Os Manuscritos do Mar Morto e O Novo Testamento

Os Manuscritos do Mar Morto e O Novo Testamento


Dana M. Pike tem lecionado na BYU (Brigham Young University) desde 1992. Ele recebeu seu Sc.M. em Antropologia e Arqueologia do Oriente Médio da BYU (1978) e seu PhD em Bíblia Hebraica e Estudos em  Antigo Oriente Médio da Universidade da Pensilvânia (1990).


Tradução: Hugo Martins

O artigo “Os Manuscritos do Mar Morto e O Novo Testamento” (Original em Inglês: The Dead Sea Scrolls and the New Testament, por Dana M. Pike, fora publicado, inicialmente, como parte do livro New Testament History, Culture, and Society: A Background to the Texts of the New Testament, publicado pela Deseret Book. Usado com permissão.


Desde a sua descoberta em 1947, os Manuscritos do Mar Morto geraram um grande interesse, variando de investigação acadêmica responsável ao sensacionalismo público.[1] Durante os anos de 1947 a 1956, beduínos locais, e eventualmente arqueólogos, encontraram manuscritos e principalmente fragmentos de manuscritos (muitos milhares deles) em onze cavernas próximas ao pequeno sítio arqueológico de Qumran, perto da costa noroeste do Mar Morto. As histórias da descoberta dos principais manuscritos por primos beduínos, onde agora é chamada de Caverna Qumran 1, variam em certos detalhes e têm sido frequentemente recontadas, assim como histórias sobre a intriga envolvida na autenticação dos manuscritos e na aquisição israelense da maioria deles. Portanto, esses relatos não se repetem aqui.[2]

Textos judaicos adicionais dos primeiros dois séculos E.C. também foram descobertos em outras cavernas, e locais ao longo do Mar Morto ocidental, como Wadi Murabbaʿat, Nahal Hever, e Masada. Esses textos às vezes também são incluídos sob a ampla designação de Manuscritos do Mar Morto. Por mais valiosos que sejam por si próprios, o foco deste capítulo está nos textos encontrados nas onze cavernas perto de Qumran.

Visto que os Manuscritos do Mar Morto são documentos religiosos judaicos, alguém pode se perguntar por que eles são discutidos em Estudos do Novo Testamento ou, por falar nisso, por que saber algo sobre eles pode beneficiar estudiosos do Novo Testamento. Na verdade, existem várias razões importantes para isso. O artigo inclui breves comentários sobre os próprios Manuscritos do Mar Morto e os judeus responsáveis por sua colocação em cavernas perto do Mar Morto; além de uma discussão mais extensa sobre as maneiras como esses textos ajudam a fornecer um contexto maior para as pessoas e crenças registradas no Novo Testamento cristão, com particular atenção às afirmações feitas sobre possíveis conexões entre a comunidade judaica de Qumran e João Batista, ou Jesus, e às afirmações sobre possíveis conexões entre os Manuscritos do Mar Morto e o Novo Testamento. Isso inclui títulos e expectativas messiânicas, bem como passagens específicas dos Manuscritos do Mar Morto que soam bastante semelhantes às passagens e conceitos do Novo Testamento.

Primeiramente, é importante enfatizar que nenhuma passagem do Novo Testamento ocorre nos Manuscritos do Mar Morto, e o grupo judeu que se estabeleceu em Qumran não era cristão.[3] São textos religiosos judaicos coletados e estudados por certos judeus na virada da era. Mas eles têm muito a oferecer para nosso estudo do Novo Testamento cristão.

Introdução aos Manuscritos, Qumran, e aos Essênios

A maioria dos manuscritos do Mar Morto que sobreviveu foram copiados entre cerca de 250 A.E.C. e 60 E.C. A datação é estabelecida por análise paleográfica comparativa (o estudo de estilos de caligrafia), e datação por carbono-14. A vasta maioria do material textual sobrevivente se divide em três principais categorias: (1) cópias de textos que se tornaram conhecidos como bíblicos (significando a Bíblia Hebraica, o Antigo Testamento Cristão), (2) cópias de textos religiosos mais lidos entre os judeus da época, mas que nunca se tornaram parte do cânone bíblico, e (3) cópias de textos que parecem ser exclusivos da seita de judeus que viveram em Qumran, e em outros lugares na virada da era, sendo chamados de textos sectários. O processo de formação do cânone bíblico não havia ocorrido completamente até aquele momento, portanto, referir-se a certos textos como “bíblicos” deve ser entendido como algo anacrônico.[4]

Costuma-se afirmar que partes de todos os textos da Bíblia Hebraica foram encontradas nas cavernas ao redor de Qumran, exceto o livro de Ester. Embora verdadeira, esta declaração simplória ignora o importante fato que vários outros livros bíblicos quase não estão presentes. Por exemplo, restos de apenas um manuscrito foram encontrados de Crônicas, Esdras e Neemias, e porções de apenas dois manuscritos sobreviveram de Josué, Provérbios e Eclesiastes. Embora parte disso seja sem dúvida atribuível a acidentes de preservação, os estudiosos veem o número de textos bíblicos sobreviventes como um indicador relativo de quais livros das Escrituras foram mais importantes para a comunidade. Claramente, o conteúdo pactual, legal e profético dos seguintes livros era altamente considerado pela comunidade de Qumran, dados os restos de trinta e seis diferentes cópias de manuscritos de Salmos, trinta de Deuteronômio, vinte e um de Isaías, vinte de Gênesis e dezessete de Êxodo.

Dois exemplos principais de textos religiosos populares que não se tornaram parte do cânone bíblico padrão, mas que são bem comprovados nas cavernas de Qumran, e também conhecidos em outros lugares, são Jubileus e 1 Enoque. Jubileus, que pensa ter sido composto no início do século 2 A.E.C, apresenta uma revelação de Deus, dada por um anjo a Moisés no Monte Sinai, que relaciona certos eventos desde a criação da terra até o êxodo israelita do Egito, dividido em cinquenta segmentos separados de quarenta e nove anos.[5] Jubileus era conhecido anteriormente apenas por meio de uma tradução latina parcialmente sobrevivente e uma versão completa em etíope. Cinco das onze cavernas de Qumran continham os restos do que parecem ser quinze cópias de Jubileus, indicando não só a popularidade desta obra na comunidade de Qumran, mas também que pode ter sido considerada uma escritura [canônica] por eles.

A longa e complexa obra conhecida como 1 Enoque reconta várias revelações dadas a Enoque, sobre quem a Bíblia preserva tão pouco (cp. Gn 5:24; Hebreus 11:5; Judas 1:14). Antes da descoberta de uma série de fragmentos na caverna 4 de Qumran, 1 Enoque era conhecido pelas porções sobreviventes em grego e principalmente pela versão completa em Etíope, bem como pelo uso de 1 Enoque 1:9 em Judas 1:14–15 no Novo Testamento. Os restos de onze cópias de 1 Enoque, todas escritas em aramaico, e todas descobertas na caverna 4, bem como evidências de importantes influências cromocalendárias e outras influências de 1 Enoque, sugerem a importante influência deste documento, especialmente durante o período inicial da comunidade de Qumran.

Fragmentos de outros textos das cavernas de Qumran, como a Sabedoria de Ben Sira (também conhecida como Siraque/Eclesiástico) e Tobias, eram conhecidos anteriormente por sua inclusão na Septuaginta, como parte dos livros chamados de apócrifos.

Os melhores e mais bem preservados textos sectários incluem a Regra da Comunidade (1QS, mais porções da caverna 4; o “Q” indica Qumran, o número anterior indica em qual das onze cavernas o texto foi encontrado, e o letra ou número que segue o “Q” identifica o texto específico daquela caverna). Esta obra fornece informações importantes sobre a comunidade (yahad, em hebraico), bem como seu propósito e organização, sua visão dualística do mundo, e como seus membros se encaixam nela, regras para admissão na comunidade, etc. O Pergaminho da Guerra ou Regra da Guerra (1QM, mais porções da caverna 4) prediz a guerra escatológica entre os “filhos da Luz” e os “filhos das trevas”, incluindo informações extensas sobre as armas e instrumentos que devem ser usados, culminando no destruição das forças do mal que se opõem ao governo de Deus. Outros textos sectários incluem hinos, como os preservados em 1QHodayot, e os pesharim, que são comentários sobre partes de certos livros bíblicos, como Isaías (3Q4; 4Q161–64), Habacuque (1QpHab), e Salmos (1Q16; 4Q171, 173).

Os Manuscritos do Mar Morto são, portanto, de enorme valor para estudar a variedade de crenças e práticas dos judeus na terra de Israel, na virada da era, todos parte da corrente da religião mosaica tradicional como existia naquela época. Eles também são de grande valor para estudar o texto e a transmissão das escrituras hebraicas, uma vez que não apenas preservam as cópias mais antigas desses textos, mas também demonstram as semelhanças e diferenças textuais com o que se tornou o texto tradicional das escrituras hebraicas após cerca de 100 E.C., mas que era anteriormente mais conhecido de manuscritos hebraicos datados dos séculos 10 e 11 E.C. Os manuscritos também têm valor para estudar a língua hebraica e aramaica na virada da era, bem como as práticas dos escribas para fazer e copiar documentos.

Dada essa variedade de textos, e dado que essas cópias de manuscritos foram produzidas por uma variedade de escribas ao longo de um período de cerca de três séculos, é comumente aceito que muitos desses textos foram trazidos para Qumran de outros lugares, e que muitos, especialmente os sectários, foram copiados em Qumran. São esses últimos textos que fornecem muitas das informações sobre a organização, pontos de vista e identidade da comunidade de Qumran.

Qumran e Seus Habitantes

Qumran em si está localizada em um terraço entre penhascos rochosos a oeste e o Mar Morto a leste. Preserva os restos de uma série de quartos murados, uma torre e várias cisternas e miqvaot (piscinas de banho rituais; miqveh/mikvah é singular). Embora o local fosse conhecido há séculos, sua escavação primária só foi formalmente realizada em 1951–1956, após a descoberta inicial de pergaminhos em cavernas próximas, que também foram escavadas (escavações subsequentes, menos extensivas, foram, também, realizadas em Qumran, seu cemitério e cavernas próximas).[6] Após uma pequena ocupação nos séculos VIII a VII A.E.C, o local parece ter permanecido desabitado durante séculos. As primeiras avaliações e publicações colocaram a primeira grande habitação da comunidade judaica em cerca de 150 A.E.C., mas muitos estudiosos agora revisam isso para cerca de 100 A.E.C. Membros desta comunidade parecem ter utilizado este local, com algumas interrupções de curta duração, por causa de um terremoto e outros fatores, até 68 E.C., quando soldados romanos acamparam em Qumran como parte do grande esforço romano para suprimir A Primeira Revolta Judaica (66–70 A.E.C.). Artefatos sobreviventes incluem cerâmicos, moedas e outros achados de pequena escala. Nenhum manuscrito, ou fragmento, foi encontrado “em” Qumran; todos eles vêm de cavernas próximas.

Com base no pequeno tamanho do local, a maioria dos arqueólogos presume que a comunidade geralmente consistia de cerca de cem a duzentas pessoas. O cenário mais provável é que o próprio local servisse como um centro comunitário, no qual os membros da comunidade entravam diariamente para purificação ritual, adoração, estudo, instrução e refeições em grupo. Poucos deles parecem ter realmente vivido nas instalações, mas sim em cavernas e tendas na área circundante. Propostas alternativas para a função de Qumran incluem uma fortaleza, um centro comercial e uma vila campestre, mas essas ideias atraíram poucos defensores, e as evidências disponíveis melhor apoiam a visão original de que era um centro comunitário religioso.

A identidade dos habitantes de Qumran está relacionada ao propósito do local (visto acima), e aos pergaminhos encontrados nas cavernas circundantes. Apesar de afirmações ocasionais em contrário, é insustentável separar os habitantes de Qumran dos manuscritos encontrados nas proximidades; esses são os restos de sua coleção. A maioria dos estudiosos geralmente continua a aceitar que os essênios judeus habitaram Qumran, com base em uma confluência de afirmações sobre os locais e práticas dos essênios encontrados nos escritos de autores como Filo, Plínio O Velho, e Josefo, além do conteúdo relacionado em alguns dos manuscritos de Qumran, e a natureza dos vestígios arqueológicos no local. Pelo que podemos dizer, a seita judaica chamada de essênios emergiu como uma força distintiva em meados do século 2 A.E.C., mais ou menos na mesma época em que as seitas dos fariseus e dos saduceus, mais conhecidas e influentes, começaram a surgir (esse grupos mais proeminentes recebem muita atenção no Novo Testamento, e em outras obras). O termo seita, quando usado para grupos antigos, não é pejorativo, como costuma ser hoje. Conota um pequeno subconjunto de uma tradição religiosa, as crenças e práticas que o marcam como distinto e como o sucessor autodeclarado correto e legítimo da tradição maior da qual se separou.

A evidência documental disponível sugere que havia variedade entre os essênios espalhados por toda a terra de Israel. Os homens judeus, que se reuniram para a comunidade desértica em Qumran (nunca se isolaram completamente de seus arredores), parecem ter abraçado um estilo de vida celibatário e foram obrigados a participar de um processo de iniciação de dois anos, que, se concluído com sucesso, resultava na entrega de todas suas posses, e permitia que participassem das refeições e das decisões da comunidade. A hierarquia deste grupo consistia em sacerdotes. A comunidade também era composta por levitas e judeus não levitas. Eles tinham regras estritas com relação à obediência e pureza, enfatizando arrependimento e autoimersão ritual regular (não como o batismo cristão), santidade e preparação espiritual para a grande última batalha. Pode muito bem ter havido outras comunidades de essênios de orientação separatista semelhantes, das quais não temos conhecimento. Muito diferentes eram os essênios que viviam em grupos em cidades e vilas, e que tinham famílias e propriedades privadas. Ainda não está claro como reconciliar as diferenças entre essas duas amplas partes da seita, nem como se viam.

Evidências sobreviventes indicam que os essênios de Qumran acreditavam que viviam nos últimos dias, que constituíram o verdadeiro remanescente de Israel, com quem Deus renovou sua aliança, e que as antigas profecias seriam cumpridas, com eles e por meio deles, em seus dias. Eles acreditavam que foram predestinados por Deus para serem os seus “filhos da Luz”, em oposição a todos os “filhos das trevas”, e lutariam com sucesso ao lado de seu(s) messias(s) que retornaria(m) em breve. Esta passagem de sua Regra da Comunidade (1QS 8:3–10), ao descrever as expectativas para a comunidade e seus iniciados, capta bem a visão deles de seu importante papel nos últimos dias, para servir como um substituto para o templo poluído, e expiar a terra, enquanto aguardavam a vinda de seu(s) messias(s):

Eles devem preservar a fé na terra com autocontrole, espírito quebrantado, expiação pelo pecado, justiça e sofrendo aflições. Eles são . . .  as verdadeiras testemunhas da justiça, escolhidas pela vontade de Deus para expiar a terra, e punir os ímpios de acordo com as suas obras Eles serão . . . uma fortaleza, um Santo dos Santos para Aarão, todos eles conhecendo a Aliança da Justiça, e, portanto, oferecendo um doce sabor. Eles serão uma casa verdadeira e irrepreensível em Israel, mantendo o pacto dos estatutos eternos. Eles serão um sacrifício aceitável, expiando pela terra e vibrando no veredicto contra o mal, de modo que a perversidade deixe de existir. Quando esses homens estiverem fundamentados nas instruções da Yahad por dois anos, desde que sejam irrepreensíveis em sua conduta, serão considerados santos no meio dos homens da Yahad.[7]

Os Manuscritos do Mar Morto e O Novo Testamento[8]

Nas sete décadas desde sua descoberta, a relação entre os manuscritos, o Novo Testamento e o cristianismo primitivo atraiu muita atenção. As primeiras afirmações feitas foram de que o conteúdo dos Manuscritos do Mar Morto destruiria o cristianismo porque o cristianismo não seria mais visto como único, e que o Vaticano havia conspirado para esconder os manuscritos vistos como problemáticos (nenhuma dessas afirmações é verdadeira). Alegações mais recentes incluem a conjectura de que algumas passagens do Novo Testamento foram preservadas em pequenos fragmentos da caverna 7, que continha apenas fragmentos escritos em grego; que os relatos dos Evangelhos foram realmente escritos em código para transmitir secretamente a identidade de João Batista e Jesus com as personagens mencionadas nos manuscritos; e que havia um templo essênio no Monte Carmelo, onde José e Maria se casaram.[9] Essas e outras alegações semelhantes exigem leituras distorcidas dos manuscritos, e geralmente resultam em atenção midiática sensacionalista, mas não têm apoio legítimo nos próprios manuscritos, nem aceitação entre a maioria dos estudiosos dos manuscritos.

Em vez de recontar e refutar tais afirmações com mais detalhes, o que se encontra é uma visão geral das possíveis interseções, e sobreposições interessantes entre os Manuscritos do Mar Morto, João Batista, Jesus e o Novo Testamento. Semelhanças no uso de títulos e passagens bíblicas pela comunidade e pelos cristãos são visivelmente semelhantes. O espaço permite apenas os destaques mais óbvios.

Nova Aliança

Central para a existência da comunidade essênia de Qumran era seu senso de autoidentidade. Eles se referiam como o verdadeiro remanescente de Israel, com quem Deus havia feito uma nova ou renovada aliança. Por exemplo, o Documento de Damasco enfatiza uma “nova aliança” (CD 6:19; 8:21), e a Regra da Comunidade instrui que os iniciados na comunidade sejam trazidos para esta aliança com Deus, que era renovada anualmente (1QS 1:16–2:25 ) Para esses essênios, a aliança renovada tinha uma orientação mosaica. No entanto, o uso da fase “nova aliança” no Novo Testamento é geralmente entendido pelos cristãos como um movimento além da era mosaica para uma nova dispensação (e.g., Lc 22:20; 1 Co 11:25; 2 Co 3:6; Hb 8: 8–10). Tanto a comunidade de Qumran quanto os primeiros cristãos se basearam na profecia de uma nova aliança futura encontrada em Jeremias 31:31–33: “Eis aí vêm dias, diz o Senhor, em que firmarei nova aliança com a casa de Israel e com a casa de Judá.  Não segundo a aliança que fiz com os seus pais, no dia em que os tomei pela mão, para os tirar da terra do Egito; . . . Porque esta é a aliança que farei com a casa de Israel.” Assim, neste e em outros casos, os dois grupos usaram a mesma passagem profética, mas aplicaram-na de maneira diferente, cada um em seus próprios movimentos.

João Batista

O Novo Testamento nunca menciona especificamente os essênios, mas alguns estudiosos conectaram João Batista à comunidade de Qumran, e o filme introdutório exibido no Parque Nacional de Qumran, em Israel, retrata com confiança João se associando e deixando a comunidade. As razões para isso incluem a localização de Qumran e as declarações do Novo Testamento de que após seu nascimento e bênção, João “esteve nos desertos {ou no deserto} até o dia de sua apresentação a Israel” (Lc 1:80). E João, com sua linhagem sacerdotal, foi ativo durante seu ministério no sul do vale do rio Jordão (Mc 1:4, 9; Jo 1:28), não muitos kilômetros da comunidade sacerdotal operante em Qumran. Além disso, alguns autores postulam que o esforço de batismo de João foi impactado pelo ritual de autoimersão regularmente praticado em Qumran, embora existam diferenças distintas, e embora a autoimersão tenha sido praticada por outros judeus em Jerusalém e em outras partes da terra. João também alertou sobre os juízos vindouros (Mt 3:10; Lc 3: 9). Mas durante seu ministério, João não se retirou para o deserto para se preparar para a chegada do(s) messias(s), como a comunidade de Qumran fazia; em vez disso, ele saiu para pregar a mensagem de preparação. Embora seja possível, e até provável, que João Batista conhecesse e tivesse alguma interação com os essênios perto do Mar Morto, existem diferenças significativas em sua mensagem e práticas. Sua relação com a comunidade de Qumran não pode ser comprovada.

Talvez a intersecção mais fascinante seja a que o Novo Testamento descreve João cumprindo Isaías 40:3 como a voz no deserto preparando o caminho para Jesus: “Eis que eu envio o meu mensageiro, que preparará o caminho diante de mim” (Ml 3:1). “Uma voz clama: ‘No deserto preparem o caminho do Senhor! No ermo façam uma estrada reta para o nosso Deus!” (Is 40:3; Mc 1:2–3; Mt 3:3). A Regra da Comunidade de Qumran  usa esta mesma passagem de Isaías para apresentar a comunidade como preparando o caminho do Senhor por sua separação dos líderes sacerdotais judeus impuros em Jerusalém, e indo para o deserto para viver e ensinar a lei de Deus em preparação para as iminentes (para eles) batalhas escatológicas: “Quando homens como esses vierem a ficar em Israel, em conformidade com essas doutrinas, eles se separarão da sessão de homens perversos para ir ao deserto, a fim de preparar o caminho da verdade, como está escrito: Uma voz clama: ‘No deserto preparem o caminho do Senhor! No ermo façam uma estrada reta para o nosso Deus!’ [Isaías 40: 3]” (1QS 8:12–16). Assim, novamente, a comunidade de Qumran e os primeiros cristãos compreenderam e empregaram a mesma passagem profética de maneiras diferentes.

Jesus e Os Relatos do Evangelho

Tal como aconteceu com João, foram estabelecidas ligações entre a comunidade de Qumran e Jesus, embora o Novo Testamento retrate Jesus interagindo com fariseus e saduceus, mas não com essênios (dos quais ele deve tido conhecimento). Os seguidores judeus se reuniam em torno de Jesus, bem como o líder da comunidade, o Mestre da Justiça, mas Jesus não era Mestre de Qumran, como alguns afirmam.

Muitos estudiosos sugerem que a declaração de Jesus em Mateus 5:43–44 revela conhecimento sobre os essênios. Apresentando uma série de antíteses, Jesus declara: “Vocês ouviram o que foi dito: ‘Ame o seu próximo e odeie o seu inimigo.’ Eu, porém, lhes digo: amem os seus inimigos.” A injunção de amar o próximo está claramente especificada em Levítico 19:18. Mas, como os comentaristas agora regularmente observam, a exortação para odiar os inimigos não é encontrada em nenhum lugar das Escrituras Hebraicas, ou em outros textos judaicos antigos, exceto aqueles de Qumran. Por exemplo, o Instrutor [maskil] deveria ensinar os membros da comunidade “a amar todos os Filhos da Luz {a comunidade de Qumran e aqueles que acreditavam da mesma forma}, cada um proporcional ao seu lugar de direito no conselho de Deus, e odiar todos os Filhos das Trevas {outros judeus e todos os gentios}, cada um proporcional à sua culpa e à vingança de Deus que lhe é devida” (1QS 1:9–11). Embora esta seja uma conexão possível, o relato do sermão de Jesus não inclui quaisquer outras declarações exclusivamente essênias.

Um paralelo óbvio entre os Manuscritos do Mar Morto e o Novo Testamento é uma ênfase messiânica, um fenômeno complexo entre judeus e cristãos na virada da era.[10]

O Novo Testamento preserva várias referências a Jesus como um messias real davídico (por exemplo, Mt 1:1; 22:42; Lc 1:32; 2:11); um messias sacerdotal segundo a ordem de Melquisedeque, não de Aarão (e.g., Hb 3:1; 5:5–6; 8:1); um messias profético (Dt 18:18–19; At 3:2–23); e como um messias sofredor, expiador (e.g., Is 53:4–6; Mt 20:28; Lc 22:19–20; 23:39–46; At 8:30–35; Rm 5:10). Os textos de Qumran ensinam sobre um Profeta separado e dois messias que virão como parte dos últimos dias, a era em que eles pensavam viver: Eles devem se autogovernar usando os preceitos originais pelos quais os homens da Associação começaram a ser instruídos, procedendo assim até que venha o Profeta [Dt 18:15–18] e os Messias de Aarão e de Israel” (1QS 9:10–11; ver, e.g., CD 12:23–13.1). O messias de Aarão era um messias sacerdotal da ordem aarônica, não de Melquisedeque. O messias não sacerdotal de Israel, conforme indicado em outro lugar, era visto como o messias real, um descendente de Davi (e.g., 4Q252 5:3: “até que venha o Messias Justo, o Ramo de Davi”). Pelo menos, muitos na comunidade, portanto, acreditavam em múltiplas personagens messiânicas, com diferentes papéis, especialmente funções reais e sacerdotais (ou seja, de uma perspectiva cristã, eles fragmentavam os vários papéis de Jesus, o verdadeiro Messias, entre indivíduos separados); seus messias não eram imaginados como totalmente divinos, e seus messias viriam com poder e trariam uma nova ordem à Terra (não muito diferente do que muitos cristãos esperam que Jesus faça em sua segunda vinda). No entanto, após a vinda de seus messias, essa nova ordem seria baseada em uma forma pura da lei de Moisés.

Finalmente, pouco comentários sobre algumas das passagens dos Manuscritos do Mar Morto, que atraíram muita atenção em relação a Jesus e ao Novo Testamento, serão suficientes para esta visão geral.

4Q246

Esta composição fascinante, popularmente apelidada de texto “Filho de Deus”, foi escrita em aramaico, e copiada no final do século I A.E.C. Três paralelos imediatamente óbvios existem entre as frases neste texto e a anunciação de Gabriel a Maria sobre seu futuro filho Jesus, conforme encontrado no relato do Evangelho de Lucas: “Este será grande” (4Q246 i 9; Lc 1:32), “será chamado Filho de Deus” (4Q246 ii 1; Lc 1:35), “e será chamado Filho do Altíssimo” (4Q246 ii 1; Lc 1:32). Por 4Q246 estar incompleto, não sabemos a quem essas frases se referem neste texto. Várias opiniões acadêmicas variam de um rei humano e judeus coletivamente a um anjo e um dos messias. Quem quer que seja esta personagem em 4T246, alguma forma de dependência lucana neste texto anterior a Qumran foi considerada. No entanto, nas escrituras hebraicas, Deus, reis e outros são descritos como “grandes” (e.g., Dt 10:17; 2 Sm 7:22; 2 Rs 18:19), Deus é chamado de “altíssimo” (e.g., Gn 14:18–20; Sl 7:17; 47:2; 57:2), e os reis descendentes de Davi foram designados “filhos” de Deus (2 Sm 7:14; Sl 2: 7; 89:26–27) . Assim, é mais provável que o 4Q246 e a profecia em Lucas 1 estivessem utilizando frases e conceitos de textos israelitas mais antigos para designar um libertador divinamente sancionado, Jesus no caso de Lucas 1, sem postular dependência direta. Não obstante, a concentração de semelhanças nessas duas passagens é impressionante.

4Q285

Rotulado como “Livro da Guerra”, este texto hebraico mal preservado ganhou atenção originalmente porque se afirmava que o fragmento 7 (originalmente marcado como 5) apoiava a noção de que alguns judeus no primeiro século A.E.C. acreditavam em um messias sofredor, uma visão que é atestado apenas em documentos cristãos, não em judeus. O texto hebraico inclui o título messiânico “Ramo de Davi”, e a palavra-chave em questão é whmytw, que pode significar ou “e eles mataram {ele, o messias}” ou “e ele {o messias} matará {outra pessoa}.” Os estudiosos agora preferem com segurança a última leitura, como evidenciado nesta tradução (as partes entre chaves são restaurações): “[Este é o] Ramo de Davi. Então [todas as forças de Belial] serão julgadas, [e o rei dos Kittim será julgado] e o Líder da Congregação, o Ram[o de David], o condenará à morte. [Então todo o Israel sairá com tamborins]s e dançarinos” (4Q285 frag 7:3–5). Assim como em partes de Isaías 10 e 11, este texto descreve o sucesso futuro de um messias real derrotando seus inimigos; não profetiza sobre um sofredor.

4Q521

Este texto hebraico fragmentário, também copiado no primeiro século A.E.C., foi rotulado de “Apocalipse Messiânico” porque descreve uma era messiânica futura. O mais relevante aqui é a enumeração dos sinais messiânicos que são notavelmente semelhantes aos associados a Jesus no Novo Testamento. Por exemplo, para a comunidade de Qumran, um messias vindouro “honrará os piedosos no dia do seu reino eterno, libertando os prisioneiros, abrindo os olhos dos cegos, levantando aqueles que estão abatidos. . . . Pois Ele curará os gravemente feridos, ele ressuscitará dos mortos, ele enviará as boas novas aos aflitos, ele satisf[ará o pobr]e, ele guiará os perdidos, ele enriquecerá o faminto; . . . o restaurador ressuscitará os mortos do seu povo. Então, [darem]os graças e contaremos a vocês os atos de justiça do Senhor. . . aquel[es destinados a mor]rer. E ele abrirá [as sepulturas]” (4Q521 f2 ii + 4,7–13; e f7 + 5 ii 6–9).

Várias dessas frases também são encontradas em Lucas 4:16–21, que relata a leitura de Jesus de Isaías 61:1–2, aplicando essa profecia a si, e em Lucas 7:21-22, que relata Jesus instruindo os discípulos de João Batista sobre si: “Naquela mesma hora, Jesus curou muitas pessoas de doenças, de sofrimentos e de espíritos malignos; e deu vista a muitos cegos. Então Jesus lhes respondeu: — Voltem e anunciem a João o que vocês viram e ouviram: os cegos veem,  os coxos andam, os leprosos são purificados, os surdos ouvem, os mortos são ressuscitados e aos pobres está sendo pregado o evangelho.” O relato do Evangelho de Lucas (cp. Mt 11:2–5) descreve Jesus como já demonstrando esses atributos messiânicos mencionados em Isaías 35:5–6 e 61:1–2 durante seu ministério mortal, incluindo a restauração dos mortos à vida mortal, embora a ressurreição real de indivíduos mortos teve que esperar até depois da própria ressurreição de Jesus. 4Q521 apresenta um messias sem nome, fazendo coisas semelhantes, incluindo ressuscitar os mortos, representando assim uma testemunha adicional para certas expectativas messiânicas que alguns judeus tinham na época de Jesus, mas, em ambos os casos, com base em profecias anteriores nas escrituras hebraicas.

4QMMT (4Q393–399)

Como entendido atualmente, este texto fornece concepções importantes sobre o pensamento da comunidade de Qumran, iluminando pelo menos algumas das razões pelas quais eles se separaram dos líderes sacerdotais, e outros em Jerusalém. Apenas fragmentos de várias cópias desta obra foram encontrados na caverna 4 de Qumran. Apesar dos problemas inerentes à sua natureza fragmentária, este texto gerou grande interesse por sua descrição dos pontos de vista da comunidade sobre alguns rituais e questões de pureza, e por seu valor potencial em estudos sobre o Novo Testamento. MMT é uma abreviatura da expressão hebraica miqsat ma’ase hatorah, “algumas das obras da lei”, que ocorre no epílogo de MMT. Esta frase ocorre em sua forma grega, erga nomou, nas cartas de Paulo aos Gálatas e aos Romanos. Em 4QMMT, o autor/líder afirma que “escrevemos para você {um líder sacerdotal opositor ou alguém que deixou a comunidade} algumas das obras da Lei, aquelas que determinamos ser benéficas para você e seu povo” (C 26–27, 4Q398 f14–7ii.3). Essas “obras” parecem ser aspectos particulares da lei maior de Moisés destacada anteriormente no texto. O alinhamento com essas obras como parte da lei, afirma-se, “será considerado justiça a você, porque você fez o que é certo e bom perante ele” (C 31, 4Q398 f14–17ii.7). Em contrapartida, Paulo proclama: “Sabendo que o homem não é justificado pelas obras da lei, mas pela fé em Jesus Cristo, até nós cremos em Jesus Cristo, para sermos justificados pela fé em Cristo, e não pelas obras da lei: pois pelas obras da lei nenhuma carne será justificada” (Gl 2:16; cp 3:2–3; Rm 3:20–28). Tomado no contexto de outras declarações em textos sectários de Qumran, que enfatizam a graça de Deus e a necessidade de arrependimento humano (e.g., 1QS 10:20–23; 11:10–15), a afirmação em 4QMMT não pode ser superficialmente contrastada com as declarações de Paulo. No entanto, parece que Paulo estava se opondo a uma visão generalizada de que confiar na observância da lei mosaica era a base para a salvação, uma visão que não dava lugar para o papel fundamental de Jesus Cristo como Redentor, e nossa necessidade de exercer fé nele e em seus poderes salvíficos.

11QMelquisedeque (11Q13)

Dada a escassez de informações sobre o sacerdote Melquisedeque no Antigo Testamento (Gn 14), e o uso desse nome como um título no Salmo 110:4, não é surpresa que vários dos primeiros textos judaicos e cristãos expandiram diversamente o papel de Melquisedeque, criando um complexo de visões conflitantes sobre ele e sua importância. 11QMelquisedeque, por exemplo, o descreve como um ser semidivino que virá de Deus nos últimos dias para executar o julgamento contra os ímpios e libertar os justos. A Epístola aos Hebreus no Novo Testamento cita Melquisedeque principalmente para destacar um sacerdócio maior do que o de Arão (assim como algumas outras obras não canônicas), enfatizando assim que o sacerdócio de Melquisedeque de Cristo era maior do que o de Arão, que estava associado à lei de Moisés (Hb 5,7). Hebreus 7:3 indica claramente que Melquisedeque é “semelhante”, mas diferente de Jesus Cristo: “mas [Melquisedeque foi] feito semelhante ao Filho de Deus; [e] permanece sacerdote para sempre.” Assim, novamente, a comunidade de Qumran e os primeiros cristãos empregaram passagens das escrituras hebraicas para apresentar seus próprios pontos de vista.

Concluindo/Sendo Coerente

Apesar do fato de nenhum manuscrito do Novo Testamento ser encontrado entre os Manuscritos do Mar Morto, algumas pessoas têm afirmado que João ou Jesus tiveram alguma conexão com a comunidade de Qumran. Mesmo com paralelos interessantes, há diferenças marcantes que demonstram que nem João nem Jesus eram essênios, e, embora presumivelmente cientes da comunidade de Qumran, eram separados dela. Jesus, de uma perspectiva de muitos cristãos, era exclusivamente o divino Filho de Deus em carne, e ele (e seus seguidores), portanto, aplicava de maneira única o conteúdo da lei e das profecias nas escrituras hebraicas.

Ainda assim, as sobreposições nas passagens e interpretações das escrituras indicam que Jesus e seus seguidores não estavam isolados de seu contexto. A maioria dos judeus, incluindo aqueles que se tornaram cristãos, estava familiarizado e tinha fé em Jeová, na lei mosaica e nos escritos proféticos israelitas. Muitos judeus na época de Jesus procuravam um libertador messiânico e um líder sacerdotal, e baseavam suas expectativas nas profecias das Escrituras Hebraicas, e em textos adicionais produzidos entre Malaquias e João Batista que retrabalhavam as escrituras anteriores.

Não obstante, os esforços de Jesus, e de seus apóstolos e primeiros seguidores, ocorreram em uma época e lugar históricos específicos, que envolveram forças e fatores religiosos judaicos, alguns dos quais apresentam uma semelhança interessante com o apresentado no Novo Testamento. Portanto, embora os Manuscritos do Mar Morto não sejam textos cristãos, eles compartilham uma variedade de semelhanças interessantes com os escritos cristãos do Novo Testamento, e podem ser empregados com sucesso para compreender melhor o mundo de Jesus, e de seus primeiros seguidores judeus.


Biografias

Traduções dos Manuscritos do Mar Morto

Abegg, Martin G., Peter W. Flint, e Eugene C. Ulrich. The Dead Sea Scrolls Bible: The Oldest Known Bible. San Francisco: HarperSanFrancisco, 1999.

Vermes, Geza. The Complete Dead Sea Scrolls in English, ed. rev. New York: Penguin Putnam, 2004.

Introdução aos Manuscritos do Mar Morto

Collins, John J. The Dead Sea Scrolls, A Biography. Princeton: Princeton University Press, 2013.

VanderKam, James C., e Peter W. Flint. The Meaning of the Dead Sea Scrolls: Their Significance for Understanding the Bible, Judaism, Jesus, and Christianity. San Francisco: HarperSanFrancisco, 2002.


Notas

[1] Existem vários livros respeitáveis publicados recentemente sobre os Manuscritos do Mar Morto. Alguns exemplos estão listados em “Leituras Adicionais”, e nas notas que se seguem. Em razão da limitação de espaço, os leitores interessados são aconselhados a consultá-las para obter mais informações. Além disso, fotos de muitos dos fragmentos dos Manuscritos do Mar Morto, junto com comentários introdutórios, estão agora disponíveis online através da Autoridade de Antiguidades de Israel em http://www.deadseascrolls.org.il/home. Por último, a série de publicações oficiais dos manuscritos é Discoveries in the Judaean Desert (Nova York: Oxford, 1955–2010). Ver, também, Donald W. Parry e Emanuel Tov, ee., The Dead Sea Scrolls Reader, 2ª e. expandida., 2 vols. (Boston: Brill, 2014).

[2] Para obter detalhes sobre a descoberta e os primeiros trabalhos com os manuscritos, ver Weston W. Fields, The Dead Sea Scrolls: A Full History, vol. 1 (Boston: Brill, 2009).

[3] Ver, por exemplo, Peter W. Flint, The Dead Sea Scrolls (Nashville: Abingdon, 2013), pp. 184–185.

[4] As Escrituras Hebraicas não estavam somente limitadas ao cânon bíblico do Antigo Testamento, como o temos agora, até ca. 100–150 E.C., pelo menos além do núcleo tradicional da Lei, dos Profetas e dos Salmos (Lc 24:44). A comunidade de Qumran, por exemplo, parece ter aceitado livros como Jubileus, 1 Enoque e o Rolo do Templo como autoritativos, embora essas composições nunca tenham se tornado parte do cânone bíblico tradicional.

[5] O nome Jubileus deriva do conceito, encontrado na Bíblia, que, segundo a lei mosaica, todo quinquagésimo ano era um ano de “jubileu”.

[6] Ver Jodi Magness, The Archaeology of Qumran and the Dead Sea Scrolls (Grand Rapids, MI: Eerdmans, 2003).

[7] Salvo indicação contrária, as traduções citadas de textos não-bíblicos de Qumran são de Accordance, “Qumran Non-Biblical Manuscripts: A New English Translation (QUMENG),” versão 4.2, que é baseada em The Dead Sea Scrolls: A New English Translation, ee. Michael O. Wise, Martin G. Abegg Jr., e Edward M. Cook (New York: HarperCollins, 2005).

[8] Além dos capítulos sobre este tópico nos volumes introdutórios citados em “Leitura Adicional”, também existem livros que tratam especificamente das possíveis conexões entre os Manuscritos do Mar Morto, o Novo Testamento e o cristianismo primitivo. Embora de qualidade desigual, ver, por exemplo, Joseph A. Fitzmyer, The Dead Sea Scrolls and Christian Origins (Grand Rapids, MI: Eerdmans, 2000); e James Charlesworth, Jesus and the Dead Sea Scrolls (New Haven: Yale University Press, 1992).

[9] Devido às limitações de espaço, os leitores interessados são incentivados a encontrar publicações confiáveis que apresentem uma visão geral dessas e de outras teorias. Ver, por exemplo, James C. VanderKam e Peter W. Flint, The Meaning of the Dead Sea Scrolls: Their Significance for Understanding the Bible, Judaism, Jesus, and Christianity (San Francisco: HarperSanFrancisco, 2002); e Flint, Dead Sea Scrolls, pp. 311–330.

[10] Para uma revisão extensa deste tópico, ver John J. Collins, The Scepter and the Star: Messianism in Light of the Dead Sea Scrolls, 2ª e. (Grand Rapids, MI: Eerdmans, 2010).

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