, Bordeau não desenvolve sobre a natureza das concepções predominantes da Deidade. Se ele está se referindo às discordâncias entre arianos e trinitarianos entre os crentes é difícil dizer. A evidência que ele apresenta é plausível na medida em que indica que a igreja de modo algum estivera unida em seu conceito de Deus, e a observação parece sugerir que as vozes de escritores antitrinitarianos influentes não estavam, naquele momento, representando os pontos de vista da Igreja como um todo.

WILLIANSON AFIRMA QUE O ESPÍRITO SANTO É UMA INFLUÊNCIA

Quase um ano após observação de Bordeau, T. R. Williamson escreveu para a Review and Herald reiterando o velho argumento que o Espírito Santo não é uma pessoa, mas uma influência. Ele não pode ver que as referências bíblicas ao Espírito Santo pretende levar-nos “a concluir que uma pessoa é o significado, ou que qualquer outra ideia é intencionada por esses termos, não uma influência.”106 Ninguém, continua Williamson, é jamais batizado ou enchido com uma pessoa. Mas eles são batizados e enchidos com o Espírito. A personificação do Espírito Santo nas Escrituras, ele considera ser simplesmente uma figura de linguagem.

Williamson repudiava a crença trinitariana de que o Espírito Santo é Deus. Ele escreveu:

Fora dito pelo Senhor Jesus: “eu e meu Pai somos um.” Se há três pessoas na Divindade, por que ele não inclui todas as três em uma? Por que ele apenas disse: “eu e meu Pai somos um,” se o Espírito Santo é um membro da Divindade, um com o Pai e com o Filho? Por que se ignora a terceira pessoa da Trindade?107

Ele conclui repetindo que o Espírito Santo “é simplesmente uma influência de Deus.” É uma manifestação do poder de Deus que permeia o universo como o ar permeia a terra.108

PACIFIC PRESS PUBLICA O ARTIGO DE SPEAR

A publicação em 1892, pela Pacific Press, de um artigo trinitariano, escrito por um escritor não adventista, parece indicar uma crescente aceitação desta doutrina na Igreja Adventista. O artigo intitulado “A Doutrina Bíblica da Trindade” fora escrito por Samuel T. Spear e publicado em 1889 no New York Independent.109 A Pacific Press o reimprimira em 1892 como n.º 90 no Bible Student’s Library.

O artigo de Spear define claramente a posição trinitariana como ensinando a unidade da divindade consistindo de três pessoas:

Esta doutrina, como sustentada e afirmada por aqueles que a adotam, não é um sistema triteísta, ou a doutrina de três deuses, mas é a doutrina de um Deus subsistindo e agindo em três pessoas, com a ressalva que o termo “pessoa”, embora talvez o melhor que possa ser usado, não é, quando usado nesta relação, para ser entendido em qualquer sentido que o tornaria inconsistente com a unidade da Divindade, e, portanto, não deve ser entendido no sentido comum quando aplicado ao homem.110

O artigo, assim, respondera, efetivamente, aos adventistas do sétimo dia que tinham confundido trinitarianismo com monarquianismo, e àqueles que tinham confundido com triteísmo. Mas há muito mais no artigo que seria muito inquestionável para adventistas antitrinitarianos. O Filho é falado como sendo “distinto e subordinado, de algum modo, a Deus o Pai.”111 E essa subordinação não se diz ser simplesmente em relação à Sua natureza humana. Spear escreveu: “a subordinação estende-se à Sua natureza divina, assim como à Sua natureza humana.”112

Deus agiu por meio de Cristo na obra da criação. Cristo fora o agente subordinado. Cristo fora “enviado” ao mundo e se entregou “por todos nós.” O Pai possui, então, “algum tipo de primazia.”113 Spear cita 1 Coríntios 15:28 como prova que após a reintegração de Cristo no Céus, Ele é subordinado ao Pai, e não em Sua natureza humana meramente, mas em Sua mais alta natureza divina.114 Esta foi, certamente, uma forma satisfatória de trinitarianismo para os adventistas que tiveram no passado, e que durante e após este tempo, se oposto à doutrina.

Spear não chega ao ponto de dizer que a subordinação do Filho ao Pai envolvia a propagação do Filho pelo Pai nos primórdios da eternidade. Não há nenhuma sugestão de que houve um tempo em que o Filho não existia. Em referência a esta teoria, ele escreve:

A teoria da geração eterna do Filho pelo Pai, com a teoria cognata da geração eterna do Espírito Santo a partir do Pai, ou do Pai e do Filho, embora difícil até mesmo de conceber, embora em seu melhor não passa de mera especulação mística, é um esforço para ser sábio, não apenas além do que está escrito, mas, também, para além das possibilidades do conhecimento humano.115

É difícil resolver a contradição no juízo de Spear de que o Filho “é realmente divino e verdadeiramente Deus no mais absoluto sentido,” com sua opinião de que, em Sua natureza divina, Cristo é subordinado ao Pai. Ele considera o arianismo, que vê Cristo como mais do que humano, mas menos do que divino como errônea, devido a sua falha em reconhecer a absoluta divindade de Cristo. Mas o próprio Spear reconhece, como ele afirma, que a absoluta divindade de Cristo ainda cai no dilema ariano de considerar Sua divindade como subordinada ao Pai. Aqui temos divindade absoluta inferior para absoluta divindade, que, em última análise, é perigosamente próxima a concepção ariana dos escritores antitrinitarianos da Igreja Adventista.

JONES ABORDA O TRINITARIANISMO

A. T. Jones reconheceu o Espírito Santo como a presença de Cristo. Seu sermão “A Mensagem do Terceiro Anjo” fora publicado no Boletim da Conferência Geral em 1895. Jones falou do Espírito Santo como “a presença real de Cristo”116 para o crente. E ele acrescenta: “Pode Ele trazer Cristo a nós sem trazer a mente de Cristo a nós?—certamente não.”117 A observação não é evidência conclusiva de que Jones aceitou a doutrina da personalidade do Espírito Santo, mas parece indicar que, possivelmente, este foi o caso.

Uma série de artigos editoriais aparecera na Review and Herald, em 1900, sob o título, “A Fé de Jesus.” Urias Smith e A. T. Jones eram coeditores nessa época. A artigo em série não está assinado, mas a linguagem e o estilo da escrita parece ser de A. T. Jones. O escritor coloca a semelhança de Cristo com Deus como ensinada no primeiro capítulo de Hebreus e Sua semelhança com o homem como indicada pelo segundo capítulo . Assim como Cristo é como o Pai “em natureza,” da mesma substância e forma do Pai, então, diz Jones, Ele traz em Sua natureza humana uma completa semelhança com a humanidade caída.118 É claro que esta questão da natureza humana de Cristo era de interesse especial para Jones conforme revelada pela sua ênfase no assunto em seu livro, O Caminho Consagrado para A Perfeição Cristã.119 Este artigo em série na Review and Herald contém a mesma ênfase, e, portanto, nos fornece uma pista a mais para a sua autoria.

O ponto relevante nessa série é que “Jesus e Deus são ‘um’—uma só carne, uma só natureza, uma só substância . . .”120 Este foi um abandono significativo da oposição militante a tais interpretações por parte de escritores anteriores.

M. C. WILCOX E A “UNIDADE DIVINA”

M. C. Wilcox explicou as passagens bíblicas que se referem ao Espírito Santo como uma pessoa, sob a luz que o pronome pessoal neutro representa tanto o Pai quanto o Filho.121 Escrevendo para The Sinais dos Tempos, em 1898, ele falhou em creditar personalidade e Deidade ao Espírito no sentido trinitariano. O Espírito Santo “vem ao crente como uma pessoa, a pessoa de Cristo Jesus. . . .”122

Wilcox escreveu um artigo em 1898 intitulado “A Unidade Divina.” A unidade não é apresentada como a unidade das três pessoas divinas, mas a de “um só Deus, o Pai.”123 Cristo é representado como “abaixo de Deus, nosso Criador e Redentor.” Mais uma vez o leitor da literatura denominacional está confuso com a subordinação do Filho ao Pai.124

C A P Í T U L O X

UMA MUDANÇA APÓS 1898

Foi após 1898 que a Igreja Adventista começou a publicar sentimentos trinitarianos com frequência cada vez maior. O livro de Ellen G. White, O Desejado de Todas As Nações, apareceu neste ano com sua definição inequívoca da posição de Cristo em igualdade de poder e autoridade com o Pai, e do Espírito Santo como “a terceira pessoa da divindade.”125 As concepções destacadamente arianas ou antitrinitarianas que continuavam a ser publicadas na literatura adventista após esse ponto, apareciam apenas naquelas obras escritas em uma data anterior, ou em 1898 antes de O Desejado de Todas As Nações ter feito seu impacto. É verdade que certos membros da Igreja, em vários momentos, desde então, aderiram e circularam interpretações arianas, mas a maior parte dessas não foram publicadas pela denominação.

OS ARTIGOS DE THE KING’S MESSENGER

Em 1898 e 1900, a Review and Herald imprimira três artigos de “The King’s Messenger,” todos claramente trinitarianos no ensino. O primeiro apareceu em 1898 e fora intitulado “O Deus-Homem.”126 Diz-se: “O Deus-Homem é Emanuel, Deus conosco, —Deus conosco na pessoa e na presença do Espírito Santo.” Aqui, o Espírito Santo é uma pessoa divina. O segundo artigo, aparecendo em janeiro de 1900, depreciou o fato dos cristãos adorarem o Pai e o Filho, mas “não dando o devido lugar de poder e autoridade ao Seu representante, o bendito Espírito Santo.”127 O pronome pessoal masculino é usado em referência ao Espírito Santo.

O terceiro artigo, que aparece em abril de 1900, é ainda mais convincentes como evidência do teor remodelado de pensamento entre os adventistas do sétimo dia. O Espírito Santo é tratado como “igual e enviado da parte do Pai e do Filho.”128 Ele possui personalidade, pois “ele nos faria conhecer a Sua personalidade, mas sempre em, conexão vivente com Cristo.”129 E, finalmente, o leitor é admoestado: “Saiba, amado, quão surpreendentemente belas são as personalidades combinadas de nosso Deus Triúno, manifestadas pela presença pessoal do Espírito Santo.”130 Então, após muitos anos de oposição à doutrina, a Igreja possui, agora, um “Deus Triúno,” enquanto o Espírito Santo é aceito como uma Pessoa e um membro da Deidade.

J. Edson White escreveu de Cristo, em 1898, como, “em pé de igualdade com o Pai no reino dos Céus, e em todo o universo criado.” 131R. A. Underwood, no mesmo ano, indicou que sua noçao do Espírito Santo houvera mudado. Ele escreveu: “Agora, parece estranho a mim, que já acreditou que o Espírito Santo fosse apenas uma influência, em vista da obra que ele faz.”132

Ele continua explicando o plano de Satanás para destruir a fé na personalidade da Divindade,—“o Pai, o Filho e o Espírito Santo. . .”133 S. N. Haskell, em 1900, falou de Cristo como “o Filho de Deus, igual ao Pai.”134 Em 1903, Haskell enfatizou que Deus e Cristo possuem personalidade e forma distintas.135 J. M. Cole, em 1929, escreveu: “Nosso Senhor Jesus Cristo é para Seu povo um Pai Eterno, porque Ele é eternamente ‘o mesmo ontem, hoje e sempre.’”136

ROBINSON DEIXA UMA DÚVIDA

A. T. Robinson, escrevendo para a Review and Herald em 1929, deixa uma dúvida na mente do leitor quanto à sua verdadeira posição. Ele afirma: “Há ‘um só Deus’ a quem o pecador deve ser reconciliado, ou, então, caminhar para a morte eterna. Há ‘um só mediador,’ por meio de quem, unicamente, tal reconciliação pode ser efetuada.”137 Seu artigo é intitulado: “Um Só Deus e Um Só Mediador,” e, intencionalmente ou não, ele dá a impressão de que o único Deus é somente o Pai. Ele tornar-se-á o Governante Supremo do universo. “Quando o Plano da Salvação estiver completo, haverá uma reunião de ‘toda família, tanto no céu como sobre a terra’ (Ef 3:15) sobre as quais um único Supremo Pai reinará.”138 Ele cita, como prova, 1 Coríntios 15:28. O leitor não pode tera uma outra impressão a não ser que na mente do escritor continua presente a doutrina da subordinação do Filho ao Pai.

F. M. WILCOX, UM TRINITARIANO

F. M. Wilcox, em 1931, não deixou dúvidas quanto ao que ele quis dizer quando escreveu: “pelo contrário, a Bíblia representa Cristo como Deus, como a Deidade em si; Ele partilhou da mesma natureza e essência do Eterno Pai.”139 Wilcox passou, então, a definir a posição atual da Igreja sobre o tem:

1. Reconhecemos a divina Trindade—o Pai, o Filho e o Espírito Santo,—cada um possuindo uma personalidade distinta e separada, mas unos em natureza e em propósito, tão conectados nesta infinita união que o apóstolo Tiago fala deles como “um Deus” (Tg 2:19).140

Wilcox cita o Anuário Adventistas do Sétimo Dia em apoio a sua afirmação. Este fora o primeiro ano no qual uma fórmula trinitariana de crença fora inserida no Anuário. Lê-se assim:

2. A Divindade, ou Trindade, consiste do Pai Eterno, um Ser pessoal, espiritual, onipotente, onipresente, onisciente, infinito em sabedoria e amor; o Senhor Jesus Cristo, o Filho do Eterno Pai, por meio de quem todas as coisas foram criadas e por meio de quem a salvação das hostes remidas será efetuada; o Espírito Santo, a terceira pessoa da Divindade, o grande poder regenerador na obra da redenção (Mt 28:19).

3. Jesus Cristo é Deus, sendo da mesma natureza e essência como o Eterno Pai.141

Este é a crença oficial da Igreja Adventista do Sétimo dia. O Anuário de 1962 repete esta declaração de fé basicamente na forma em que aparecera pela primeira vez em 1931.142

C A P Í T U L O XI

WASHBURN TENTA REVIVER A VELHA POSIÇÃO

Em 14 de outubro de 1939, W. W. Prescott pregou um sermão em na Igreja de Takoma Park sobre tema: “Aquele Que Vem.” Ele assumiu a posição que Jeová do Antigo Testamento é Jesus do Novo Testamento. Ele insistira que as três pessoas da Divindade não pode ser consideradas como personalidades distintas no mesmo sentido que os seres humanos porque há uma união misteriosa entre elas que é indissolúvel.143

WASHBURN SE OPÕE AO SERMÃO DE PRESCOTT

J. S. Washburn reagiu ao sermão de Prescott e produziu vinte páginas digitadas em resposta à posição trinitariana. A primeira seção consiste em uma tentativa polêmica de refutar o trinitarianismo, particularmente como representado no sermão de Prescott; a segunda seção compreende um ataque pessoal a Prescott. Washburn reagiu como um mártir por uma causa nobre. Ele descreve a doutrina da Trindade como “uma monstruosidade pagã cruel que remove de Jesus da verdadeira posição de Salvador e Mediador Divino.”144 Trinitarianismo é de origem pagã e é característico da teologia Romana. Na verdade, é “a obra-prima da coroação de Satanás com o falso cristianismo apóstata.145

SUA VISÃO DE CRISTO

A descrição de Washburn de Cristo era idêntica à de antigos escritores adventistas. Cristo fora trazido à existência, gerado do Pai. O Pai é Jeová e o Filho é Adonai.146 Ele acusa Prescott de ensinar que o Pai e o Filho são uma só pessoa. Suas ilustrações do absurdo dessa interpretação são praticamente idênticas àquelas usadas pelos primeiros escritores adventistas. Washburn vê a unidade entre o Pai e Cristo como inteiramente análoga àquela entre Cristo e Seus discípulos. Se Prescott estiver correto, então, diz Washburn, o Pai nascera da Virgem, e Ele fora pendurado na cruz e morrera. Obviamente, a base de sua ansiedade é o velho problema de J. H. Waggoner e outros que o divino em Cristo morreu, mas ele diz que o ensino trinitariano torna isso impossível. O sacrifício, então, não forma uma expiação adequada.147

ELE CONTRADIZ A SI MESMO

Washburn tenta explicar a declaração de Ellen G. White: “A Divindade não sucumbiu e morreu; isso teria sido impossível.”148 Ele cita Jó 34:12, 14, 15 e Sl 36:9 como evidencia de que, quando um homem morre, Deus simplesmente toma de volta a vida que Ele anteriormente dera. Bem como:

Quando Cristo fora gerado do Pai, Ele recebera a vida de Deus, Seu Pai. Quando Jesus morreu na cruz, ele disse: “Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito!” (ou a vida), e a vida de Deus retornara ao Pai, e por um tempo, três dias e três noites, essa vida estivera com o Pai de onde viera. Na ressurreição, essa vida de Deus é restaurada àquele que morrera (Sl 104:30). Mas, entre sua morte na tarde de sexta-feira, até domingo de manhã, o Filho de Deus estivera morto.149

Assim, Washburn reduz a vida de Cristo, o preexistente, o Cristo divino, ao nível da existência humana, derivada do Pai no mesmo sentido, devolvida no momento da morte e reconcedida na ressurreição, no mesmo sentido. Washburn continua, então, citando uma declaração do Espírito de Profecia que contradiz o argumento que ele acabara de apresentar. A declaração que ele cita é a seguinte:

Quando Ele fechou Seus olhos na morte na cruz, a alma de Jesus não fora de imediato ao Céu. . . . Tudo o que compreendia a vida e a inteligência de Jesus permanecera com Seu corpo no sepulcro. E quando Ele despertara, fora de forma completa Ele não teve que reivindicar Seu espírito do Céu.150

Washburn, confiantemente, afirmou: “Isso contradiz exatamente o ensino do Ancião Prescott.”151 Mas o que ele esquecera fora que isso contradiz exatamente J. S. Washburn. Ele acabara de dizer que “a vida de Deus retornara ao Pai. . .” Mas a Ellen G. White instrução, que ele citou como fonte de evidência, tem a vida de Jesus permanecendo no sepulcro.

O restante do ataque de Washburn ao trinitarianismo em geral, e, particularmente, ao sermão de Prescott, consiste em uma pilha de razões por que a Divindade não poderia ser uma pessoa. Assim como os primeiros adventistas arianos, Washburn está se opondo ao monarquianismo. Assim, ele expõe a sua má-compreensão do que os trinitarianos ensinam. Ele conclui: “A doutrina da Trindade como um todo é estranha a toda a Bíblia e aos ensinamentos do Espírito de Profecia. A revelação não fornece um único indício dela.”152

Assim morre o esplendor enfraquecido do antitrinitarianismo adventistas do sétimo dia!

C A P Í T U L O XII

UMA CONCLUSÃO QUESTIONÁVEL

Pouco tempo atrás, certos documentos atualizados, não assinados e mimeografados foram postos em circulação pela liderança adventistas do sétimo dia em resposta a algumas posições tomadas por M. L. Andreasen. O Documento 1 intitulado “A Visão Limitada de Uriah Smith da Expiação” declara: “Tanto Smith quanto Waggoner faziam parte de um grupo minoritário de arianos, ou antitrinitarianos, em relação a Divindade, que se segui a crise de 1844.”153 O Documento 2 intitulado “A Posição de J. H. Waggoner sobre A Expiação” declara:

No entanto, é essencial observar, primeiro, que os nossos pais fundadores saíram de contextos denominacionais diversificados. Muitos eram trinitarianos, enquanto alguns vieram da “Conexão Cristã” que militantemente ariana, ou antitrinitariana. Mas alguns desses poucos alcançaram posições de destaque entre nós. Tanto Smith quanto Waggoner sustentavam interpretações arianas. Ambos eram escritores e editores, e propagaram interpretações arianas em seus escritos.154

À luz da evidência apresentada neste documento, poderia justificadamente ser perguntado: onde está a prova de que no início da história primitiva dos Adventistas do Sétimo dia “muitos eram trinitarianos,” ou que os antitrinitarianos eram uma minoria? Quase todas as asserções sobre o tema publicadas na literatura adventista antes de 1898 eram arianas ou antitrinitarianas. O artigo de Spear foi uma notável exceção, mas era uma reimpressão de um artigo escrito por um escritor não adventista, e continha a doutrina da subordinação do Filho ao Pai que era bastante aceitável ao adventista antitrinitariano, mas bastante inaceitável, posteriormente, para o crente que aceitação a declaração de fé de 1931.

Como fora mostrado, havia antes de 1898 uma considerável diversidade de crenças sobre o tema da natureza de Deus. Bordeau, em 1890, lamentou isso. Mas o presente escritor tem sido incapaz de encontrar qualquer evidência de que “muitos eram trinitarianos” antes de 1898, nem encontrado qualquer declaração trinitária escrita antes dessa data, por um escritor adventista, a não ser Ellen G. White.

A afirmação citada do documento, “A Posição de J. H. Waggoner sobre A Expiação,” sugere fortemente que foram os poucos que vieram da “Conexão Cristã,” e que tiveram um papel “proeminente entre nós,” sendo esses considerados como responsável pela disseminação das interpretações arianas, ou antitrinitarianas, entre os adventistas;155 Smith e Waggoner são, então, citados como sustentando interpretações arianas. Mas não há evidências de que esses homens vieram da “Conexão Cristã” como declaração sugere. Como tem sido mostrado, Tiago White e José Bates vieram desta organização, mas não se sabe quem mais. Deve-se crer que todos os escritores adventistas examinados nesta tese, que apresentaram opiniões arianas, vieram da Conexão Cristã? É claro que não foi assim. A verdade é como afirmada pelo documento anteriormente citado: “os nossos pais fundadores saíram de contextos denominacionais diversificados.”156 Este fato, e o fato que muitos eram arianos, é suficiente para provar que a origem de alguns da “Conexão Cristã” não é uma explicação adequada do antitrinitarianismo aparecendo constantemente na literatura adventista.

Obviamente os escritores e os editores de qualquer organização eclesiástica serão um grupo minoritário. Assim eram eles na Igreja Adventista do Sétimo Dia. Mas este grupo minoritário apresentou, quase sem exceção, declarações antitrinitarianas em artigos e livros. Isso certamente não parece como uma evidência de que “muitos eram trinitarianos.” Se os trinitarianos eram tão numerosos, é estranho, de fato, que alguns deles não se expressaram por escrito. Alguns, por ventura, culpariam Uriah Smith de impedir isto. Por que, então, artigos trinitarianos não aparecem nos anos em que Tiago White era editor da Review and Herald? E que evidências existem de que Urias Smith exerceu tamanha influência que, por décadas, lhe permitira excluir da publicação, sob qualquer forma, as crenças trinitarianas da maioria dos adventistas?

C A P Í T U L O XIII

ELLEN G. WHITE, UMA MONOTEÍSTA TRINITARIANA

Os capítulos finais desta tese são dedicados a uma discussão relativamente breve sobre a posição de Ellen G. White em relação à natureza de Deus. O presente escritor não encontrou nenhuma evidência de que Ellen G. White escreveu ou se declarou oralmente em favor da posição ariana. Pelo contrário, todas as evidências que serão apresentadas aqui é de uma natureza distintamente trinitariana. Como ficará evidente, de longe, a grande maioria das declarações de Ellen G.White sobre o tema foram feitas nas últimas décadas do século 19 e nos primeiros anos do século 20. Demonstrou-se que houve uma evolução de pensamento geral entre os adventistas sobre a natureza de Deus. Isto tomou a forma de um repúdio gradual do arianismo e a aceitação do trinitarianismo Mas os escritos de Ellen G. White não revelam este tipo de evolução de pensamento. As declarações profundas em seu período posterior não contradizem em nada o que ela escreveu em seu período anterior. Em vez disso, eles revelam uma consciência crescente dos mistérios mais profundos da trindade.

Certas declarações de Ellen G. White, que contradizem claramente as posições de seus contemporâneos adventistas, foram escritas antes de 1898. Evidentemente, o significado dessas declarações não foi imediatamente apreciado, como é evidenciado pela apresentação contínua de interpretações contrárias em periódicos e livros denominacionais. As declarações de Ellen G. White sobre a natureza de Deus se tornaram mais abundantes, mais insistentes e crescentemente inequívocas conforme se encerrava o século 19.

Ele é o propósito do presente escritor apresentar, neste e nos dois capítulos seguintes, as interpretações de Ellen G. White sobre a natureza da Divindade; a natureza de Cristo em relação ao Pai, antes, durante e após a encarnação; e a natureza do Espírito Santo em relação a o Pai e ao Filho.

O MISTÉRIO DA DIVINDADE

Algumas das advertências mais fortes de Ellen G. White foram dadas em relação ao perigo de tentar presunçosamente entender os mistérios da Divindade. Ela escreveu:

Publiquem a verdade, não publiquem o erro. Não tente explicar no que diz respeito à personalidade de Deus. Vocês não podem dar qualquer outra explicação do que a Bíblia já tem dado. Teorias humanas em relação a Ele não servem para nada. Não poluam suas mentes estudando teorias enganosas do inimigo.157

Por outro lado, ela indicou que há certas verdades sobre a natureza de Deus reveladas na Bíblia que estão disponíveis àqueles que em espírito de oração buscam entendê-las:

A revelação que Deus oferece de Si mesmo em Sua Palavra é para ser estudada. Temos de procurar compreendê-la. Mas além disso, não vamos conseguir penetrar. A inteligência mais privilegiada pode se esforçar até o ponto de se perder em conjeturas a respeito da natureza de Deus; mas o esforço será inútil. Esse não é um problema cuja solução foi confiada a nós. Nenhuma mente humana pode compreender a Deus Ninguém deve alimentar a especulação a respeito da natureza divina. Nesse assunto, o silêncio é eloquência. O Onisciente está acima de qualquer discussão.158

Devemos, portanto, estar em um espírito de precaução humilde se quisermos tentar apresentar um pouco do que tem sido revelado sobre este tema misterioso.

UM SÓ DEUS

Ellen G. White era declaradamente uma monoteísta. Não há nenhuma indício em seus escritos que há três Deuses. A unidade completa entre o Pai, o Filho e o Espírito Santo é enfatizada em muitas declarações. Esta unidade é comparada à de Cristo com Seus discípulos, e João 17 é citado como evidência da validade da analogia. Mas a analogia é parcial e imperfeita.159 Os discípulos não eram divinos; Cristo sim. O relacionamento entre eles e Cristo é, portanto, apenas em certos aspectos semelhantes ao relacionamento entre o Pai e o Filho. Se o relacionamento entre Cristo e Seus discípulos eram em todos os aspectos semelhantes ao relacionamento entre o Pai e o Filho, não haveria nenhum mistério envolvido no relacionamento de Cristo com o Pai. Mas aqui está algo que é dito ser “infinitamente misterioso”:160

Há luz e glória na verdade de que Cristo era um com o Pai antes de terem sido lançados os fundamentos do mundo. Esta é a luz que brilhava em lugar escuro, fazendo-o resplender com a divina glória original. Esta verdade, infinitamente misteriosa em si, explica outros mistérios e verdades de outro modo inexplicáveis, ao mesmo tempo que se reveste de luz inacessível e incompreensível.161

Assim, a unidade entre o Pai e o Filho é declarada ser uma união misteriosa ainda não explicada aos mortais. O relacionamento entre Cristo e o Pai que não apresenta problemas reais para o trinitariano. Para ele, há três Deuses que estão unidos em propósito e são idênticos em caráter e em atributos, mas, no entanto, tão distintos como era Cristo de Seus discípulos. O que há de infinitamente misterioso sobre isso? Aqui é apenas uma outra das tentativas do homem de conceber a “luz inacessível e incompreensível.” Não é difícil entender o porquê os adventistas arianos repudiaram esta posição. Mas a resposta para isso, como será demonstrada, não se encontra na subordinação do Filho ao Pai ou a concepção de um tempo quando o Pai apenas existia.

Ellen G. White fala do Pai e do Filho como sendo de “uma mesma natureza.”162

Com que firmeza e poder que ele proferiu estas palavras. Os judeus nunca ouviram tais palavras de lábios humanos, e uma influência transformadora estava diante deles; pareceu pois que a divindade irrompeu da humanidade quando Jesus disse: “Eu e meu Pai somos um.” As palavras de Cristo estavam repletas de significado profundo quando Ele externou que Ele e o Pai eram de uma mesma natureza, possuindo os mesmos atributos. Os judeus entenderam o que Ele quis dizer, não havia razão pela qual eles não entenderiam, e ele pegaram pedras para apedrejá-lo.163

O triteísta, que limita a unidade entre Cristo e o Pai à unidade entre Cristo e Seus discípulos, é agora obrigado a explicar em que sentido ele pode ser verdade que Cristo e Seus discípulos são “de uma mesma natureza, possuindo os mesmos atributos.”164 Há qualquer evidência na Bíblia ou nos escritos de Ellen G. White sugerindo que o crente está possui agora, ou possuirá em algum momento no futuro, a “natureza” de Deus? O presente escritor não descobriu nenhuma.

Por outro lado, o adventista ariano é confrontado com a dificuldade que o supremo Deus inclui Cristo. A declaração diz que os judeus entenderam o que Ele quis dizer. E ele entenderam em outras ocasiões quando Ele afirmou ter união completa com o Pai. Por exemplo, Jesus afirmou ser o “Eu sou.”

Com solene dignidade Jesus respondeu: “Em verdade, em verdade eu vos digo: antes que Abraão existisse, EU SOU.” O nome de Deus, dado a Moisés para exprimir a ideia da presença eterna, fora reclamado como Seu pelo Rabi da Galileia. Declarara-Se Aquele que tem existência própria, Aquele que fora prometido a Israel, “cujas saídas são desde os tempos antigos, desde os dias da eternidade.”165

Então, Cristo como o “EU SOU” era “Aquele que tem existência própria.” Mas não é o Pai Aquele que tem existência própria? Claro. Então não está o ariano certo em responder que tal doutrina postula a existência de dois Deuses?166 Ellen G. White responde a esta pergunta afirmando bastante inequivocamente que o “EU SOU” é Um. Comentando sobre Ezequiel 1:4, 26; 10:8, ela diz:

Seres celestiais, sustidos e guiados pela mão que estava sob as asas dos querubins, impeliam aquelas rodas; acima delas, sobre o trono de safira, estava o Eterno; e em redor do trono um arco-íris — emblema da misericórdia divina.

A história que o grande Eu Sou assinalou em Sua Palavra, unindo-se cada elo aos demais na cadeia profética, desde a eternidade no passado até a eternidade no futuro, diz-nos onde nos achamos hoje, no prosseguimento dos séculos, e o que se poderá esperar no tempo vindouro.167

O tema da passagem inteira é a intervenção divina e o controlo nos assuntos dos homens. O “Eterno” é, claramente, o “EU SOU.” Mas por causa da afirmação de Cristo, o EU SOU inclui tanto Cristo quanto o Pai. Aquele que se assenta no trono é o Único Deus. Ezequiel e Ellen White eram monoteístas. Mas, aqui, é um único Deus que inclui tanto Cristo quanto o Pai. Aqui está uma misteriosa unidade que não pode ser explicada em termos arianos ou triteísticos..

O Deus que se revelou a Moisés foi o “Eterno.” Este Único era “A Deidade.”

Para o transgressor é coisa terrível cair às mãos do Deus vivo; mas Moisés esteve sozinho na presença do Eterno, e não ficou amedrontado; pois tinha a alma em harmonia com a vontade de seu Criador. . . .

A Divindade proclamou a respeito de Si: “Jeová, o Senhor, Deus misericordioso e piedoso. . . .168

Em outra parte, está claramente declarado que Cristo estava com o Pai no Sinai:

Quando eles [Israel] chegaram ao Sinai, Ele aproveitou a ocasião para refrigerar-lhes o espírito com relação a Suas reivindicações. Cristo e o Pai, lado a lado no monte, proclamaram com solene majestade os Dez Mandamentos.169

Portanto, o “Eterno” que se revelou no monte Sinai incluía tanto o Pai quanto Cristo. Moisés falou com um Deus, a Deidade. Tanto Cristo quanto o Pai estão incluídos nesse termo “o Eterno:”

Fora Cristo que falara a Israel por meio de Moisés. Houvessem eles ouvido a voz divina que falara por intermédio de seu grande guia, e a teriam reconhecido nos ensinos de Cristo. Houvessem crido em Moisés, e teriam acreditado nAquele de quem ele escrevera.

Jesus sabia que os sacerdotes e rabis estavam decididos a tirar-Lhe a vida; todavia, expôs-lhes claramente Sua unidade com o Pai, e Sua relação para com o Mundo.170

Os judeus teriam compreendido algo da unidade entre Cristo e o Pai se eles tivessem compreendido que fora Cristo que falara a Israel no Sinai.

Conforme citado anteriormente, Ellen G. White enfatizou que “A Divindade proclamou a respeito de Si” a Moisés.171 Naturalmente, a Deidade é a Divindade e a Sra. White explicou em outra parte o que ela entendia por Divindade.

O Pai é toda a plenitude da Divindade corporalmente, e invisível aos olhos mortais.

O Filho é toda a plenitude da Divindade manifestada. A Palavra de Deus declara que Ele é “a expressa imagem da Sua pessoa” (Hb 1:3). “Deus amou o mundo de tal maneira que deu o Seu Filho unigênito, para que todo aquele que nEle crê não pereça, mas tenha vida eterna” (Jo 3:16). Aí se manifesta a personalidade do Pai.

O Consolador que Cristo prometeu enviar depois de ascender ao Céu, é o Espírito em toda a plenitude da Divindade, tornando manifesto o poder da graça divina a todos quantos recebem e crêem em Cristo como um Salvador pessoal. Há três pessoas vivas pertencentes à Trindade celeste. em nome destes três grandes poderes —o Pai, o Filho e o Espírito Santo— os que recebem a Cristo por fé viva são batizados, e esses poderes cooperarão com os súditos obedientes do Céu em seus esforços para viver a nova vida em Cristo.172

Poder-se-ia perguntar ao ariano como Cristo poderia ser inferior ao Pai e ainda manifestar-se “em toda a plenitude da Divindade.” Claramente, nesta passagem, o Espírito Santo é Deus, pois a Trindade consiste do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Esta passagem também provê um dilema para os adventistas triteístas: se o Pai, Cristo e o Espírito Santo são, pois, cada um “a plenitude da divindade,” eles estão, então, de forma misteriosa, um no outro. Há uma união aqui que está além da compreensão humana e que transcende todas as analogias feitas pelo homem, uma união que permite, perfeita e precisamente, dizer que o nosso Deus é um único Deus.

O Deus da criação é um Deus de acordo com Ellen G. White: “A natureza testifica que Alguém infinito em poder, grande em bondade, misericórdia e amor, criou a Terra e a encheu de vida e alegria”173 Há muitas passagens das Escrituras e declarações nos escritos de Ellen G. White que esclarece amplamente que o Criador inclui o Pai, o Filho e o Espírito Santo. Ellen White escreveu: “Todas as coisas foram criadas pelo Filho de Deus.”174 Além disso, ela afirmou:

Quando vier aquele Espírito da verdade, Ele vos guiará em toda a verdade” (Jo 16:13). Exclusivamente pelo auxílio daquele Espírito que no princípio “Se movia sobre a face das águas” (Gn 1:2), pelo auxílio daquela Palavra pela qual “todas as coisas foram feitas” (Jo 1:3), e daquela “luz verdadeira, que alumia a todo homem que vem ao mundo” (Jo 1:9), pode o testemunho da ciência ser corretamente interpretado.175

Aqui, o Espírito Santo prometido por Cristo é identificado com o Espírito de Gênesis 1:3. Cristo e o Espírito Santo são, portanto, incluídos com o Pai no “infinito em poder” que “criou a terra.”

O Jeová do Antigo Testamento é Deus uno de acordo com Ellen G. White. “Jeová, o Ser eterno, existente por Si mesmo, incriado, sendo o originador e mantenedor de todas as coisas, é o único que tem direito a reverência e culto supremos.”176 Em outro lugar, ela escreveu: “Jeová é o nome dado a Cristo. ‘eis que Deus é a minha salvação,’ escreve o profeta Isaías; ‘confiarei e não temerei, porque o SENHOR Deus [Jeová] é a minha força e o meu cântico. . . .’”177 Portanto, Jeová, o único Deus do Antigo Testamento incluía Cristo. A misteriosa união entre o Pai e o Filho é tal que Ellen G. White se refere a Jesus como nosso Pai, de uma forma que lembra as palavras de Isaías 9:6. “Por mais que um pastor ame a suas ovelhas, ama ainda mais a seus próprios filhos e filhas. Jesus não é somente nosso pastor; é nosso ‘eterno Pai’ (Jo 10:14–15)”178

A conclusão que se chega com a evidência prologal é que Ellen G. White era, com certeza, monoteísta. Deus é um só Deus, o Pai, o Filho e o Espírito Santo.

TRÊS PERSONALIDADES DISTINTAS NA DEIDADE

Ellen G. White ensinava a unidade da Deidade, mas ela escreveu muitas declarações indicando que Deus consiste em três personalidades distintas. Como indicado anteriormente, para ela, Deus compreende o Pai, o Filho e o Espírito Santo, cada um sendo “a plenitude da Divindade.”179 A união entre eles é tal que é correto dizer que nosso Deus é um único Deus. Mas isso não destrói a personalidades distintas dos membros da Deidade.

Ao considerarmos a questão à luz das declarações de Ellen G. White sobre a unidade da Deidade, parece que ao termo “personalidade” deve ser dado uma conotação especial quando ele é usado em referência a um membro da Divindade. Não há união misteriosa entre personalidades humanas de modo que ele poderia ser dito três são um. Do ponto de vista da terminologia humana, um é um, três são três, e três, logicamente, nunca pode ser um. Mas em relação a Deidade, três personalidades compreendem um único Deus. Então, evidentemente, a distinção entre personalidades humanas não é, de modo algum, análoga entre as personalidades do Pai, do Filho e do Espírito Santo; caso contrário, a três compreenderiam três Deuses, e não um.

Assim como a total unidade da Divindade é um mistério, assim é a distinção entre as personalidades que a compreendem. Debater-se onde os anjos cobrem os seus rostos, e com um gesto dogmático, declara que a existência das três personalidades distintas iguais na Deidade postula a existência de três Deuses e é dar ao termo “personalidade” sua conotação puramente humana. Mas Deus é infinitamente superior às coisas humanas. Em referência a Ele, ao termo deve ser dado uma nova conotação. Qual deveria ser não está revelada. O uso de Ellen G. White nas passagens a serem citadas aqui é perfeitamente compreensível, já que ela foi obrigada a usar o que a linguagem a permitia para explicar os mistérios da natureza de Deus.

Segue-se uma breve série de citações que enfatizam que Deus é um Ser pessoal e que os números da Divindade são de personalidades distintas:

A poderosa força que opera em toda a natureza e a todas as coisas sustém, não é, como alguns homens de ciência pretendem, meramente um princípio que tudo invade, ou uma energia a atuar. Deus é espírito; não obstante é Ele um ser pessoal, visto que o homem foi feito à Sua imagem.180

Cristo é um com o Pai, mas Cristo e Deus são duas pessoas distintas.181

O Senhor Jesus Cristo, o divino Filho de Deus, existiu desde a eternidade, como pessoa distinta, mas um com o Pai.182

Há um Deus pessoal, o Pai; há um Cristo pessoal, o Filho.183

As Escrituras indicam claramente a relação entre Deus e Cristo, apresentando com igual clareza a personalidade e individualidade de cada um.184

A unidade que existe entre Cristo e Seus discípulos não anula a personalidade de nenhum. São um em desígnio, mente, em caráter, mas não em pessoa. É assim que Deus e Cristo são um.185

Cuidados devem ser tomados ao interpretar esta última passagem e ao interpretar João 17 no qual está baseada. À luz da evidência da seção anterior, somos levados a concluir que há similaridade na relação entre Cristo e o Pai e na relação entre Cristo e Seus discípulos. Mas há, também, grandes diferenças. Os anjos não caídos estão completamente unidos ao Pai e o Filho, mas eles não são divinos, nem são capazes de adentrar em todos os segredos de seu Governante.

Mesmo aos anjos não foi permitido compartilhar dos conselhos tomados entre o Pai e o Filho quando o plano da salvação foi estabelecido. Os seres humanos que tentam intrometer-se nos segredos do Altíssimo, demonstram sua ignorância quanto a assuntos espirituais e eternos186

Se a distinção entre Cristo e Seus discípulos e a união entre eles fossem inteiramente análogas à distinção e união entre Cristo e o Pai, então, não haveriam tais segredos divinos guardados crente humano. O partilhar da natureza divina por seres humanos seria, então, elevar-se ao nível da Deidade. Foi o esforço de Satanás para conseguir isso que precipitou o Grande conflito, e ele continua a perpetuar sua própria cobiça demoníaca degradando a concepção do homem de Cristo em relação ao Pai e a elevação da concepção do homem de si mesmo em relação a Cristo.

Mais será dito sobre o Espírito Santo no último capítulo onde o ensino geral de Ellen G. White sobre o assunto vai ser apresentado, mas basta dizer, aqui, que ela concebia o Espírito Santo como uma pessoa. “O Espírito Santo é uma pessoa, pois dá testemunho com o nosso espírito de que somos filhos de Deus.”187

A evidência deste capítulo pode ser sumarizada dizendo que Ellen G. White era, claramente, uma monoteísta que concebia o único Deus como tendo três personalidades distintas. Mas o estudante da Deidade é obrigado a admitir que tanto a unicidade de Deus e a distinção das personalidades são mistérios que a terminologia humana não podem definir.

C A P Í T U L O XIV

ELLEN G. WHITE SOBRE A DEIDADE ABSOLUTA DE CRISTO

Neste capítulo, o propósito do escritor é traçar um breve esboço dos ensinamentos de Ellen G. White sobre a preexistência e a Deidade de Cristo. A duas questões fundamentais a serem respondidas são: (1) apoiou Ellen G. White a interpretação dos adventistas arianos que houve um tempo em que Cristo não existia, e (2) concorda ela com o ensinamento deles que Cristo, como Deus, era, e é, subordinado ao Pai?

A PREEXISTÊNCIA ETERNA DE CRISTO

Ellen G. White declarou, categoricamente, diversas vezes, que nunca houve um tempo em que Cristo não existia. Ele não foi trazido à existência pelo Pai ou por um processo de criação ou de geração eterna. Ele sempre esteve com o Pai. Ele não teve um começo. A seguir estão apenas algumas das muitas passagens que poderiam ser citadas como prova de que este era a sua interpretação:

A vida de Cristo, porém, não era de empréstimo. Ninguém pode arrebatar-Lhe essa vida. “Eu de Mim mesmo a dou” (João 10: 18), disse Ele. NEle havia vida, original, não tomada por empréstimo, não derivada.188

É o Filho eterno, existente por Si mesmo .189

Mas ao mesmo tempo que a Palavra de Deus fala da humanidade de Cristo quando aqui na Terra, também fala ela positivamente em Sua preexistência. A Palavra existiu como ser divino, a saber, o eterno Filho de Deus, em união e unidade com Seu Pai.190

Cristo é o Filho de Deus, preexistente, existente por Si mesmo. . . . Falando de Sua preexistência, Cristo conduz a mente através de séculos incontáveis. Afirma-nos que nunca houve tempo em que Ele não estivesse em íntima comunhão com o eterno Deus.191

Cristo lhes mostra que, embora eles considerassem que Sua vida era de menos de cinquenta anos, todavia Sua existência divina não podia ser contada pelo cômputo humano. A vida de Cristo antes de Sua encarnação não se calcula por algarismos.192

Desde a eternidade é Cristo o Redentor do homem.193

Os adventistas arianos viram a posição trinitariana como destrutiva da verdade da expiação, mas, em 1898, Ellen G. White demonstrou que a própria interpretação deles produziam tal resultado infeliz. Ela escreveu:

Consentindo em tornar-Se homem, Cristo manifestou uma humildade que constitui a maravilha dos seres celestiais. O ato de consentir em Se tornar homem não seria humilhação, não fosse a exaltada preexistência de Cristo.194

Assim era a “exaltada preexistência de Cristo” que tornou a encarnação uma humilhação e qualificara Cristo a expiar pelo pecado humano. Os seres cuja existência era puramente derivada jamais poderiam pagar o preço da redenção humana.

CRISTO IGUAL AO PAI ANTES DA ENCARNAÇÃO

Há muitas declarações nos escritos de Ellen G. White que, efetivamente, contradizem qualquer sugestão de que, antes da encarnação, Cristo era, de alguma forma, subordinado ao Pai. Repetidamente, ela enfatizava que Cristo era igual ao Pai em poder, posição e autoridade, que, de fato, Ele era Deus no sentido mais elevado:

Cristo era, essencialmente e no mais alto sentido, Deus. Estava Ele com Deus desde toda a eternidade, Deus sobre todos, bendito para todo o sempre.195

Todavia, o Filho de Deus era o reconhecido Soberano do Céu, igual ao Pai em poder e autoridade.196

A fim de salvar o transgressor da lei de Deus, Cristo, que é igual com o Pai, veio viver o Céu diante dos homens, para que aprendessem o que significa ter o Céu no coração.197

O único meio pelo qual a raça caída poderia ser restaurada era mediante o dom de Seu Filho, igual com Ele mesmo, possuindo os atributos de Deus. Apesar de tão altamente exaltado, Cristo consentiu em assumir a natureza humana para que Ele pudesse operar em favor do homem e reconciliar a Deus os Seus súditos desleais.198

Alguns têm considerado esta igualdade com o Pai como tendo sido conferida a Cristo. Dele é dito ser uma autoridade delegada, portanto, Ele não é o Deus supremo no mesmo sentido como é o Pai. Isto, é claro, não pode ser verdade uma vez que “Cristo era, essencialmente e no mais alto sentido, Deus.”199 Mas aqueles que têm propagado esta interpretação encontram o que parece ser o apoio para ela em The Spirit of Prophecy [Espírito de Profecia], Volume 1:

O grande Criador convocou os exércitos celestiais para, na presença de todos os anjos, conferir honra especial a Seu Filho. O Filho estava assentado no trono com o Pai, e a multidão celestial de santos anjos reunida ao redor. O Pai então fez saber que, por Sua própria decisão, Cristo, Seu Filho, devia ser considerado igual a Ele, assim que em qualquer lugar que estivesse presente Seu Filho, isto valeria pela Sua própria presença. A palavra do Filho devia ser obedecida tão prontamente como a palavra do Pai. Seu Filho foi por Ele investido com autoridade para comandar os exércitos celestiais. Especialmente devia Seu Filho trabalhar em união com Ele na projetada criação da Terra e de cada ser vivente que devia existir sobre ela. O Filho levaria a cabo Sua vontade e Seus propósitos, mas nada faria por Si mesmo. A vontade do Pai seria realizada nEle.200

Seguiu-se, ali, uma considerável discussão entre os anjos apoiando Lúcifer e aqueles que apoiando Cristo. Os anjos leais procuraram convencer os infiéis da justiça de Deus:

Mostraram-lhe claramente que Jesus era o Filho de Deus, existindo com Ele antes que os anjos houvessem sido criados, e que sempre estivera à destra de Deus, sem que Sua terna e amorável autoridade jamais tivesse sido questionada; . . .201

Há duas interpretações para esta passagem inteira. Uma é a interpretação dos arianos que afirmam que o Pai conferira, a Cristo, autoridade e poder supremos iguais aos Seus. A outra é que a passagem se refere a um anúncio aos anjos de uma situação que existira desde os primórdios da eternidade. De acordo com esta última interpretação, Cristo sempre esteve em posição de completa igualdade com o Pai como o supremo Soberano do céu, mas por causa da deserção de Lúcifer, e devido às suas sutis insinuações, uma reiteração especial da posição exaltada de Cristo fora necessário. O próprio fato que os anjos leais afirmaram o status inalterado de Cristo como um argumento para aceitar o anúncio do Pai prova que o anúncio não fora a inauguração de algo novo, mas uma definição e uma declaração da posição que Cristo sempre susteve.

Que esta é a única interpretação consistente da passagem é efetivamente demonstrada por se referir a uma passagem paralela em Patriarcas e Profetas:

A exaltação do Filho de Deus à igualdade com o Pai, foi representada como sendo uma injustiça a Lúcifer, o qual, pretendia-se, tinha também direito à reverência e à honra. Se este príncipe dos anjos pudesse tão-somente alcançar a sua verdadeira e elevada posição, grande bem resultaria para todo o exército do Céu; pois era seu objetivo conseguir liberdade para todos. Agora, porém, mesmo a liberdade que eles até ali haviam desfrutado, tinha chegado a seu fim; pois lhes havia sido designado um Governador absoluto, e todos deveriam prestar homenagem à Sua autoridade. Tais foram os erros sutis que por meio dos ardis de Lúcifer estavam a propagar-se rapidamente nos lugares celestiais.

Não tinha havido mudança alguma na posição ou autoridade de Cristo. A inveja e falsa representação de Lúcifer, bem como sua pretensão à igualdade com Cristo, tornaram necessária uma declaração a respeito da verdadeira posição do Filho de Deus; mas esta havia sido a mesma desde o princípio.202

Esta passagem está em completa harmonia com a anterior. O Espírito de Profecia, Volume 1, fora publicado em 1870, e Patriarcas e Profetas em 1890, mas a interpretação da questão conforme apresentada em ambos é idêntica. A proclamação pelo Pai da posição do Filho fora uma reafirmação necessária de uma situação que nunca tivera sido de outra forma. Se Ellen G. White pretendesse dizer que Cristo fora elevado pelo Pai a Sua posição de igualdade, ele teria contradito outras afirmações dela no sentido que “Cristo era essencialmente Deus, e no mais elevado sentido. Estava Ele com Deus desde toda a eternidade, Deus sobre todos, bendito para todo o sempre. . . .”203

CRISTO IGUAL AO PAI DURANTE A ENCARNAÇÃO

Não há nenhum indício nos escritos de Ellen G. White de que quando Ele se revestiu da natureza humana, deixou de ser igual ao Pai. Pelo contrário, ela abundantemente testifica da completa igualdade de Cristo com o Pai em todas as fases de Sua existência terrena. Como um bebê na manjedoura Ele ainda era o poderoso Deus:

Quão imenso é o contraste entre a divindade de Cristo e a indefesa criancinha na manjedoura de Belém! Como entender a distância entre o poderoso Deus e a desajudada criança? Pois ainda assim o Criador dos mundos, Aquele em quem habitava a plenitude da divindade, manifestou-Se como indefeso bebê na manjedoura. Mais excelso que qualquer dos anjos, igual ao Pai em dignidade e glória, vestido agora do manto da humanidade! Divindade e humanidade combinaram-se misteriosamente, pois o homem e Deus tornaram-se um.204

Como uma criança, Cristo ainda era o poderoso Deus igual ao Pai:

Tal os opostos se encontram e estão revelados na pessoa de Cristo! O Deus poderoso, todavia uma criança desajudada! O Criador de todos os mundos, em um mundo de Sua criação, muitas vezes com fome, cansado e sem um lugar para encostar a Sua cabeça! O Filho do homem, entretanto infinitamente maior do que os anjos! Igual ao Pai, mesmo com Sua divindade revestida com a humanidade. . . . 205

Aos judeus, anunciou Cristo a Si mesmo como “Aquele que tem existência própria.”206 Ele “afirmou ter direitos iguais aos de Deus, ao fazer uma obra da mesma maneira sagrada, e do mesmo caráter daquela em que Se empenhava o Pai no Céu.”207 Cristo afirmou ser igual ao Pai e ter as prerrogativas da Deidade no mais alto sentido.208 A misteriosa unidade que existe entre Cristo e o Pai antes da encarnação foi mantida durante a vida do Salvador na terra. Deus ainda era um único Deus: “Desde a eternidade, esteve Cristo unido ao Pai, e quando assumiu a natureza humana, era ainda um com Deus. É Ele o elo que une a Deus a humanidade.”209 Cristo deixou os Céu durante Seu ministério terrestre, Ele cobriu Sua glória na humanidade, Ele escolheu não usar certos aspectos de Seu poder e conhecimento divinos, mas Ele era ainda o supremo Soberano do universo:

Mas apesar da glória divina de Cristo ter estado encoberta e ofuscada por um tempo por Sua humanidade revestida, ainda assim Ele não deixou de ser Deus quando se tornou homem. Os humanos não tomou o lugar do divino, nem o divino do humano. Este é o mistério da santidade. As duas expressões, “humana” e “divina”, eram, em Cristo tão íntimas e inseparáveis mesmo embora ela tivessem uma individualidade distinta. Embora Cristo humilhou-Se por encarnar, Ele ainda possuía Sua Divindade. Sua Deidade não poderia ser perdida enquanto Ele permanecesse fiel e verdadeiro a Sua lealdade. Cercado com tristeza, sofrimento e poluição moral, desprezado e rejeitado pelo povo a quem houvera sido confiado os oráculos do céu, Jesus poderia ainda falar de Si mesmo como o Filho do homem no céu.210

Que tema para pensar, refletir e contemplar! Tão infinitamente grande, Ele é a Majestade do Céu, todavia Ele humilhou-Se tanto sem perder uma única parte de Sua dignidade e de Sua glória!211

USOU CRISTO SEU PRÓPRIO PODER DIVINO DURANTE A ENCARNAÇÃO?

Ellen G. White postula como uma regra invariável que Cristo nunca operou milagres em Seu próprio favor. O poder divino não foi empregado para aliviar Seu próprio sofrimento, para suprir Suas próprias necessidades ou para vencer a tentação. Nesses aspectos, Cristo permaneceu como um homem inteiramente dependente de Seu Pai. Falando da tentação no deserto, Ellen G. White escreveu: “Nem aí, nem em qualquer ocasião, em Sua vida terrestre, operou ele um milagre em Seu favor.”212 Em referência a Sua vitória sobre a tentação, escreveu ela: “Ele venceu com a natureza humana, confiando em Deus pelo poder.”213

A questão surge se Cristo usou Seu próprio poder divino ao operar milagres pelos outros. Fora este milagre operando com Seu próprio poder ou fora-Lhe conferido pelo Pai que fora posteriormente conferido aos apóstolos? Ellen G. White escreveu:

O Redentor do mundo era igual a Deus. Sua autoridade era como a autoridade de Deus. Ele declarou que não tinha existência separada do Pai. A autoridade com que ele falava, e operava milagres, era expressamente a Sua, no entanto Ele nos assegura de que Ele e o Pai são um.214

Por outro lado, a seguinte declaração aparentemente contraditória aparece em O Desejado de Todas As Nações:

Em tudo quanto fazia, Cristo cooperava com o Pai. Tinha sempre o cuidado de tornar claro que não agia independentemente; era pela fé e a oração que Ele realizava Seus milagres.215

Esta última declaração apresentada no capítulo “Lázaro, Sai para Fora.” Este capítulo apresenta a ressurreição de Lázaro como a evidência mais convincente da divindade de Cristo. Por todo o capítulo, a impressão dada é que o poder de Cristo que se manifestara neste evento extraordinário não em sentido algum derivado, mas Seu próprio poder inerente como Deus, o Doador da vida. Maria e Marta, não estavam sozinhas em seu tempo de provação quando Lázaro estava doente e morreu. “Cristo testemunhou toda a cena e, depois da morte de Lázaro, Sua graça susteve as desoladas irmãs.”216 A autora prossegue:

Houvesse-o Ele restabelecido à saúde, e não se teria realizado o milagre que é a mais positiva prova de Seu caráter divino.

Se Cristo Se achara no quarto do doente, este não teria morrido; pois Satanás nenhum poder sobre ele exerceria. A morte não alvejaria a Lázaro com seu dardo, em presença do Doador da vida. Portanto, Cristo Se conservou distante.217

Este milagre intencionava ser a maior evidência para os judeus contemporâneos céticos da Deidade de Cristo:

Esse milagre, a coroa dos milagres do Salvador – a ressurreição de Lázaro – devia pôr o selo de Deus em Sua obra e em Sua reivindicação à divindade.218

O milagre que Cristo estava prestes a realizar, em ressuscitar a Lázaro dos mortos, representaria a ressurreição de todos os justos mortos. Por Suas palavras e obras, declarou-Se o Autor da ressurreição.219

Mas como pode tudo isto ser verdade a menos que o poder de Cristo que irrompeu para ressuscitar Lázaro fosse Seu próprio poder como Deus igual ao Pai? Como podemos conciliar a declaração de que foi pela fé e pela oração que Cristo realizou Seus milagres com a declaração aparentemente contraditória que “A autoridade com que ele falava, e operava milagres, era expressamente a Sua”?220

O Desejado de Todas As Nações nos oferece uma outra evidência do uso de Cristo de Seu próprio poder operador de milagres, não derivado. Por exemplo, o capítulo “Podes Tornar-me Limpo” lida com o perdão e a cura de Cristo ao paralítico que fora descido pelo telhado da casa. Ellen G. White fala da obra prévia efetuada pelo Salvador por este homem:

O Salvador contemplou o doloroso semblante, e viu os suplicantes olhos fixos nEle. Compreendeu; tinha atraído a Si aquele perplexo e duvidoso espírito. Enquanto o paralítico ainda se achava em casa, o Salvador infundira-lhe convicção na consciência. Quando se arrependera de seus pecados, e crera no poder de Jesus para o curar, as vitalizantes misericórdias do Salvador haviam começado a beneficiar-lhe o anelante coração. Jesus observara o primeiro lampejo de fé transformar-se em crença de que Ele era o único auxílio do pecador, e vira-o tornar-se mais e mais forte a cada novo esforço para chegar a Sua presença.

Agora, em palavras que soaram qual música aos ouvidos do enfermo, o Salvador disse: “Filho, tem bom ânimo; perdoados te são os teus pecados” (Mt 9:2).221

O poder manifestado aqui não de um homem qualquer derivado de Deus. Sob nenhuma circunstância pode um mero homem perdoar pecados. O Salvador usou Seu poder de cura nessa ocasião como evidência de Seu poder para perdoar pecados. Antes disso, ele havia exercido o Seu poder divino para trazer convicção ao coração dessa alma. Temos, aqui, Cristo usando Seu poder como a Deidade por um indivíduo perdido e fisicamente doente. O poder de cura que Cristo apresentou era o poder idêntico o qual usou na criação original do homem:

Nada menos que poder criador era necessário para restituir a saúde àquele decadente corpo. A mesma voz que comunicou vida ao homem criado do pó da terra, transmitiu-a ao moribundo paralítico.222

Por outro lado, O Desejado de Todas As Nações contém indicações de que alguns dos milagres de Cristo foram realizados pela fé e pela dependência em Seu Pai, em vez de pelo exercício de Sua própria autoridade como Deidade. Por exemplo, quando Ele acalmou a tempestade na Galileia, Ele disse não ter feito isso por meio do Seu próprio poder:

Quando Jesus foi despertado para enfrentar a tempestade, estava em perfeita paz. Nenhum indício de temor na fisionomia ou olhar, pois receio algum havia em Seu coração. Contudo, não era na posse da força onipotente que Ele descansava. Não era como o “Senhor da Terra, do mar e do Céu” que repousava em sossego. Esse poder, depusera-o Ele, e diz: “Eu não posso de Mim mesmo fazer coisa alguma” (Jo 5:30). Confiava no poder de Seu Pai. Foi pela fé —no amor e cuidado de Deus— que Jesus repousou, e o poder que impôs silêncio à tempestade, foi o poder de Deus.223

Em certa ocasião, vemos Cristo usando Seu poder criador, não derivado, para curar um paralítico moribundo. Em outra instância, o poder do Pai, disponível a Cristo por causa de Sua fé, foi a fonte do milagre. Qualquer que seja a conclusão, deve-se levar dois fatores em consideração. Primeiro, todos os milagres de Cristo foram realizados por meio de “fé e oração.” O texto em O Desejado de Todas As Nações afirmando isto é bem geral.224 Tem origem em um capítulo que narra a ressurreição de Lázaro, um milagre que acima de todos os outros era evidência do poder de Cristo como Deidade. Até mesmo este milagre fora, de certa maneira, realizado mediante “fé e oração.” Segundo, alguns dos milagres de Cristo resultaram do exercício do Seu próprio poder como Deus. Outros resultaram do exercício do poder do Pai em resposta a fé de Cristo.

O presente escritor conclui que uso de Cristo de Seu poder divino estivera sempre dentro do contexto de fé no Pai. Em alguns casos, o poder que Ele usou era Seu próprio poder, mas Ele aceitou as limitações do homem e impunha, portanto, a Si mesmo as limitações em relação à direção de seu uso. Como homem Ele fora um ser humano dependente. Em certas ocasiões, Ele exerceu o Seu próprio poder criador, esse que era Seu como Deus, que era “não emprestado e não derivado,” e que no princípio Ele usara na criação do mundo. A direção para o uso deste poder viera do Pai porque Cristo aceitara as limitações da humanidade. Porventura o fato de acalmar o mar ter sido o ato do Pai em resposta a fé de Cristo, em vez de um momento de exercício da própria autoridade de Cristo como Deidade, deve ser explicado pelo fato que o milagre era de alguma forma para o próprio bem deles, e, como assinalado anteriormente, Ele jamais realizou um milagre para o Seu próprio bem.

Em todos os eventos a evidência é esmagadoramente oposta a interpretação dos adventistas arianos que o divino em Cristo durante a encarnação fora uma divindade inferior inteiramente subordinada ao do Pai.

O QUE ACONTECEU A DEIDADE DE CRISTO QUANDO ELE MORREU?

Esta foi uma questão crucial para o adventista ariano. Ele rejeitava o trinitarianismo porque ensinava que o divino em Cristo não morreu, mas que ascendeu ao Pai quando o Cristo humano expirara na Cruz. O ariano via isso como um sacrifício humano inadequado. Ele acreditava que a Deidade morreu. Isto fora possível porque o divino em Cristo era uma divindade delegada inferior. Teria sido impossível para o Supremo Pai, afirmava o ariano, ter morrido desta maneira.

Ellen G. White enfatizou em diversas ocasiões que a Divindade não morreu:

A humanidade morreu; a divindade não morreu.225

A Divindade não sucumbiu sob a agonizante tortura do Calvário, contudo é verdade que “Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o Seu Filho unigênito, para que todo o que nEle crê não pereça, mas tenha a vida eterna” (Jo 3:16).226

Quando Cristo fora crucificado, fora Sua natureza humana que morreu. A Deidade não caiu e morreu; isso teria sido impossível.227

A divindade não morreu. A humanidade morreu, mas Cristo, agora, proclama sobre o sepulcro de José: “Eu sou a ressurreição e a vida.”228

É verdade que há certas declarações nos escritos de Ellen G. White que podem parecer ensinar o contrário. Por exemplo: “A natureza compadeceu-se dos sofrimentos de seu Autor. A terra arquejante, as rochas a fenderem-se, proclamaram que era o Filho de Deus que acabava de morrer.”229 Alguns poderiam interpretar isto significando que o divino em Cristo morreu. Desde que era a Deidade que era o Autor da natureza, era a Deidade que estava sofrendo e morrendo. A página seguinte da mesma obra refere-se ao “sacrifício feito pela Majestade do Céu em morrer em lugar do homem.”230 Anteriormente, na mesma obra, Ellen G. White escreveu: “O divino Filho de Deus estava desfalecente, moribundo.”231

Uma harmonização sugestiva da aparente contradição entre esses dois blocos de passagens seria que Cristo não morrera no sentido normal do termo. Sua vida não fora tirada dEle, pois Ele possui o divino em Si. Ele dera Sua vida voluntariamente.232 Portanto, Ele esteve real e absolutamente morto tanto em Sua natureza humana quanto divina, mas o ato de dar a Sua própria vida é para ser considerado como algo distinto da morte. Portanto, alguns poderiam sugerir, ainda é válido dizer que “a Divindade não morreu.”

O presente escritor se opõe a esta posição alegando que a Deidade é imortal e, portanto, não pode morrer em sentido algum. É impossível para um ser imortal entregar a vida. Imortalidade é não poder morrer. Argumentar que a Divindade não morreu mas esteve, de fato, morta, é envolver-se uma manipulação desnecessária da linguagem. Como Ellen G. White, era impossível para a Deidade morrer, indubitavelmente, então, ela quis dizer exatamente isso.

Cristo durante a encarnação foi um Deus-Homem. Ellen G. White se refere a Ele, muitas vezes, em seus escritos como o divino Filho de Deus, e como a Majestade do Céu. Esses termos são usados para se referir ao Deus-Homem. O elemento humano da natureza de Cristo não era divino e nunca tivera existido no céu. Mas desde que Cristo era Deus em carne humana, termos que, tecnicamente, se referem apenas à Sua natureza divina são usados para se referir ao Ser total, incluindo a Sua natureza humana. “Majestade do Céu” tecnicamente se refere ao divino, mas Ellen G. White o usa para se referir à totalidade de Sua existência, incluindo a humana. Não seria, por conseguinte, incorreto da parte de Ellen G. White usar os termos “divino Filho de Deus” e “Majestade do Céu” no sentido informal quando tratando da morte de Cristo. O próprio nome “Cristo”, quando usado para se referir a Sua existência terrena, envolve tanto o humano quanto o divino. Ela fala de Cristo estando faminto, sedento e cansado.233 Nesses casos, a ênfase, obviamente, está no aspecto humano de Sua natureza, o termo “Cristo” sendo usado no sentido de Ser total. Somente, então, quando ela fala da morte da “Majestade do Céu” parece que ela está usando o termo em um sentido informal, adaptado. Desde que em outras partes ela nega categoricamente a possibilidade da Deidade morrer, parece razoável concluir que quando ela fala da morte do “divino Filho de Deus,” ela está usando o termo geral que, nesse contexto em particular, refere-se especialmente à morte do humano em Cristo.

Ellen G. White explica, ao menos em parte, o que aconteceu com o elemento divino da natureza de Cristo quando Ele morreu no Calvário:

Quando Ele fechou os olhos na morte na Cruz, a alma de Cristo não fora de imediato para o céu, como muitos acreditam, ou como poderiam Suas palavras ser verdadeiras: “ainda não subi para meu Pai” (Jo 20:17). O Espírito de Jesus dormiu na tumba com o Seu corpo, e não alçou seu caminho ao Céu a fim de manter uma existência separada olhando abaixo os discípulos em prantos embalsamando o corpo o qual tinha ascendido. Tudo o que compreendia a vida e a inteligência de Jesus permanecera com Seu corpo no sepulcro. E quando Ele despertara, fora de forma completa Ele não teve que reivindicar Seu espírito do Céu.234

A condição precisa do aspecto divino da natureza de Cristo durante o breve período de Sua encarnação na tumba é, indubitavelmente, um dos mistérios mais profundos do Evangelho. Os arianos estavam certos em negar que o Cristo divino ascendera ao Céu quando o [Cristo] humano expirou na Cruz, mas eles estavam errados, de acordo com Ellen G. White, em postular a morte da Deidade.

Como evidência adicional, as circunstâncias da ressurreição podem ser citadas. Ellen G. White fala de Cristo como um prisioneiro na tumba. Somente o Pai poderia libertá-lO:

Aquele que morreu pelos pecados do mundo devia permanecer no sepulcro o tempo designado. Ficou naquela prisão de pedra como prisioneiro da justiça divina. Ele era responsável perante o Juiz do Universo. Ele era portador dos pecados do mundo, e somente Seu Pai O podia libertar.235

Fora o anjo que chamara Cristo em nome do Pai para despertá-lo da tumba.236 Fora “Espírito que ressuscitou a Jesus dentre os mortos.”237 Mas, não obstante, Jesus entregara “a vida que estava nEle”:

Quando foi ouvida no túmulo de Cristo a voz do poderoso anjo, dizendo: “Teu Pai Te chama,” Aquele que dissera: “Eu dou a minha vida para a reassumir” (Jo 10:17), “Destruí este santuário, e em três dias o reconstruirei” (Jo 2:17), saíra da cova para a vida que estava nEle. A divindade não morreu. A humanidade morreu, mas Cristo, agora, proclama sobre o sepulcro de José: “Eu sou a ressurreição e a vida.” Em Sua divindade, Cristo possuía o poder para romper os laços da morte.238

A passagem implica claramente que a entrega por parte de Cristo da “vida que estava nEle” fora em vista do fato que “a Divindade não morreu.”

Como, então, é respondida a oposição do adventista ariano de que o sacrifício era puramente humano e, portanto, não há expiação para o pecado humano? Qualquer resposta só pode ser provisória e parcial por aqui estamos investigando os mistérios profundos da expiação. Ellen G. White escreveu sobre o sofrimento intenso de Cristo em vista da separação de Seu Pai, resultante do pecado humano colocado sobre Ele. Duas vezes antes de Calvário Ele quase morreu como resultado da imputação da culpa humana e da consequente separação de Seu Pai. Essas duas ocasiões foram no deserto da tentação e no Getsêmani.239 Finalmente, esta separação quebrantara o coração do Filho de Deus:

Os pecados do mundo achavam-se sobre Ele, bem como o senso da ira de Seu Pai enquanto Ele padecia o castigo da lei transgredida. Estas coisas é que Lhe esmagavam o coração divino. Foi o ocultar-se o semblante do Pai — um senso de que o próprio e amado Pai O havia abandonado — que Lhe trouxe desespero.240

A separação causada pelo pecado entre Deus e o homem foi plenamente avaliada e vivamente sentida pelo inocente e sofredor Homem do Calvário. Isto envolvera uma separação temporária da unidade misteriosa que é Deus. Sobre a experiência do Getsêmani, Ellen G. White escreveu: “Ao sentir Cristo interrompida Sua unidade com o Pai, temia que, em Sua natureza humana, não fosse capaz de resistir ao vindouro conflito com os poderes das trevas.”241 Finalmente, a separação desta unidade divina quebrantara o coração do Filho de Deus:

Mas agora, com o terrível peso de culpas que carrega, não pode ver a face reconciliadora do Pai. O afastamento do semblante divino, do Salvador, nessa hora de suprema angústia, penetrou-Lhe o coração com uma dor que nunca poderá ser bem compreendida pelo homem. . . .

Foi o sentimento do pecado, trazendo a ira divina [do Pai] sobre Ele, como substituto do homem, que tão amargo tornou o cálice que sorveu, e quebrantou o coração do Filho de Deus.242

A separação do misterioso relacionamento divino entre o Pai e o Filho envolvera sofrimento muito maior do que a morte, sofrimento que todo o céu sabe ter sido uma provisão abundante por culpa da raça perdida.243 Que mero homem tem a temeridade de demandar a morte da Deidade imortal ao preço infinito pago pela redenção humana?

CRISTO IGUAL AO PAI APÓS A ENCARNAÇÃO

Os escritos de Ellen G. White não contêm nenhuma sugestão de que, desde a encarnação, a Cristo fora delegada uma posição subordinada nas cortes do Céu. Não há nenhum indício de que, como Deus, Ele abdicara-se eternamente de qualquer uma das prerrogativas de Deus quando Ele morrera pelos pecados do homem. Pelo contrário, em linguagem inconfundível, é dito que Cristo fora restaurado à Sua antiga posição no céu. Referindo-se a oração de Cristo, registrada em João 17:1-5, Ellen G. White escreveu:

Ele está orando a Seu Pai em relação a uma glória que possuía em Sua unicidade com Deus. Sua oração é a de um mediador; o favor que Ele suplicara é a manifestação dessa glória divina que Ele possuía quando era um com Deus. Que o véu seja removido, diz Ele, que Minha glória brilhe, a glória que eu tive junto de ti, antes que houvesse mundo.244

Esta oração pela restauração completa de Seu antigo status no Céu foi respondida:

Assim foi atendida a oração de Cristo. Ele foi glorificado com a glória que tinha com o Pai antes que houvesse mundo. . . .

As palavras não podem descrever a cena que ocorreu quando o Filho de Deus foi publicamente reintegrado no lugar de honra e glória que Ele deixou voluntariamente quando Se tornou homem.

E, hoje, Cristo, glorificado, e ainda assim nosso irmão, é nosso Advogado nas cortes do Céu.245

Há repetidas declarações nos escritos de Ellen G. White corroborando que a posição de Cristo, hoje, é de completa igualdade com o Pai e com a autoridade suprema no céu e na terra. Conforme referido anteriormente, a unicidade de Cristo com Pai fora quebrada por causa do pecado, mas esta unicidade fora inteiramente restaurada. Hoje, Cristo desfruta, precisamente, do mesmo relacionamento com o Pai que Ele tinha antes da encarnação:

Deus é o Pai de Cristo; Cristo é o Filho de Deus. A Cristo foi atribuída uma posição exaltada Foi feito igual ao Pai. Cristo participa de todos os desígnios de Deus.246

De conformidade com Sua promessa, Jesus enviara do Céu o Espírito Santo sobre Seus seguidores, em sinal de que Ele, como Sacerdote e Rei, recebera todo o poder no Céu e na Terra, tornando-Se o Ungido sobre Seu povo.247

Ellen G. White respondeu, efetivamente, a afirmação de Urias Smith que Cristo é o Alfa e o Ômega somente em sentido subordinado. Ela escreveu: “Cristo Jesus é o Alfa e o Ômega, o Gênesis do Antigo Testamento, e a revelação do Novo.” Comentando sobre Apocalipse 1:18–20, Ellen G. White proferiu:248

Essas são declarações maravilhosamente solenes e significativas. Foi o Manancial de toda misericórdia e perdão, paz e graça, o Autoexistente, o Eterno, o imutável que visitou Seu servo exilado na ilha que é chamada de Patmos.249

Naturalmente, esses versos em Apocalipse se referem obviamente a Cristo. Ele, então, é “o Autoexistente, o Eterno, o imutável.” Sendo assim, uma alteração em Seu status como Deus é absolutamente impossível.

CRISTO IGUAL AO PAI APÓS O FIM

Alguns adventistas arianos usaram 1 Coríntios 15:24–28 como evidência que, no fim, Cristo assume uma posição subordinada ao Pai. Infelizmente, Ellen G. White não fez nenhum comentário sobre o problema central da passagem, mas em nenhum lugar ela dá qualquer indício de que uma alteração no status do Filho será efetuada no fim do tempo. Por outro lado, ela diz muito sobre a posição exaltada que Cristo ocupará na conclusão do milênio:

Na presença dos habitantes da Terra e do Céu, reunidos, é efetuada a coroação final do Filho de Deus. E agora, investido de majestade e poder supremos, o Rei dos reis pronuncia a sentença sobre os rebeldes contra Seu governo, e executa justiça sobre aqueles que transgrediram Sua lei e oprimiram Seu povo.250

Não há a menor margem para dúvidas de que o Rei dos reis que, na conclusão do Milênio, é investido com majestade e poder supremos diante grupos de salvos e perdidos reunidos é Jesus Cristo, o Filho de Deus:

Como que extasiados, os ímpios contemplam a coroação do Filho de Deus. . . . Testemunham o irromper de admiração, transportes e adoração por parte dos salvos, e, ao propagar-se a onda de melodia sobre as multidões fora da cidade, todos, a uma, exclamam: “Grandes e maravilhosas são as Tuas obras, Senhor Deus todo-poderoso! Justos e verdadeiros são os Teus caminhos, ó Rei dos santos” (Ap 15:3); e, prostrando-se, adoram o Príncipe da vida.251

É chegada a hora em que Cristo ocupa a Sua devida posição, sendo glorificado acima dos principados e potestades, e sobre todo o nome que se nomeia.252

Em nenhuma parte dos escritos de Ellen G. White há qualquer sugestão de que Cristo adota uma posição subordinada ao Pai em qualquer tempo subsequente a Sua coroação.253

C A P Í T U L O XV

ELLEN G. WHITE SOBRE A PERSONALIDADE E DEIDADE DO ESPÍRITO SANTO

Ellen G. White afirma, repetidamente, que o Espírito Santo é uma Pessoa:

O Espírito Santo é uma pessoa, pois dá testemunho com o nosso espírito de que somos filhos de Deus. . . . 

O Espírito Santo tem personalidade, do contrário não poderia testificar ao nosso espírito e com nosso espírito que somos filhos de Deus. Deve ser também uma pessoa divina, do contrário não poderia perscrutar os segredos que jazem ocultos na mente de Deus.254

O Espírito Santo é apresentado nos escritos de Ellen G. White como Deus, não uma emanação inferior da Deidade, mas Deus em todo o sentido, assim como Cristo e o Pai:

O príncipe da potestade do mal só pode ser mantido em sujeição pelo poder de Deus na terceira pessoa da Trindade, o Espírito Santo.255

Ao pecado só se poderia resistir e vencer por meio da poderosa operação da terceira pessoa da Trindade, a qual viria, não com energia modificada, mas na plenitude do divino poder. É o Espírito que torna eficaz o que foi realizado pelo Redentor do mundo.256

O Espírito Santo não é tratado como um representante subordinado, uma ferramenta usada pelo Pai e pelo Filho. Assim como Cristo, o Espírito Santo é a “plenitude da Divindade:”

O Consolador que Cristo prometeu enviar depois de ascender ao Céu, é o Espírito em toda a plenitude da Divindade, tornando manifesto o poder da graça divina a todos quantos recebem e creem em Cristo como um Salvador pessoal. Há três pessoas vivas pertencentes à Trindade celeste. em nome destes três grandes poderes —o Pai, o Filho e o Espírito Santo— os que recebem a Cristo por fé viva são batizados, e esses poderes cooperarão com os súditos obedientes do Céu em seus esforços para viver a nova vida em Cristo.257

A alegação do adventista ariano de que o Espírito Santo é uma mera influência, não uma Pessoa, muito menos um membro da Deidade, está, portanto, em completa contradição com os escritos de Ellen G. White.

C A P Í T U L O XVI

SUMÁRIO

A evidência aqui apresentada indica que até 1898, a opinião dominante na Igreja Adventista do Sétimo Dia sobre a natureza de Deus era antitrinitariana. Tem sido mostrado que muitos escritores aderiram a essa posição. Aqueles escritores adventistas primitivos que se expressaram sobre o assunto concordavam em certas questões fundamentais. Cristo era consistentemente considerado como subordinado ao Pai e o Espírito Santo como uma mera influência.

Emboras todos os adventistas arianos intencionavam discordar do trinitarianismo, os argumentos que eles enfatizavam para se opor a Trindade variavam consideravelmente. Certos escritores, como Bates, Hull, Loughborough, Whitney, e Canright identificavam o trinitarianismo com monarquismo. Do modo como interpretavam, se Cristo fosse absolutamente Deidade, Ele, então, era o Pai. Uma vez que eles repudiavam esta posição, eles repudiavam o trinitarianismo. Por outro lado, os mesmos escritores viam o trinitarianismo como postulando a existência de três Deuses. Loughborough e Dennis assim interpretavam. Os arianos se opunham, então, a ambos os extremos: monarquianismo e triteísmo. Trinitarianismo, pensavam eles, pode ser identificado com um desses extremos, mas isso definitivamente não é verdade. Para eles, o arianismo fornecia uma posição intermediária satisfatória. Há um único Deus supremo, o Pai. Houve um tempo em que Cristo não existia, e o Espírito Santo não é uma pessoa.

Alguns escritores, particularmente, se opuseram ao Trinitarianismo porque aparentemente depreciava a eficácia da expiação. Hull, Smith, Canright e J. H. Waggoner estavam nesta categoria. Se Cristo fosse absolutamente Deus no mesmo sentido que o Pai Sua natureza divina, então, não poderia morrer. Sob essas circunstâncias, o sacrifício teria sido meramente humano. Em razão disto, eles consideravam como uma expiação inadequada pelos pecados do homem.

Alguns se opuseram a posições confessionais extremas que despojavam Deus de partes e forma corporais. Hull, Whitney e Canright articularam particularmente neste ponto. Por outro lado, é evidente que a oposição dos primeiros escritores adventistas ao trinitarianismo não era simplesmente uma reação a formas extremas da doutrina. Tanto Hull quanto Loughborough se opuseram às decisões de Niceia; e Whitney, ao se tornar um adventista do sétimo dia, repudiara, evidentemente, o ensino confessional da Igreja Congregacional de que há três pessoas em um Deus.

Tentativas foram feitas para demonstrar que os arianos entre os adventistas do sétimo dia eram poucos, mas influente minoria. Como indicado, Uriah Smith e J. H. Waggoner são, certas vezes, culpados pela existência do antitrinitarianismo na Igreja Adventista. A evidência sugere o contrário. Quatro escritores adventistas do sétimo dia se declaravam arianos antes da publicação, em 1985, de Ponderações Críticas e Práticas sobre O Livro de Apocalipse de Uriah Smith. Stephenson escrevera em 1854, Hull em 1859, Loughborough em 1861 e Whitney, em 1862. Embora Joseph Bates não escreveu sua biografia até 1868, nela, ele demonstra claramente que ele era ariano desde 1827. As interpretações de tais pioneiros influentes foram indubitavelmente influentes. Até mesmo a declaração extrema de Smith, em 1865, de que Cristo é um ser criado, encontra antecedentes em uma declaração similar feita por Stephenson em 1854. De igual maneira, as interpretações expressadas por J. H. Waggoner, em 1884, não eram, de modo algum, originais. Seu antitrinitarianismo e sua visão limitada da expiação foram compartilhadas por um grupo considerável de escritores que o precederam.

O artigo de Whitney prova que, em 1862, não era incomum para um novo converso ser induzido a crença ariana. Evidentemente, por volta de 1890, quando Bourdeau criticou a diversidade de opiniões prevalecentes sobre o assunto, a situação mudara de tal maneira que outras interpretações estavam sendo seriamente consideradas. A reimpressão do artigo de Spear assim indicava. Todavia essas outras interpretações não foram expressas por escritores adventistas, com exceção de Ellen G. White, até 1898. A declaração de Jones sobre o Espírito Santo em 1895 fora, na melhor das hipóteses, uma aproximação da interpretação trinitariana.

Por que, então, o arianismo foi a doutrina prevalecente até 1898? Como tem sido demonstrado, alguns dos pioneiros foram influenciados pela Conexão Cristã que se opunha ao trinitarianismo. Até que ponto, precisamente, o contexto religioso desses poucos influenciaram as posições de escritores posteriores é difícil de determinar. Os adventistas, oriundos de contextos denominacionais diversificados, rejeitavam muitas crenças importantes de suas comunhões anteriores. Parece que o trinitarianismo se tornara associado em seu imaginário a outras interpretações teológicas que eles pensavam ser antibíblicas e pagãs. A observância do domingo foi introduzida pelo papado, que é trinitariano. Não foram as decisões de Niceia e Calcedônia em grande parte o resultado da influência papal? E não fora um dogma papal fermentado por um erro pagão? Então, o que quer que a Bíblia ensine, não pode ser, em hipótese alguma, o trinitarianismo papal pagão. Razoavam, assim, os pioneiros da Igreja Adventista.

O que a Bíblia realmente ensina sobre o assunto, parece que não foi seriamente considerado nos anos prímevos do adventismo do sétimo dia. Logo após o desapontamento de 1844, os pais fundadores da Igreja estavam ocupados com o que eles cunharam como “verdade presente.” Naturalmente, a ênfase primária era na segunda vinda de Cristo. Uma vez que uma compreensão correta da purificação do santuário explicou o erro de 1844, a ênfase sobre o ensino bíblico do serviço do santuário tornou-se uma questão vital. A Bíblia foi estudada com novo entusiasmo e conforme novas crenças se desenvolviam, Ellen G. White as confirmava. Mas o tema da natureza de Deus não veio à tona. Este fato corroborado em razão dos poucos artigos sobre o tema na Review and Herald na segunda metade do século 19 em comparação com o enorme volume de material publicado sobre as doutrinas distintivas adventistas do sétimo dia. Sempre que um escritor adventista declarava-se sobre a natureza de Deus, a declaração era antitrinitariana.. Isto indica uma concepção prevalecente, mas não prova que esta interpretação era a crença estabelecida e uniforme da Igreja. Os adventistas do sétimo dia não tinham nenhum credo. É por isso que a crença prevalecente sobre a doutrina de Deus poderia mudar.

Parece que os primeiros escritores adventistas foram, de certo modo, pela reação arminiana, unitarista e socinianista do século 19 à teologia calvinística de certas proeminentes denominações protestantes. Trinitarianismo é um dogma do Calvinismo. Não queimara Calvino Servetus por suas declarações antitrinitarianas? Portanto, a reação arminiana, unitarista e socinianista ao predestinacionismo, e outros aspectos do calvinismo, tornaram-se associadas ao antitrinitarianismo. Teria sido estranho se os primeiros adventistas não tivessem sido influenciados de alguma forma por esse movimento. Eles rejeitavam o predestinacionismo e muitos deles vieram de comunhões calvinistas bem estabelecidas.

O que mudou a interpretação adventista do sétimo dia prevalecente de arianismo para o trinitarianismo? As evidências indicam que foram as publicações das declarações trinitarianas de Ellen G. White nas últimas décadas do século 19 que iniciaram a mudança. Parece que ela escreveu pouco antes do início dos anos 1890 que teria levado a um questionamento sério da interpretação ariana prevalecente. A maioria de suas declarações que apareceu antes de 1890 poderia ter sido interpretada como concordando com a doutrina ariana. Mas o início dos anos 1890 em diante, Ellen G. White produziu, abundantemente, declarações indubitavelmente trinitarianas. Ela não contradisse qualquer posição que ele outrora tomara. Ela O exaltou como eternamente preexistente, o filho que existe por Si, que, em cada estágio de Sua existência, era absolutamente igual a Deus. Quanto ao Espírito Santo, ela O descreveu como uma Pessoa em sentido tão real quanto Cristo e o Pai são Pessoas. Ela fala dEle como a Terceira Pessoa da Divindade. O inteiro teor do seu ensino sobre a natureza de Deus é a exaltação de Cristo e do Espírito Santo.

Por que as declarações de Ellen G. White sobre o tema apareceram, relativamente, tão tardiamente? Tivessem elas aparecido na fase inicial da história denominacional, elas poderiam ter sido a causa de uma considerável divisão. A Igreja necessitava estar firmemente estabelecida antes que tais temas difíceis e controversos pudessem ser introduzidos. Quando Ellen G. White escreveu sobre a natureza de Deus, era sua intenção não apenas responder o arianismo, mas, também, responder as concepções panteístas que estavam sendo propagadas por J. H. Kellogg. Mas esta ameça panteísta não se propagou tão seriamente até o final do século 19. Foi um perigo mais sério à estabilidade do movimento que se desenvolvia do que o arianismo. Os arianos não eram tão militantes, eles eram fiéis à denominação e, como provaram os eventos subsequentes, muitos deles estiveram bastante abertos à convicção sobre o assunto.

Sem dúvidas, os crescentes programas missionários da Igreja no século 19 destacaram a necessidade de uma cuidadosa declaração de fé. Se uma tentativa de corrigir o arianismo era precipitada no período mais antigo, teria sido ainda mais precipitada esperar até que esta doutrina fosse sustentada por milhares de adventistas do sétimo dia ao redor do mundo.

Por fim, deve-se ter em mente que os adventistas arianos nunca negaram a divindade de Cristo como Criador, Redentor e Mediador, tampouco subestimaram a importância do Espírito Santo na Igreja. Para ser justo com os pioneiros arianos do adventismo, deve-se dizer que eles foram grandes homens de Deus e honestos pesquisadores da verdade. Sem dúvidas, esta é uma razão pela qual a doutrina ariana foi sustentada por tanto tempo. Havia uma repetição fiel das interpretações de certos pais fundadores. O artigo de Washburn dá esta impressão. É característico de movimentos religiosos, dos quais o adventismo do sétimo dia é um exemplo, que por causa do calibre espiritual dos pioneiros, as interpretações desses homens são valorizadas. Esta é uma fonte de força e unidade, mas pode se tornar uma fonte de fraqueza, quando a Igreja se recusa a avançar com a crescente luz. A verdade não é estática, mas dinâmica, como a história do adventismo do sétimo dia amplamente testifica.

B I B L I O G R A FIA

 A. LIVROS E FOLHETOS EM GERAL

Bates, Joseph. The Autobiography of Elder Joseph Bates. Battle Creek, Michigan: Steam Press of the Seventh-day Adventist Publishing Association, 1868. Uma obra contendo uma declaração claramente antitrinitariana da parte de Bates.

Froom, L. E. The Prophetic Faith of Our Fathers. 4 vols. Washington, D. C.: Review and Herald, 1950–1954  Contém esboços úteis das vidas e das crenças dos pioneiros adventistas do sétimo dia.

Jones, A. T. The Consecrated Way to Christian Perfection. Mountain View, California: Pacific Press Publishing Company, 1905.  Enfatiza que a natureza humana de Cristo era idêntica a nossa natureza humana pecaminosa.

Seventh-day Adventists Answer Questions On Doctrine. Washington, D. C.: Review and Herald Publishing Association, 1957. Ela obra faz uma distinção clara entre o arianismo dos primeiros adventistas e as posições extremas tomadas pelos socinianos.

Smith, Uriah. Daniel and the Revelation. Nashville, Tenn.: Southern Publishing Association, 1941. Parte do arianismo excluído e parte retido.

_____. Daniel and the Revelation. Washington, D. C.: Review and Herald Publishing Association, 1944. Todos os ensinamentos arianos excluídos.

_____. Looking Unto Jesus. Battle Creek, Michigan: Review and Herald Publishing Company, 1898. Distintamente ariana em sua interpretação de Cristo.

_____. Thoughts Critical and Practical on the Book of Revelation. Battle Creek, Michigan: Steam Press of the Seventh-day Adventist Publishing Association, 1865. Um comentário sobre o livro de apocalipse, que apresenta Cristo como um ser criado.

_____. Thoughts on the Book of Daniel and the Revelation. [parcial]Battle Creek, Michigan: Review and Herald Publishing Company, 1882. Modifica a declaração de 1865 de forme que Cristo é considerado como trazido à existência, mas não criado.

A Bíblia Sagrada. Contendo o Antigo e o Novo Testamento. Authorized King James Version. London and New York: Collin’s Clear-Type Press, 1945.

Waggoner, E. J. Christ and His Righteousness. Oakland, California: Pacific Press Publishing Company, 1890. Considera Cristo como tendo sido trazido à existência nos primórdios da eternidade.

_____. The Glad Tidings. Oakland, California: Pacific Press Publishing Company, 1900.  Vê Cristo e o Pai como iguais, partilhando o mesmo trono.

_____. Confession of Faith. [s. p.], 1916. Apresenta a concepção de Waggoner de Cristo como eterno e a ‘imagem’ de Deus.

Waggoner, J. H. The Atonement. Oakland, California: Pacific Press, 1884.Fortemente ariano porque o trinitarianismo é visto como subversão à Expiação.

White, James. Christ in the Old Testament. Oakland, California: Pacific Press, 1877. Apresenta Cristo como o líder da Igreja do Antigo Testamento.

_____. Sketches of the Christian Life and Public Labors of William Miller. Battle Creek, Michigan: Steam Press of the Seventh-day Adventist Publishing Association, 1875. Uma obra relevante que indica as interpretações teológicas de Miller.

White, J. E. The Coming King. Battle Creek. Michigan: Review and Herald Publishing Company, 1898. Apresenta Cristo como igual ao Pai.

B. ARTIGOS PERIÓDICOS EM GERAL

Bollman, C. P. “The Spirit of God,” The Signs of the Times, XV (4 de novembro de 1889), p. 663. O Espírito é apresentado como o “poder” de Deus.

Bordeau, D. T. “We May Partake of the Fullness of the Father and the Son,” The Advent Review and Sabbath Herald, LXVII (18 de novembro de 1890), p. 707. Lamenta a diversidade de crença, entre os adventistas do sétimo dia sobre a natureza de Deus.

Canright, D. M. “Jesus Christ the Son of God,” The Advent Review and Sabbath Herald, III (18 de junho de 1867), p. 1. Apresenta a interpretação ariana de Cristo.

_____. “The Holy Spirit Not a Person but an Influence Proceeding from God,” The Signs of the Times, IV (25 de julho de 1878), p. 218. Descreve o Espírito Santo como uma influência e se opõe ao trinitarianismo.

_____. “The Personality of God,” The Advent Review and Sabbath Herald, LII (29 de agosto–19 de setembro de 1878), pp. 73, 81, 97. Apresenta forte oposição à posição trinitariana.

Cole, J. M. “The Everlasting Father,” The Advent Review and Sabbath Herald, CVI (31 de janeiro de 1929), p. 19. Fala de Cristo como o ‘Pai eterno.’

Dennis, A. J. “One God,” The Signs of the Times, V (22 de maio de 1879), p. 162. Considera o trinitarianismo uma impossibilidade.

Frisbie, J. B. “The Seventh Day-Sabbath Not Abolished,” The Advent Review and Sabbath Hera1d, V (7 de março de 1854), p. 50. Uma identificação do Deus do Sábado e do Deus do Domingo.

Goodrich, E. “No Spirit,” The Advent Review and Sabbath Herald, XIX (29 de janeiro de 1862), p. 66.  Enfatiza a existência e a importância do Espírito.

Haskell, S. N. “Christ in Holy flesh Or A Holy Christ in Sinful flesh,” The Advent Review and Sabbath Herald, LXXVII (2 de outubro de 1900), p. 634. Considera Cristo como igual ao Pai.

_____. “The Personality of God,” The Advent Review and Sabbath Herald LXXX (8 de outubro de 1903), p. 9. Enfatiza que Deus tem forma e personalidade distinta.

Hopkins, J. M. “Grieve Not the Spirit,” The Advent Review and Sabbath Herald, LX (3 de julho de 1883), p. 417. Descreve o Espírito Santo como uma influência.

Hull, D. W. “Bible Doctrine of Divinity,” The Advent Review and Sabbath Herald, XIV (10–17 de novembro de 1859), pp. 193, 201. Uma apresentação completa da posição antitrinitariana.

Jones, A. T. “Holy Spirit the Presence of Christ,” The General Conference Bulletin, I (25 de fevereiro de 1895), p. 329.  O Espírito Santo é retratado como a presença de Cristo.

_____. “The Faith of Jesus,” The Advent Review and Sabbath Herald, LXXVII (18–25 de dezembro de 1900), pp. 608, 824. Cristo é visto como sendo da mesma natureza que o Pai.

Loughborough, J. N. “Questions for Bro. Loughborough,” The Advent Review and Sabbath Herald, XVIII (5 de novembro de 1861), p. 184. Apresenta motivos contra o trinitarianismo.

_____. “The Spirit of God,” The Advent Review and Sabbath Herald, LXXV (20 de setembro de 1898), p. 600. Fala do Espírito como ‘a energia criativa de Deus.’

Morse, G. W. “How Many Eternal Thrones,” The Advent Review and Sabbath Herald, LXIII (12 de outubro de 1886), p. 634. Diz que o trono de Cristo estará na terra e o trono no céu, no fim do tempo.

_____. “The Great God,” The Advent Review and Sabbath Herald, LXIII (11 de maio de 1886), p. 299. Expressa uma distinção entre Cristo e o Grande Deus.

Robinson, A. T. “One God and One Mediator,” The Advent Review and Sabbath Herald, CVI (31 de outubro de 1929), p. 6. Apresenta o Pai como o Governante Supremo. Este artigo parece subordinar Cristo ao Pai.

Smith, Uriah. “In the Question Chair,” The Advent Review and Sabbath Herald, LXVII (28 de outubro de 1890), p. 664. Revela a interpretação de Smith de que o Espírito não é uma pessoa.

_____. “The Spirit of Prophecy in Relation to It,” The General Conference Bulletin, IV (18 de março de 1891), p. 146. Retrata o Espírito Santo como uma ‘emanação.’

_____. “In the Question Chair,” The Advent Review and Sabbath Herald, LXVIII (10 de novembro de 1891), p. 697. Explica a personificação do Espírito como uma figura de linguagem.

_____. “In the Question Chair,” The Advent Review and Sabbath Herald, LXIX (6 de setembro de 1892), p. 568. Declara que o Espírito Santo não é uma Pessoa.

_____. “In the Question Chair,” The Advent Review and Sabbath Herald, LXVIII (27 de outubro de 1896), p. 685. Explica que o Espírito Santo não é para ser adorado.

_____. “In the Question Chair,” The Advent Review and Sabbath Herald, LXXIV (23 de março de 1897), p. 188. Diz que o Espírito não é uma pessoa.

_____. “The Spirit of God,” The Advent Review and Sabbath Herald, XIII (17 de fevereiro de 1859), p. 100. Enfatiza a importância do Espírito Santo.

Spear, Samuel T. “The Bible Doctrine of the Trinity,” The Bible Student’s Library, No. 90 (Março de1892), pp. 3–14. (Uma reimpressão do New York Independent de 14 de novembro de 1889). Ostensivamente trinitariano, mas sujeita Cristo ao Pai.

Stephenson, J. M. “The Atonement,” The Advent Review and Sabbath Herald, VI (14 de novembro de 1854), p. 128. Revela a concepção de Stephenson da relação entre a natureza de Deus e a natureza da Expiação.

Swift, J. E. “Our Companion,” The Advent Review and Sabbath Herald, LX (3 de julho de 1883), p. 421. Trata sobre a obra do Espírito Santo.

Tenny, G. C. “The Comforter,” The Advent Review and Sabbath Herald, LX (30 de outubro de 1883), p. 673. Deixa a questão em aberto quanto a personalidade do Espírito Santo.

_____. “To Correspondents,” The Advent Review and Sabbath Herald. LXXIII (9 de junho de 1896), p. 362. Opõe-se à doutrina da Trindade, mas interpreta o Espírito Santo como mais do que uma emanação.

The King’s Messenger. “Blended Personalities,” The Advent Review and Sabbath Herald, LXXVII (3 de abril de 1900), p. 210. Seu ensino é claramente trinitariano.

_____. “The God-Man,” The Advent Review and Sabbath Herald, LXXV (20 de setembro de 1898), p. 598. O Espírito Santo é apresentado como uma Pessoa.

_____. “The Third Person,” The Advent Review and Sabbath Herald. (16 de janeiro de 1900), p. 35. Critica a negligência por parte da Igreja do Espírito Santo.

Underwood, R. A. “The Holy Spirit A Person,” The Advent Review and Sabbath Herald LXXV (17 de maio de 1898), p. 310. O autor reconhece que ele mudou sua interpretação, considerando, agora, o Espírito Santo como uma Pessoa da Divindade.

White, James. “Life Incidents,” The Advent Review and Sabbath Herald, XXXI (18 de fevereiro de 1868), p. 147. Um esboço interessante do início da vida e das convicções teológicas de White.

Whitney, S. B. “Both Sides,” The Advent Review and Sabbath Herald, XIX (4 de março de 1862), p. 109. Apresenta uma carta dos congregacionalistas e sua resposta revelando seu antitrinitarianismo.

Wilcox, F. M. “Christ Is Very God,” The Advent Review and Sabbath Herald, CVIII (29 de outubro de 1931), p. 3. Fortemente trinitariano em seu ensino.

Wilcox, M. C. “The Spirit–Impersonal and Personal,” The Signs of the Times, XXIV (18 de agosto de 1898), p. 518. O Espírito Santo traz a presença de Cristo, mas não é creditado com personalidade e Deidade separada.

_____. “The Divine Unity,” The Signs of the Times, XXIV (22 de dezembro de 1898), p. 816. Diz que Deus é o Pai e que Cristo é subordinado a Ele.

Williamson, T. R. “The Holy Spirit-Is It A Person?” The Advent Review and Sabbath Herald, LXVIII (13 de outubro de 1891), p. 627. Interpreta o Espírito Santo como uma influência.

C. LIVROS DE ELLEN G. WHITE

White, E. G. Counsels to Writers and Editors. Nashville, Tennessee: Southern Publishing Association, 1946. Exorta que a Igreja não deve tentar explicar a personalidade de Deus em suas obras publicadas.

_____. Educação. Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira. Contém algumas referências à Deidade.

_____. Evangelismo. Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira. Uma coleção de declarações de Ellen G. White; algumas as quais fazem referência à natureza de Deus.

_____. Fundamentos da Educação Cristã. Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira. Uma coleção das declarações de Ellen G. White com referências à educação cristã.

_____. Patriarcas e Profetas. Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira. Contém referências valiosas do Antigo Testamento a Deus.

_____. Mensagens Escolhidas. 2 livros, Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira. Uma coleção de materiais anteriormente não publicados, incluindo muito sobre a natureza de Cristo.

_____. Testemunhos para A Igreja. 9 vols. Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 1855–1909. Contém instruções inestimáveis para a Igreja, incluindo declarações sobre muitas questões doutrinárias.

_____. Atos dos Apóstolos. Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira. O registro da propagação do Cristianismo de Jerusalém para Roma. Contém certas declarações sobre a natureza de Deus.

_____. O Desejado de Todas As Nações. Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira. Uma obra de arte como uma representação de Cristo durante a encarnação.

_____. O Grande Conflito. Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira. Uma apresentação detalhada da interpretação adventista do sétimo dia da história.

_____. A Ciência do Bom Viver. Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira. Contém diversas declarações indubitáveis sobre a natureza de Deus.

_____. The Spirit of Prophecy. 4 vols. Battle Creek, Michigan: Steam Press of the Seventh-day Adventist Publishing Association, 1870–1884. Uma referência preciosa da opinião oficial da IASD sobre a natureza de Deus e a expiação.

D. ARTIGOS PERIÓDICOS DE ELLEN G. WHITE

White, E. G. “After the Crucifixion,” The Youth’s Instructor, XLIX (25 de abril de 1901), p. 130.  Cristo venceu a tentação confiando no Pai.

_____. “Beware of Imitations,” The Youth’s Instructor, XLIII (7 de fevereiro de 1895), p. 144.  Declara que fora o Espírito que ressuscitou Jesus dentre os mortos.

_____. “Child Life of Jesus,” The Signs of the Times, XXII (30 de julho de 1896), p. 5.  O bebê da manjedoura era poderoso Deus.

_____. “Christ Glorified,” The Signs of the Times, XXV (10 de maio de 1899), p. 2.  Cristo não cessou de ser a Deidade quando Ele se tornou homem.

_____. “Christ Revealed the Father,” The Advent Review and Sabbath Herald, LXVII (7 de janeiro de 1890), p. 1. A autoridade pela qual Cristo operou milagres era Sua própria autoridade.

_____. “God Manifest in the Flesh,” The Signs of the Times, XXXI (26 de abril de 1905), p. 8. Fala da criança, Cristo, como o poderoso Deus.

_____. “Imperative Necessity of Searching for Truth,” The Advent Review and Sabbath Herald, LXIX (8 de novembro de 1892), p. 690. Natureza de Cristo igual ao Pai.

_____. “Tempted in All Points Like As We Are,” The Signs of the Times, XXIV (9 de junho de 1898), p. 2. Ao tornar-se homem, Cristo não perdera Sua dignidade e Sua glória.

_____. “The Revelation of God,” The Advent Review and Sabbath Herald, LXXV (8 de novembro de 1898), p. 709. Apresenta o Pai e Cristo como Seres pessoais.

_____. “The True Sheep Respond to the Voice of the Shepherd,” The Signs of the Times, XX (27 de novembro de 1893), p. 54. Fala do Pai e do Filho como tendo a mesma natureza.

_____. “The Word Made Flesh,” The Signs of the Times, XXV (3 de maio de 1899), p. 2. Identifica Jeová com Cristo.

_____. “The Word Made Flesh,” The Advent Review and Sabbath Herald, LXXXIII (5 de abril de 1906), p. 8. Apresenta a unidade entre o Pai e Cristo como um mistério infinito.

_____. “The Work in Washington,” The Advent Review and Sabbath Herald, LXXXII (1 de junho de 1905), p. 13. Apresenta Cristo e o Pai como um, mas personagens distintas.

E. ARTIGOS DE ENCICLOPÉDIA

Himes, Joshua V. “Christian Connection,” Encyclopedia of Religious Knowledge, e. T. Newton Brown, p. 362. Boston: Shattuck and Co., 1835.

F. ANUÁRIOS

Seventh-day Adventist Yearbook. Battle Creek, Michigan: Review and Herald Publishing Company, 1889. Contém uma declaração de fé ambígua sobre a natureza de Deus.

Seventh-day Adventist Yearbook. Washington, D. C.: Review and Herald Publishing Association, 1931. Contém a primeira declaração de fé trinitariana em um Anuário Adventista.

Seventh-day Adventist Yearbook. Washington, D. C.: Review and Herald Publishing Association, 1962. Contém uma declaração trinitariana praticamente idêntica à declaração de 1931.

G. COMENTÁRIOS

Nichol, Francis D. (e.). The Seventh-day Adventist Bible Commentary. 7 vols. Washington, D.C.: Review and Herald Publishing Association, 1953–1957. Uma obra de valor incalculável contendo materiais úteis e inéditos de Ellen G. White.

H. MATERIAIS NÃO PUBLICADOS

J. H. Waggoner’s Position on the Atonement.” Documento fornecido por L. E. Froom, Conferência Geral dos Adventistas do Sétimo dia, [s.p., s.d.] (Mimeografado). Considera o arianismo de Waggoner e Smith com pertencente a um grupo minoritário de adventistas primitivos.

Taylor, C. M. “The Personality of the Holy Spirit.” Dissertação não publicada de Mestrado, James White Memorial Library, Andrews University, 1953. Um esboço parcial da mudança de concepção entre os adventistas do sétimo dia sobre a natureza do Espírito Santo.

Uriah Smith’s Restricted View of the Atonement.” Documento fornecido por L. E. Froom, Conferência Geral dos Adventistas do Sétimo dia, [s.p., s.d.] (Mimeografado). Fala dos arianos dentre os adventistas como um grupo minoritário após 1844.

Washburn, J. S. “The Trinity.” Documento armazenado no Gabinete do Reitor, Andrews University, Theological Seminary, [s.p., s.d.] (Mimeografado). Uma resposta a um sermão trinitariano feito por W. W. Prescott, escrito em estilo polêmico.


Notas:

1 James White, Sketches of the Christian Life and Public Labors of William Miller (Battle Creek, Mich.: Steam Press of the Seventh-day Adventist Publishing Association, 1875), p. 59.

2 Joshua V. Himes, “Christian Connection,” Encyclopedia of Religious Knowledge, e. T. Newton Brown (Boston: Shattuck & Co., 1835), p. 362.

3 Ibid., pp. 362, 363.

4 Ibid., p. 363.

5 Ibid.

6 Ibid.

7 Ibid.

8 Seventh-day Adventists Answer Questions on Doctrine (Washington, D. C.: Review and Herald Publishing Association, 1957), p. 47.

9 Joseph Bates, The Autobiography of Elder Joseph Bates (Battle Creek, Mich.: Steam Press of the Seventh-day Adventist Publishing Association, 1868).

10 Ibid., p. 204.

11 Ibid.

12 Ibid.

13 Ibid., p. 205.

14 L. E. Froom, The Prophetic Faith of Our Fathers (Washington, D. C.: Review and Herald Publishing Association, 1954), IV, p. 954.

15 James White, Sketches of the Christian Life and Public Labors of William Miller (Battle Creek, Mich.: Steam Press of the Seventh-day Adventist Publishing Association, 1875), p. 59.

16 James White, “Life Incidents,” The Advent Review and Sabbath Herald, XXXI (18 de fevereiro de 1868), p. 147. (Daqui em diante chamada de Review and Herald).

17 Ibid., p. 146.

18 Ibid. A Igreja Cristã a que se refere é geralmente entendida como tendo sido a Conexão Cristã. Ver L. E. Froom, The Prophetic Faith of Our Fathers (Washington, D. C.: Review and Herald Publishing Association, 1954), IV, p. 1057.

19 James White, “Life Incidents,” Review and Herald, XXXI (18 de fevereiro de 1868), p. 147.

20 A. J. Dennis, “One God,” The Signs of the Times, V (22 de maio de 1879), p. 162.

21 James White, Christ in the Old Testament (Oakland, Cal.: Pacific Press Publishing Association, 1877), p. 11.

22 C. M. Taylor, “The Personality of the Holy Spirit,” (Dissertação não publicada de Mestrado, James White Memorial Library, Andrews University, 1953), pp. 7, 8.

23 J. M. Stephenson, “The Atonement,” Review and Herald, VI (14 de novembro de 1854), p. 128.

24 Ibid.

25 Ibid., p. 131.

26 Ibid.

27 Ibid., p. 133.

28 J. B. Frisbie, “The Seventh day-Sabbath [sic] Not Abolished,” Review and Herald, V (7 de março de 1854), p. 50.

29 Ibid.

30 D. W. Hull, “Bible Doctrine of Divinity,” Review and Herald (10 de novembro de 1859), p. 93.

31 Ibid.

32 Ibid.

33 Ibid.

34 Ibid., p. 194.

35 D. W. Hull, “Bible Doctrine of the Divinity of Christ,” Review and Herald, XIV (17 de novembro de 1859), p. 201.

36 Ibid.

37 Uriah Smith, “The Spirit of God,” Review and Herald, XIII (17 de fevereiro de 1859), 100.

38 Ibid.

39 Uriah Smith, “In the Question Chair,” Review and Herald, LXVII (28 de outubro de 1890), p. 664.

40 Ibid.

41 Atos 2:3–4.

42 Apocalipse 1:4; 3:1; 4:5; 5:6.

43 Uriah Smith, “The Spirit of Prophecy and Our Relation To It,” The General Conference Bulletin, IV (18 de março de 1891), p. 146.

44 Ibid.

45 Uriah Smith, “In the Question Chair,” Review and Herald, LXVIII (10 de novembro de 1891), p. 697.

46 Ibid., LXIX (6 de setembro de 1892), p. 568.

47 Ibid., LXXIII (27 de outubro de 1896), p. 685.

48 Ibid.

49 Ibid., LXXIV (23 de Março de 1897), p. 188.

50 Uriah Smith, Thoughts Critical and Practical on the Book of Revelation (Battle Creek, Mich.: Steam Press of the Seventh-day Adventist Publishing Association, 1865), p. 59.

51 Uriah Smith, Thoughts on the Book of Daniel and the Revelation (Battle Creek, Mich.: Review and Herald Publishing Association, 1882), p. 487.

52 Ibid., 1899, p. 371.

53 Uriah Smith, Daniel and the Revelation (Nashville, Tenn.: Southern Publishing Association, 1941), p. 400.

54 “Fundamental Beliefs of Seventh-day Adventists,” Seventh-day Adventist Yearbook, (Washington, D. C.: Review and Herald Publishing Association, 1931), p. 377.

55 Uriah Smith, op. cit., (Washington, D. C.: Review and Herald Publishing Association, 1944), p. 391.

56 Uriah Smith, Thoughts Critical and Practical on the Book of Daniel and the Revelation (Battle Creek, Mich.: Review and Herald Publishing Association, 1882), p. 430.

57 Ibid., p. 431.

58 Ibid., p. 817.

59 Uriah Smith, Looking Unto Jesus, (Battle Creek, Mich.: Review and Herald Publishing Company, 1898), p. 10.

60 Ibid., p. 13.

61 Ibid., p. 23.

62 J. N. Loughborough, “Questions for Bro. Loughborough,” Review and Herald, XVIII (5 de novembro de 1861), p. 184.

63 Ibid.

64 J. N. Loughborough, “Questions for Bro. Loughborough,” Review and Herald, XVIII (5 de novembro de 1861), p. 184.

65 Ibid.

66 J. N. Loughborough, “The Spirit of God, ” Review and Herald, LXXV (20 de setembro de 1898), p. 600.

67 E. Goodrich, “No Spirit,” Review and Herald, XIX (28 de janeiro de 1862), p. 68.

68 Ibid.

69 cf. ante., p. 18.

70 S. B. Whitney, “Both Sides,” Review and Herald, XIX (4 de março de 1862), p. 109.

71 Ibid.

72 Ibid.

73 Ibid., p. 110.

74 Ibid., p. 109.

75 D. M. Canright, “Jesus Christ the Son of God,” Review and Herald, III (18 de junho de 1867), p. 1.

76 Ibid.

77 D. M. Canright, “The Personality of God,” Review and Herald, III (29 de agosto de 1878), p. 73.

78 Ibid., 5 de Setembro de 1878, p.81.

79 Ibid., 5 de Setembro de 1878, p. 97.

80 Ibid.

81 D. M. Canright, “The Holy Spirit not a Person, but an Influence Proceeding from God,” The Signs of the Times, IV (25 de julho de 1878), p. 218.

82 Ibid.

83 A. J. Dennis, “One God,” The Signs of the Times, V (22 de maio de 1879), p. 162.

84 Ibid.

85 J. M. Hopkins, “Grieve Not The Spirit,” Review and Herald, LX (3 de julho de 1883), p. 417.

86 J. E. Swift, “Our Companion,” Review and Herald, LX (3 de julho de 1883), p. 421.

87 G. C. Tenny, “The Comforter,” Review and Herald, LX (30 de outubro de 1883), p. 673.

88 G. C. Tenny, “To Correspondents,” Review and Herald, LXXIII (9 de junho de 1896), p. 362.

89 Ibid.

90 Ibid.

91 J. H. Waggoner, The Atonement (Oakland, Cal.: Pacific Press, 1884), p. 174.

92 Ibid., p.176.

93 Ibid., p. 153.

94 G. W. Morse, “How Many Eternal Thrones,” Review and Herald LXIII (12 de outubro de 1886), p. 634.

95 G. W. Morse, “The Great God,” Review and Herald, LXIII (11 de maio de 1886), p. 299.

96 C. P. Bollman, “The Spirit of God,” The Signs of the Times, XV (4 de novembro de 1889), p. 663.

97 Ibid.

98 “Fundamental Principles of Seventh-day Adventists,” Seventh-day Adventist Yearbook (Battle Creek, Mich.: Review and Herald Publishing Company, 1889), p. 147.

99 E. J. Waggoner, Christ and His Righteousness (Oakland, Cal.: Pacific Press Publishing Co., 1890), p. 9; cp. 19, 21, 22.

100 Ibid., p. 12.

101 E. J. Waggoner, The Glad Tidings (Oakland, Cal.: Pacific Press Publishing Co., 1900), p. 13.

102 Uriah Smith, Looking Unto Jesus, (Battle Creek, Mich.: Review and Herald Publishing Company, 1898), p. 11.

103 E. J. Waggoner, Confession of Faith ([s.d.], 1916), p. 8.

104 cf. ante., p. 42.

105 D. T. Bordeau, “We May Partake of the Fullness of the Father and the Son,” Review and Herald, LXVII (18 de novembro de 1890), p. 707.

106 T. R. Williamson, “The Holy Spirit—Is It a Person?” Review and Herald, LXVIII (13 de outubro de 1891), p. 627.

107 Ibid.

108 Ibid.

109 Samuel T. Spear, “The Bible Doctrine of the Trinity,” The Bible Students’ Library, No. 90, (Março de 1892), pp. 3–14. (Uma reimpressão do New York Independent de 14 de novembro de 1889).

110 Ibid., p. 9.

111 Ibid., p. 3.

112 Ibid., p. 7.

113 Ibid.

114 Ibid., p. 8.

115 Ibid., pp. 11,12.

116 A. T. Jones, “Holy Spirit the Presence of Christ,” The General Conference Bulletin, I (25 de fevereiro de 1895), p. 329.

117 Ibid.

118 A. T. Jones (e.), “The Faith of Jesus,” Review and Herald, LXXVII (18 de dezembro de 1900), p. 808.

119 A. T. Jones, The Consecrated Way to Christian Perfection (Mountain View, Cal.: Pacific Press Publishing Co., 1905), p. 129.

120 A. T. Jones (e.), “The Faith of Jesus,” Review and Herald, LXXVII (25 de dezembro de 1900), p. 824.

121 M. C. Wilcox, “The Spirit—Impersonal and Personal,” The Signs of the Times, XXIV (18 de agosto de 1898), p. 518.

122 Ibid.

123 M. C. Wilcox, “The Divine Unity,” The Signs of the Times, XXIV (22 de dezembro de 1898), p. 816.

124 Ibid.

125 Ellen G. White, O Desejado de Todas As Nações, p. 671.

126 The King’s Messenger, “The God-man,” Review and Herald, LXXV (20 de setembro de 1898), p. 598.

127 The King’s Messenger, “The Third Person,” Review and Herald, LXXVII (16 de janeiro de 1900), p. 35.

128 The King’s Messenger, “Blended Personalities,” Review and Herald, LXXVII (3 de abril de 1900), p. 210.

129 Ibid.

130 Ibid.

131 J. E. White, The Coming King (Battle Creek, Mich.: Review and Herald Publishing Co., 1898), p. 15.

132 R. A. Underwood, “The Holy Spirit a Person,” Review and Herald, LXXV (17 de Maio de 1898), p. 310.

133 Ibid.

134 S. N. Haskell, “Christ in Holy Flesh, Or a Holy Christ in Sinful Flesh,” Review and Herald, LXXVII (2 de outubro de 1900), p. 634.

135 S. N. Haskell, “The Personality of God,” Review and Herald, LXXX (8 de outubro de 1903), p. 9.

136 J. M. Cole, “The Everlasting Father,” Review and Herald, CVI (31 de janeiro, 1929), p. 19.

137 A. T. Robinson, “One God and One Mediator,” Review and Herald, CVI (31 de outubro de 1929), p. 6.

138 Ibid.

139 F. M. Wilcox, “Christ Is Very God,” Review and Herald, CVIII (29 de outubro de 1931), p. 3.

140 Ibid.

141 “Fundamental Beliefs of Seventh-day Adventists,” Seventh-day Adventist Yearbook, (Washington, D. C.: Review and Herald Publishing Association, 1931), p. 377.

142 Ibid., 1962, p. 5.

143 J. S. Washburn, “The Trinity,” (Documento armazenado no Gabinete do Reitor, Andrews University, Theological Seminary, [s.p., s.d.]), p. 2. (Mimeografado).

144 Ibid., p. 1.

145 Ibid.

146 Ibid., p.2.

147 Ibid., p.5.

148 Ellen G. White, Letter 280, 1904, The Seventh-day Adventist Bible Commentary, e. Francis D. Nichol, V (1956), p. 1113.

149 Washburn, op. cit., p. 6.

150 Ellen G. White, The Spirit of Prophecy, Vol. III (Battle Creek, Mich.: Steam Press of the Seventh-day Adventist Publishing Association, 1878), pp. 203, 204.

151 Washburn, loc. cit.

152 Ibid., p. 8.

153 “Uriah Smith’s Restricted View Of The Atonement” (Documento fornecido por L. E. Froom, Conferência Geral dos Adventistas do Sétimo dia, [s.p., s.d.]), p.1. (Mimeografado).

154 “J. H. Waggoner’s Position On The Atonement” (Documento fornecido por L. E. Froom, Conferência Geral dos Adventistas do Sétimo dia, [s.p., s.d.]), p.1. (Mimeografado).

155 Ibid.

156 Ibid.

157 E. G. White, Counsels to Writers and Editors (Nashville, Tennessee: Southern Publishing Association, 1946), pp. 93, 94. Citando a Carta 179, 1904.

158 Ellen G. White, A Ciência do Bom Viver, p. 429.

159 Ibid., p. 421.

160 Ellen G. White, “The Word Made Flesh,” Review and Herald, LXXXIII (5 de abril de 1906), p. 8. Citado por Francis D. Nichol (e.), Seventh-day Adventist Bible Commentary (Washington, D. C.: Review and Herald Publishing Association, 1956) V, 1126. (Daqui em diante 5 BC).

161 Ibid.

162 E. G. White, “The True Sheep Respond to the Voice of the Shepherd,” The Signs of the Times, XX (27 de novembro de 1893), p. 54.

163 Ibid.

164 Ibid.

165 Ellen G. White, O Desejado de Todas As Nações, pp. 469, 470.

166 J. N. Loughborough, “Questions for Bro. Loughborough,” Review and Herald, XVIII (5 de novembro de 1861), p. 184.

167 Ellen G. White, Educação, p. 178.

168 Ellen G. White, Patriarcas e Profetas, p. 329.

169 Ellen White, Evangelismo, p. 616. Citando Ellen G. White, Historical Sketches, p. 231. (1866).

170 Ellen G. White, O Desejado de Todas As Nações, p. 213.

171 Ellen G. White, Patriarcas e Profetas, p. 329.

172 Ellen White, Evangelismo, pp. 614, 615. Citando Ellen G. White, Special Testimonies, Series B, Nº 7, pp. 62, 63. (1905).

173 Ellen G. White, Testemunhos para A Igreja, Vol. VIII, p. 256.

174 Ellen G. White, O Desejado de Todas As Nações, p. 281.

175 Ellen G. White, Educação, p. 134.

176 Ellen G. White, Patriarcas e Profetas, p. 305.

177 Ellen G. White, “The Word Made Flesh,” The Signs of the Times, XXV (3 de maio de 1899), p. 2.

178 Ellen G. White, O Desejado de Todas As Nações, p. 483.

179 Cp. Ante, p. 73.

180 Ellen G. White, A Ciência do Bom Viver, p. 413. Nesta declaração, assim como em outras, Ellen G. White estava, obviamente, tentando responder as ideias panteístas que J. H. Kellog tinha tentado introduzir na Igreja. Esta foi uma ameaça mais grave para a denominação do que o arianismo por causa da disposição militante do homem que a propagava. Sem dúvidas, o ensino geral de Ellen G. White sobre a natureza de Deus intencionava responder o que ela reconhecia como concepções errôneas sobre o assunto, incluindo tanto o arianismo quanto o panteísmo. Ver A. W. Spalding, Origin and History of Seventh-day Adventists (Washington, D. C.: Review and Herald Publishing Association, 1962), III, pp. 140, 141.

181 E. G. White, “The Work in Washington,” Review and Herald, LXXXII (1 de junho de 1905), p.13. Citado por 5 BC., p. 1148.

182 Ellen G. White, Mensagens Escolhidas, Vol. I, p. 247. Citando Review and Herald, 5 de abril de 1906.

183 E. G. White, “The Revelation of God,” Review and Herald, LXXV (8 de novembro de 1898), p. 709.

184 Ellen G. White, A Ciência do Bom Viver, p. 421.

185 Ibid., p. 422.

186 Ellen G. White, Testemunhos para A Igreja, Vol. VIII, p. 279.

187 Ellen White, Evangelismo, p. 616. Citando Manuscrito 20, 1906.

188 Ellen G. White, Mensagens Escolhidas, Vol. I, p. 296. Citando The Signs of the Times, 8 de abril de 1897.

189 Ellen White, Evangelismo, p. 615. Citando Manuscrito 101, 1897.

190 Ellen G. White, Mensagens Escolhidas, Vol. I, p. 247. Citando Review and Herald, 5 de abril de 1906.

191 Ellen White, Evangelismo, p. 615. Citando The Signs of the Times, 29 de agosto de 1900.

192 Ibid., p. 616. Citando The Signs of the Times, 3 de Maio de 1899.

193 Ellen G. White, Testemunhos para A Igreja, Vol. IX, p. 220.

194 Ellen G. White, Mensagens Escolhidas, Vol. I, p. 243. Citando The Youth’s Instructor, 13 de outubro de 1898.

195 Ellen G. White, “The Word Made Flesh,” Review and Herald, LXXXIII (5 de abril de 1906), p. 8. Citado por 5 BC., p. 1126.

196 Ellen G. White, O Grande Conflito, p. 495.

197 Ellen G. White, Fundamentos da Educação Cristã, p. 179. Citando Review and Herald, 17 de novembro de 1891.

198 Ellen G. White, “Imperative Necessity of Searching for Truth,” Review and Herald, LXIX (8 de novembro de 1892), p. 690.

199 Ellen G. White, “The Word Made Flesh,” Review and Herald, LXXXIII (5 de abril de 1906), p. 8. Citado por 5 BC., p. 1126.

200 Ellen G. White, The Spirit of Prophecy, Vol. I (Battle Creek, Steam Press of the Seventh-day Adventist Publishing Association, 1870) pp. 17, 18.

201 Ibid., p. 18.

202 Ellen G. White, Patriarcas e Profetas, pp. 37, 38.

203 Ellen G. White, “The Word Made Flesh,” Review and Herald, LXXXIII (5 de abril de 1906), p. 8. Citado por 5 BC., p. 1126.

204 Ellen G. White, “Child Life of Jesus,” The Signs of the Times, (30 de julho de 1896), p. 5.

205 Ellen G. White, “God Manifest in the Flesh,” The Signs of the Times (26 de abril de 1905), p. 8.

206 Ellen G. White, O Desejado de Todas As Nações, p. 469.

207 Ibid., pp. 207, 208.

208 Ibid.

209 Ellen G. White, Mensagens Escolhidas, Vol. I, p. 228. Citando The Signs of the Times, 2 de agosto de 1905.

210 Ellen G. White, “Christ Glorified,” The Signs of the Times, XXV (10 de maio de 1899), p. 2. Citado por 5 BC., p. 1129.

211 E. G. White, “Tempted In All Points Like As We Are,” The Signs of the Times, XXIV (9 de junho de 1898), p. 2.

212 Ellen G. White, O Desejado de Todas As Nações, p. 119.

213 Ellen G. White, “After the Crucifixion,” The Youth’s Instructor, XLIX (25 de abril de 1901), p. 130.

214 Ellen G. White, “Christ Revealed the Father,” Review and Herald, LXVII (7 de janeiro de 1890), p. 1.

215 Ellen G. White, O Desejado de Todas As Nações, p. 536.

216 Ibid., p. 528.

217 Ibid.

218 Ibid., p. 529.

219 Ibid., p. 530.

220 Ellen G. White, “Christ Revealed the Father,” Review and Herald, LXVII (7 de janeiro de 1890), p. 1.

221 Ellen G. White, O Desejado de Todas As Nações, p. 266.

222 Ibid., pp. 269, 270.

223 Ibid., p. 336.

224 Ibid., p. 536.

225 Ellen G. White, Mensagens Escolhidas, Vol. I, p. 301. Citando The Youth’s Instructor, 4 de agosto de 1898.

226 Ellen G. White, Manuscrito 140, 1903. Citado por 5 BC., p. 1129.

227 Ellen G. White, Carta 280, 1904. Citado por 5 BC., p. 1113.

228 Ellen G. White, Manuscrito 131, 1897. Citado por 5 BC., p. 1113.

229 Ellen G. White, Testemunhos para A Igreja, Vol. II, p. 211.

230 Ibid., p. 212.

231 Ibid., p. 206.

232 Ellen G. White, O Desejado de Todas As Nações, p. 484.

233 Ibid., p. 118.

234 Ellen G. White, The Spirit of Prophecy, Vol. III (Battle Creek, Mich.: Steam Press of the Seventh-day Adventist Publishing Association, 1878), pp. 203, 204.

235 Ellen G. White, Manuscrito 94, 1897. Citado por 5 BC., p. 1114.

236 Ellen G. White, Manuscrito 115, 1897. Citado por 5 BC., p. 1110.

237 Ellen G. White, “Beware of Imitations,” The Youth’s Instructor, XLIII (7 de fevereiro de 1895), p. 44.

238 Ellen G. White, Manuscrito 131, 1897. Citado por 5 BC., p. 1113.

239 Ellen G. White, O Desejado de Todas As Nações, pp. 131, 693.

240 Ellen G. White, Testemunhos para A Igreja, Vol. II, p. 214.

241 White, op. cit., p. 686.

242 Ibid., p. 753.

243 Apocalipse 5:11, 12.

244 Ellen G. White, “Christ Glorified,” The Signs of the Times, XXV (10 de maio de 1899), p. 2. Citado por 5 BC., p. 1146.

245 Ibid.

246 Ellen G. White, Testemunhos para A Igreja, Vol. VIII, p. 268.

247 Ellen G. White, Atos dos Apóstolos, p. 38.

248 Ellen G. White, Manuscrito 33, 1897. Citado por 5 BC., p. 1092.

249 Ellen G. White, Manuscrito 81, 1900. Citado por 5 BC., p. 955.

250 Ellen G. White, The Spirit of Prophecy Vol. IV (Battle Creek, Mich.: Review and Herald Publishing Co., 1884), p. 480.

251 Ibid., p. 484.

252 Ibid., p. 486.

253 Como uma sugestão de interpretação de 1 Coríntios 15:28, o presente escritor oferece a seguinte. O texto não pode se referir a subordinação do humano em Cristo ao Pai. De acordo com 1 Coríntios 15:24 a mudança que toma lugar vem no “fim.” O humano em Cristo é subordinado aqui assim com sempre tem sido desde o nascimento do Salvador. Esta mudança não ocorre no “fim” ou “quando, porém, todas as coisas lhe estiverem sujeitas.” Desde que o Filho é co-igual com o Pai, “o Pai” e a “expressa imagem do Pai,” Ele está incluído em “Deus” que seja “tudo em tudo.” Deus não pode estar sujeito a Deus. Portanto, Cristo não pode estar sujeito ao Pai, no sentido ordinário. O Filho torna-se “sujeito a Ele” no sentido que o Filho termina de realizar uma obra mediatária especial em prol do homem, e tudo o que Ele comprara de volta pelo sacrifício vicário está, agora, inteiramente subordinada a Deus—Pai, Filho e Espírito Santo. A obra especial do Filho termina e Deus se trona “tudo em tudo.” O Filho não é mais um funcionário separado dentro da Deidade e o plano da redenção é reconhecido a realização de um Deus uno.

254 Ellen G. White, Evangelismo, pp. 616, 617. Citando Manuscrito 20, 1906.

255 Ibid., p. 617. Citando Special Testimonies, Series A, No. 10, p. 37. (1897)

256 Ellen G. White, O Desejado de Todas As Nações, p. 671.

257 White, op. cit., pp. 614, 615. Citando Special Testimonies, Série B, Nº 7, pp. 62, 63. (1905).

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