Ellen G. White e Sola Scriptura: Diálogo entre Igreja Adventista do Sétimo Dia e Igreja Presbiteriana nos EUA
Escritório da Assembleia Geral das Igrejas Presbiterianas nos EUA
Louisville, KY 23 de agosto de 2007
Merlin D. Burt é o diretor e fundador do Integrated Center for Adventist Research [Centro Integrado para A Pesquisa Adventista] na Andrews University. Ele é, também, diretor da filial do White State, trabalhando, ali, desde 1993, e professor de História da Igreja no Seminário Teológico Adventista do Sétimo Dia. Ele tem publicado diversos artigos e materiais e tem atuando, diversas vezes, como orador, editor e organizador de várias conferências e simpósios.
Tradução: Hugo Martins
O artigo “Ellen G. White e Sola Scriptura” (Original em Inglês: “Ellen G. White and Sola Scriptura”), por Merlin Burt, foi publicado, inicialmente, pelo Adventist Biblical Research Institute. Usado com permissão.
Um dos princípios fundamentais da Igreja Adventista do Sétimo Dia é que os dons do Espírito listados pelo apóstolo Paulo em Romanos 12:4-8, Efésios 4:11-13 e 1 Coríntios 12:27-31 se estendem além do primeiro século E.C. e pode ser esperado na era moderna. Entre esses dons está a profecia e os adventistas acreditam que este dom foi manifestado na vida e no ministério de Ellen G. White (1827–1915).1
Esta crença levou a mal-entendidos por parte de alguns protestantes que concluem que uma manifestação moderna do dom de profecia mina um dos princípios fundamentais da Reforma: Sola Scriptura. Visto que os adventistas acreditam na legitimidade de uma manifestação do dom profético no tempo do fim, alguns concluíram que estes tratam os escritos de Ellen White como escrituras adicionais. Esta conclusão está incorreta.
O objetivo deste artigo é apresentar a visão adventista do sétimo dia sobre a relação entre os escritos de Ellen White e a Bíblia, e demonstrar que os adventistas são cristãos protestantes que acreditam na Sola Scriptura. Apresentaremos uma breve visão geral em quatro partes. Primeira, examinaremos a compreensão adventista mais antiga do dom profético de Ellen White em relação às Escrituras. Depois examinaremos as próprias declarações e experiências de Ellen White em relação às Escrituras. Então consideraremos a compreensão adventista do dom profético de Ellen White em termos de revelação e inspiração especial canônica e não-canônica. Por fim, exploraremos o papel de Ellen White no desenvolvimento doutrinário adventista do sétimo dia.
Compreensão Histórica Adventista dos Escritos de Ellen White
Os adventistas têm seguido historicamente a abordagem restauracionista das Escrituras que rejeita credos e tradições como oficiais. Eles procuram submeter e criticar os séculos de desenvolvimento institucional, litúrgico e doutrinário cristão ao escrutínio direto das Escrituras, a fim de construir uma fé bíblica. Dois dos três principais fundadores da Igreja Adventista do Sétimo Dia, Tiago White e José Bates, vieram da filial do norte da Nova Inglaterra da Igreja Conexão Cristã. Eles trouxeram para o adventismo uma Sola Scriptura firme a priori. Embora os adventistas tenham agora uma declaração de crenças fundamentais, eles não a veem como um credo, mas sim como representativa de seus pontos de vista. Ao longo dos anos, a sua declaração de crenças foi revista e ampliada. O preâmbulo da declaração de crenças fundamentais diz:
Adventistas do sétimo dia aceitam a Bíblia como seu único credo e sustentam que certas crenças fundamentais são os ensinamentos das Sagradas Escrituras. Essas crenças, tal como aqui expostas, constituem a compreensão e a expressão da igreja relativamente ao ensino das Escrituras. A revisão destas declarações pode acontecer em uma sessão da Conferência Geral, quando a igreja for conduzida pelo Espírito Santo a uma compreensão mais completa da verdade bíblica, ou encontrar uma linguagem melhor para expressar os ensinamentos da Santa Palavra de Deus.2
Desde o início do seu movimento, os adventistas do sétimo dia têm olhado decisivamente apenas para a Bíblia para resolver questões de doutrina e prática. A primeira crença fundamental atualmente diz:
As Sagradas Escrituras, Antigo e Novo Testamento, são a Palavra Escrita de Deus, dada por inspiração divina através de homens santos de Deus, que falaram e escreveram movidos pelo Espírito Santo. Nesta Palavra, Deus confiou ao homem o conhecimento necessário para a salvação. As Sagradas Escrituras são a revelação infalível de sua vontade. Eles são o padrão de caráter, o teste da experiência, o revelador autorizado de doutrinas e o registro confiável dos atos de Deus na história (2 Pe 1:20, 21; 2 Tm 3:16, 17; Sl 119:105; Pv 30:5, 6; Is 8:20; Jo 17:17; 1 Ts 2:13; Hb 4:12).3
Em Uma Palavra ao “Pequeno Rebanho,” a primeira publicação dos adventistas sabatistas, Tiago White escreveu: “A Bíblia é uma revelação perfeita e completa. É nossa única regra de fé e prática.”4 Nove anos depois, ele escreveu: “Ainda digo que a Bíblia é minha regra de fé e prática, e, por assim dizer, não rejeito o Espírito Santo em sua diversidade de operações.”5 Em 1863, Tiago White escreveu: “Quando afirmamos estar firmes na Bíblia e somente na Bíblia, comprometemo-nos a receber, inequívoca e plenamente, tudo o que a Bíblia ensina.”6
Uriah Smith, editor de longa data da Review and Herald, escreveu em 1868:
“A Bíblia é capaz de nos tornar sábios para a salvação e nos capacitar completamente para todas as boas obras. As visões propõem invadir este campo e erguer um novo padrão e nos dar outra regra de fé e prática? Nada disso. Pelo contrário, estão sempre em harmonia com a palavra e sempre se referem a ela como teste e padrão.”7
A razão de Tiago White para aceitar a legitimidade da manifestação profética pós-Novo Testamento se fundamentou na sua compreensão das Escrituras. Ele citou Joel 2:28–30 e Atos 2:17–20 e escreveu: “Sonhos e Visões estão entre os sinais que precedem o grande e notável dia do Senhor. Eu sei que esta é uma posição muito impopular sobre este assunto, mesmo entre os adventistas; mas opto por acreditar na palavra do Senhor neste ponto, em vez de nos ensinamentos dos homens.”8 Em 1868, Tiago White continuava firme em sua posição sobre as Escrituras. Ele escreveu:
Vemos agora os dons do Espírito ocupando seu devido lugar. Eles não são manifestados para dar uma regra de fé e prática. Já temos uma regra perfeita nas Escrituras Sagradas. Eles [os dons] não foram concebidos para tomar o lugar das Escrituras. E não são dados porque as Escrituras são uma regra imperfeita de fé e prática. Mas, em consequência dos erros do professo povo de Deus, ao afastar-se da regra perfeita que ele lhes deu, manifestam-se os dons para corrigir os que erram e encaminhá-los para a Bíblia como sua lâmpada e guia.9
Essas declarações são representativas da posição consistente dos primeiros adventistas do sétimo dia sobre a Sola Scriptura. Os primeiros adventistas afirmaram firmemente a autoridade única da Bíblia como normativa em questões de fé e prática. A razão deles para acreditarem na manifestação do dom profético além da era do Novo Testamento se fundamenta em argumentos bíblicos. Esta posição inicial permaneceu consistente até o presente, conforme demonstrado pela atual declaração adventista do sétimo dia de crenças fundamentais.
Ellen White e Escrituras
Ellen White escreveu extensivamente sobre a relação dos seus escritos com a Bíblia, e sobre o papel da Bíblia na fé e na prática. Ela ratificou categoricamente o princípio da Sola Scriptura. Ela escreveu: “A Bíblia, e somente a Bíblia, é a nossa regra de fé.”10 “As palavras da Bíblia, e somente a Bíblia, devem ser ouvidas do púlpito.”11 A conclusão do primeiro livro de Ellen White, publicado em 1851, deu o tom da posição de Ellen White sobre a relação de seus escritos com a Bíblia:
Recomendo a você, caro leitor, a Palavra de Deus como regra de sua fé e prática. Por essa Palavra seremos julgados. Deus, em sua Palavra, prometeu dar visões nos “últimos dias”; não para uma nova regra de fé, mas para o conforto do seu povo e para corrigir aqueles que se desviam da verdade bíblica.12
Esta afirmação feita em seu primeiro livro ecoou por toda a vida dela. No meio do seu ministério, em 1885, ela escreveu publicamente na imprensa da igreja: “A Bíblia, e somente a Bíblia, deve ser nosso credo, o único vínculo da união; todos aquele que curva diante desta Santa Palavra estarão em harmonia.”13 Na sua última apresentação na Sessão da Conferência Geral de 1909, ela concluiu o seu sermão mostrando a Bíblia diante deles e dizendo: “Irmãos e irmãs, recomendo-vos este livro.”14
Ao contar sobre sua experiência e de outros fundadores da Igreja Adventista do Sétimo Dia, ela escreveu: “Então assumimos a posição de que a Bíblia, e somente a Bíblia, deve ser nosso guia; e nunca devemos nos afastar desta posição.”15
Ela escreveu explicitamente sobre o princípio da reforma protestante da Sola Scriptura. “Em nossa época há um grande afastamento de suas doutrinas e preceitos [dos Reformadores], e há necessidade de um retorno ao grande princípio protestante: a Bíblia, e somente a Bíblia, como regra de fé e prática. Deus terá um povo na terra para manter a Bíblia e somente a Bíblia, como o padrão de todas as doutrinas e a base de todas as reformas.”16 Ao se referir a protestantes que apelam à tradição, ou aos pais da igreja, escreveu ela: “Eles podem reivindicar a autoridade da tradição e dos pais, mas, ao fazê-lo, ignoram o próprio princípio que os separa de Roma: a Bíblia e somente a Bíblia, é a religião dos protestantes.”17
Ao todo, os escritos publicados de Ellen White contêm a frase “A Bíblia e apenas a Bíblia” quarenta e cinco vezes e “A Bíblia e somente a Bíblia” quarenta e sete vezes.
A Bíblia desempenhou um papel central na experiência e ministério pessoal de Ellen White. Ela não apenas usou as Escrituras, seus escritos estão repletos com as Escrituras. Vários de seus principais livros são comentários sobre a Bíblia. Seu conflito de cinco volumes do Conflito dos Séculos é, em grande parte, um comentário cronológico sobre a Bíblia. Outros livros, como Parábolas de Jesus e O Maior Discurso de Cristo, são comentários sobre as parábolas de Jesus e os sermões dos evangelhos. Seus outros livros importantes, Educação, Ciência do Bom Viver e Caminho a Cristo, enquanto escritos topicamente estão firmemente enraizados nas Escrituras e nos princípios da Bíblia. Até seus livros de aconselhamento são forte biblicamente orientados.
Ellen White acreditava que suas visões e escritos não teriam sido necessários se os crentes professos tivessem sido diligentes em seu estudo da Bíblia. Em 30 de abril de 1871, ela teve um sonho, o que levou a talvez sua discussão mais direta sobre o relacionamento de seus escritos com a Bíblia.18 Ela se viu se dirigindo a um grande grupo em uma importante reunião da igreja. “Vocês não estão familiarizados com as Escrituras,” escreveu ela. “Se vocês tivessem feito da palavra de Deus o seu estudo, desejosos em alcançar o padrão bíblico e a perfeição cristã, não teria precisado dos Testemunhos. Por negligenciarem a se familiarizar com o Livro Inspirado de Deus, que ele procurou alcançá-los por meio de testemunhos simples e diretos.” Ela continuou: “O Senhor deseja adverti-los, reprovar, aconselhar, por meio dos testemunhos dados, e impressionar mente de vocês com a importância da verdade de sua palavra. Os testemunhos escritos não são para dar nova luz, mas gravar vividamente no coração as verdades da inspiração já reveladas.”19
Ellen White usou analogia para descrever o relacionamento de seus escritos com as Escrituras. Ela escreveu que “pouca atenção é dada à Bíblia, e o Senhor deu uma luz menor para conduzir homens e mulheres à luz maior.”20 A comparação “luz maior-menor” sugere que “assim como a lua da lua deriva sua luz do sol e reflete apenas o que essa fonte emite, suas mensagens são vistas como derivando sua autoridade das escrituras, servindo apenas para espelhar os princípios nelas apresentados.”21
Essas descrições e declarações claras deixam bem evidente que Ellen White acreditava em Sola Scriptura, concomitante que Deus falou com ela de forma sobrenatural e profética.
Escritos de Ellen White e o Cânone Bíblico
Embora os adventistas do sétimo dia não vejam diferença na natureza ou caráter da inspiração de Ellen White em comparação com os escritores da Bíblia, eles são muito claros sobre a diferença entre o papel e a função da Bíblia e de seus escritos. Adventistas comparariam seus escritos com profetas não canônicos, como Enoque, Hulda, Débora, Miriam, Elias, Eliseu, Natã, Gade, Aías, Ido, João Batista e discípulos/apóstolos de Jesus que não escreveram porções das Escrituras. Ellen White escreveu:
Durante os tempos em que as Escrituras do Antigo e do Novo Testamento foram dadas, o Espírito Santo não cessou de comunicar luz às mentes individuais, aparte das revelações a serem incorporadas no Cânone Sagrado. A própria Bíblia relata como, através do Espírito Santo, os homens receberam advertência, repreensão, conselho e instrução, em assuntos que não se relacionavam de forma alguma com a entrega das Escrituras. Menciona-se profetas em diferentes idades, cujas declarações não estão registradas. Da mesma forma, após o encerramento do cânone das Escrituras, o Espírito Santo continuaria a trabalhar, para iluminar, alertar e confortar os filhos de Deus.22
Natã, em particular, é um bom exemplo de um profeta não canônico com um papel semelhante ao Ellen White. Ele é chamado de profeta, escreveu um livro inspirado, mas seu livro não está incluído na Bíblia. No entanto, o seu papel profético foi reconhecido por David (que era ele próprio um profeta canônico). Ver 1 Reis 1; 1 Crônicas 17:1–15; 29:29; 2 Crônicas 9:29; Salmo 51:1.
Assim, os adventistas e Ellen White atribuem claramente a autoridade fundamental ao cânone das Escrituras e não entendem visões e sonhos proféticos modernos como escrituras adicionais.23
Papel de Ellen White na Doutrina Adventista do Sétimo Dia
Um ponto adicional precisa ser considerado antes de concluirmos esse artigo explicativo e esse é o papel das visões e sonhos de Ellen White no desenvolvimento da doutrina adventista do sétimo dia. Pode-se demonstrar historicamente que os escritos de Ellen White não foram a fonte de nenhuma doutrina adventista do sétimo dia. Seus conselhos enriqueceram o estudo doutrinário adventista e proporcionaram uma influência correta e unificadora, mas seus escritos nunca foram a base para a doutrina adventista fundamental ou a experiência cristã. Segue-se um breve levantamento do desenvolvimento das crenças adventistas do sétimo dia.
Os adventistas trouxeram consigo de outras denominações protestantes suas doutrinas de Deus, salvação e pecado. Embora esses conceitos tenham se desenvolvido ao longo do tempo, eles estão mais próximos dos arminianos e mais distantes do calvinismo. Certas doutrinas que podem ser consideradas distintas para os adventistas do sétimo dia também foram herdadas ou desenvolvidas através do estudo da Bíblia. O conceito do retorno iminente de Jesus baseado em uma interpretação historicista de Daniel e Apocalipse veio através do movimento milerita e de uma compreensão dos historicistas Reforma. A doutrina adventista da imortalidade condicional, a inconsciência da alma na morte e a destruição final dos perdidos era minoritária dentro do movimento da milerita, mas circulado pela influência de George Storrs.24 O conceito do sábado do sétimo dia foi em grande parte devido à influência dos batistas do sétimo dia. Ellen White aceitou a imortalidade condicional antes de ter sua primeira visão e aceitou o sábado através do estudo pessoal da Bíblia em conexão com um tratado escrito por José Bates. Isso foi logo após o casamento dela ou em setembro de 1846. Ela só teve uma visão sobre o sábado cinco meses depois. A doutrina do santuário celestial e a importância escatológica do sábado ocorreram em grande parte através da influência teológica de O. R. L. Crosier e José Bates.25 As visões de Ellen White forneceram apoio e enriquecimento, mas os conceitos essenciais foram derivados e explicados biblicamente.
A doutrina do dízimo esperou até que os adventistas estudassem biblicamente o assunto na década de 1870. O desenvolvimento desta doutrina não foi iniciado ou dirigido pelos escritos de Ellen White.26
A grande mudança teológica mais recente para os adventistas do sétimo dia foi a adoção formal da doutrina da Trindade. Foi uma ênfase renovada nos temas soteriológicos e cristológicos, e, particularmente, na relação entre evangelho e lei durante a década de 1890 e início do século XX, que levou a uma nova apreciação da plena igualdade, personalidade e unidade da divindade. Mais uma vez, Ellen White não introduziu esta compreensão, embora os seus escritos tenham enriquecido e empurrado a igreja numa direção bíblica. Suas declarações claras sobre a divindade eterna e igualdade de Jesus ao Pai e a personalidade e plena divindade do Espírito Santo ajudaram a unificar a igreja na doutrina. Ela escreveu em O Desejado de Todas as Nações: “Em Cristo há vida, original, não emprestada, não derivada.”27 Ela também escreveu sobre o Espírito Santo: “O pecado só poderia ser resistido e superado através da poderosa ação da Terceira Pessoa da Divindade, que viria sem energia modificada, mas na plenitude do poder divino.”28 Mesmo com a sua influência, todavia, passaram décadas para que a doutrina se tornasse dominante entre os adventistas. Embora os escritos de Ellen White tenham sido influentes, foram as Escrituras que continuaram a ser a autoridade determinante para esta doutrina.
Portanto, Ellen White não é a fonte ou iniciadora do desenvolvimento doutrinário adventista do sétimo dia. Seus escritos proporcionaram uma influência unificadora e enriquecedora. Suas posições não resultaram em ignorar o estudo bíblico, mas serviram como um catalisador para estudos adicionais da Bíblia.
Conclusão
Este breve artigo forneceu uma visão geral da visão adventista do sétimo dia a respeito de Ellen White e Sola Scriptura. Adventistas se consideram protestantes, e, desde o início, adotaram uma abordagem restauracionista do princípio da Sola Scriptura. Ellen White também enfatizou explicitamente a esse princípio. Nem os primeiros adventistas nem a própria Ellen White viram a experiência profética dela como incompatível com este princípio. Em vez disso, eles entendiam as suas visões como um cumprimento das predições bíblicas e sujeitas à autoridade bíblica. Ellen White foi além e afirmou que seus escritos pretendem levar as pessoas de volta à Bíblia, e nem sequer seriam necessários se houvesse maior fidelidade nos estudos e práticas da Bíblia. Finalmente, um exame do desenvolvimento doutrinário adventista do sétimo dia mostra que as visões e os sonhos proféticos de Ellen White apoiaram e enriqueceram o processo, mas nunca foram originários ou determinantes.
É vital compreender a apaixonada experiência pessoal de Ellen White em relação à Bíblia. Ela estudou aplicadamente a Bíblia e gravou grande parte dela na memória. Ela não interpretava as Escritos como mera simbologia. Tanto seus escritos pessoais quanto públicos estão centrados na Bíblia e contêm alusões, referências e citações quase contínuas a Palavra. Padrões teológicos e de estilo de vida que ela promoveu estão invariavelmente ligados às Escrituras. Espera-se que os adventistas do sétimo dia continuem a concentrar sua atenção na Bíblia e valorizar os princípios da Sola Scriptura.
Algumas Declarações Adicionais de Ellen White sobre A Relação de Seus Escritos Com A Bíblia
O Senhor deseja que vocês estudem suas Bíblias. Ele não deu nenhuma luz adicional para tomar o lugar de sua Palavra. Essa luz direciona mentes confusas à sua Palavra, que, se comida e digerida, é como a força vital da alma. Boas obras, então, serão vistas como luz brilhando na escuridão. —Carta 130, 1901.
No trabalho público, não se destaca e cita o que a irmã White escreveu, como autoridade para sustentar a posição de ninguém. Fazer isso não aumentará a fé nos testemunhos.
Tragam suas evidências, simples e claras, da Palavra de Deus. Um “Assim diz o Senhor” é o testemunho mais forte que você pode apresentar ao povo. Que ninguém seja instruído olhar para a irmã White, mas para o Deus Poderoso que dá instruções à irmã White. —Carta 11, 1894.
É meu dever primordial apresentar os princípios da Bíblia. Então, a menos que haja uma reforma decidida e conscienciosa feita por aqueles cujos casos foram apresentados diante de mim, devo apelar pessoalmente a eles.—Carta 69, 1896.
O Espírito não foi dado—nem pode ser concedido—para substituir a Bíblia; pois as Escrituras declaram explicitamente que a palavra de Deus é o padrão pelo qual todo ensino e experiência devem ser testados. Isaías diz: “À lei e ao testemunho! Se eles não falarem segundo esta palavra, jamais verão a luz do alvorecer” (Is 8:20). O Grande Conflito, Introdução, p. vii.
O irmão J confunde a mente, buscando fazer parecer que a luz que Deus deu através dos testemunhos é uma adição à Palavra de Deus, mas nisso ele apresenta o assunto sob uma luz falsa. Deus achou por bem desta maneira trazer as mentes do seu povo para a sua Palavra, para lhes dar uma compreensão mais clara dela. —Carta 63, 1893.
A Bíblia deve ser sua conselheira. Estude ela e os testemunhos que Deus deu; pois eles nunca contradizem sua Palavra. —Carta 106, 1907.
Se os testemunhos não falarem de acordo com a Palavra de Deus, rejeite-os. Cristo e Belial não podem ser unidos (Testemunhos, vol. 5, p. 691).
Como pode o Senhor abençoar aqueles que manifestam um espírito de “não me importa”, um espírito que os leva a andar contrariamente à luz que o Senhor lhes deu? Mas não peço que você pegue minhas palavras. Coloque a irmã branca para um lado. Não cite minhas palavras novamente, até que você viva e obedeça à Bíblia. Quando você fizer da Bíblia sua comida, sua carne e sua bebida, quando fizer dos princípios dela o fundamento do seu caráter, saberá melhor como receber um conselho de Deus. Eu exalto a preciosa Palavra diante de você hoje. Não repita o que eu disse, dizendo: “A irmã White disse isso,” e “A irmã White disse aquilo”. Descubra o que o Senhor Deus de Israel diz, então faça o que ele ordena. —Manuscrito 43, 1901 (De um discurso aos líderes da igreja na noite anterior à abertura da sessão da Associação Geral de 1901).
Notas
1 Seventh-day Adventists Believe: An Exposition of the Fundamental Beliefs of the Seventh-day Adventist Church, 2ª e. (Silver Spring, MD: Ministerial Association, General Conference of Seventh-day Adventists, 2005), p. 247.
2 Ibid., v.
3 Ibid., p. 11.
4 [Tiago White], A Word to the “Little Flock,” 30 de maio de 1847, p. 13.
5 [Tiago White], “Note,” Review and Herald, 14 de fevereiro de 1856, p. 158.
6 [Tiago White], “Do We Discard the Bible by Endorsing he Visions?,” Review and Herald, 13 de janeiro de 1863, p. 52.
7 [Uriah Smith], The Visions of Mrs. E. G. White: A Manifestation of Spiritual Gifts According to the Scriptures (Battle Creek, MI: Seventh-day Adventist Publishing, 1868), p. 13.
8 Ibid. Ver, também, Frank B. Holbrook, “The Biblical Basis for a Modern Prophet,” Biblical Research Institute, Washington, DC, abril de 1982.
9 Tiago White, Life Incidents in Connection with the Great Advent Movement: As Illustrated by the Three Angels of Revelation XIV (Battle Creek, MI: Seventh-day Adventist Publishing, 1868), p. 328.
10 Ellen G. White, Conselhos sobre Escola Sabatina, p. 84.
11 Ellen G. White, Profetas e Reis, p. 626.
12 Ellen G. White, A Sketch of the Christian Experience and Views of Ellen G. White (Saratoga Springs, NY: James White, 1851), p. 64.
13 Ellen G. White, “A Missionary Appeal,” Review and Herald, 15 de dezembro de 1885, pp. 769–770.
14 Citado em W. A. Spicer, The Spirit of Prophecy in the Advent Movement (Washington D.C.: Review and Herald, 1937), p. 30.
15 Ellen G. White, Letter 105, 1903, (EGW Estate, Silver Spring, MD).
16 Ellen G. White, O Grande Conflito, pp. 204, 595.
17 Ellen G. White, O Grande Conflito, p. 448.
18 Para uma excelente discussão sobre a relação entre os escritos de Ellen White e as Escrituras, ver: Tim Poirier, “Contemporary Prophecy and Scripture: The Relationship of Ellen G. White’s Writings to the Bible in the Seventh-day Adventist Church, 1845–1915” (Artigo de Pesquisa, Seminário Teológico Wesley, março de 1986).
19 Ellen G. White, Testemunhos para A Igreja, 2:605–606.
20 Ellen G. White, “An Open Letter from Mrs. E. G. White to All Who Love the Blessed Hope,” Review and Herald, 20 de janeiro de 1903, p. 15.
21 Poirier, “Contemporary Prophecy,” p. 16.
22 White, O Grande Conflito, 1911, viii.
23 Ver o anexo da revista Ministry de fevereiro de 1983 para uma explicação mais recente dos escritos de Ellen White e do cânone das Escrituras.
24 George Storrs, “An Inquiry: Are the Wicked Immortal? In Six Sermons,” Bible Examiner, maio de 1843, pp. 2–14; idem, “Intermediate State of the Dead, or State from Death until the Resurrection,” Bible Examiner, maio de 1843, pp. 15–16.
25 O. R. L. Crosier e F. B. Hahn, Day-Dawn, publicado na última página do Ontario Messenger, 26 de março de 1845; O. R. L. Crosier, “The Law of Moses,” Day-Star Extra, 7 de fevereiro de 1846, pp. 37–44; José Bates, The Seventh day Sabbath, a Perpetual Sign, from the Beginning to the Entering into the Gates of the Holy City, According to the Commandment (New Bedford, MA: Benjamin Lindsey, 1847).
26 Relatório da Conferência Geral Realizada em Battle Creek, Michigan, de 3 a 6 de junho de 1859, contendo um discurso sobre benevolência sistemática e discursos práticos (Battle Creek: MI: Review & Herald Office, 1859); Systematic Benevolence: The Bible Plan of Supporting the Ministry (Battle Creek, MI: Seventh-day Adventist Publishing, 1878).
27 Ellen G. White, Desejado de Todas As Nações, p. 530.
28 Ibid., p. 671.