A Denominação Adventista Emergiu em Meio ao Debate sobre a Estrutura da Igreja
Texto de Elizabeth Lechleitner. Postagem original em inglês encontra-se no Site Oficial da Associação Geral da IASD.
“Por volta de 1854, o movimento quase cai a ruína porque não conseguia pagar os seus ministros. Você tem [John Norton] Loughborough pedindo por um pedaço de pão,” disse o historiador adventista David Trim. “Chegou ao ponto onde ele não conseguia nem mesmo sustentar a sua família.
Profundamente desanimados, Loughborough, John Nevins Andrews, e outros obreiros dos primórdios da igreja, se mudaram para Waukon, Iowa, em 1956, onde decidiram fixar residência e servir como missionários. Mas o ambiente rural provia poucas oportunidades para testemunhar e clima inclemente forçou Loughborough a trabalhar com carpintaria em vez de agricultura.
Pouco tempo depois, os co-fundadores da igreja, Ellen e Tiago White, chegaram de surpresa para verificar a visível negligência dos obreiros.
[Ellen] encontra Loughborough e três vezes diz a ele: “O que tu fazes aqui, Elias?”; e o constrange a voltar a obra, ” disse Trim. White estava se referindo ao profeta do Antigo Testamento que desconfiou de Deus e se escondeu em uma caverna.
“Mas é nesse momento quando compreendem que eles tinham que encontrar um jeito de dar suporte aos seus ministros e isso significava que cada igreja precisava de um tesoureiro,” disse Trim.
A história destaca o desafio que os primeiros adventistas tinham em frente: ainda se pautavam na ideia de adotar uma estrutura de igreja formal, mas estava ficando claro que apenas ser zeloso não era efetivamente o suficiente para espalhar a mensagem do evangelho.
Mas, como a igreja deveria seguir adiante, era uma questão delicada.
No fim nos anos 1840’s, o movimento adventista consistia de grupos muito segmentados, conectados por meio de periódicos tais como a “Advent Review & Sabbath Herald” e as esporádicas Conferências Sabatistas, onde os crentes se encontravam para discutir e, com mais frequência, tratarem dos pontos essenciais da doutrina. “Dificilmente duas pessoas concordavam com algo,” Ellen White disse acerca da segunda conferência em 1848.
De fato, de acordo com o historiador adventista George Knight, requeria-se uma “liderança forte e devidamente orientada para formar um corpo de crentes dentro das condições caóticas do adventismo pós-desapontamento.
Apesar dos persistentes temores que uma estrutura eclesiástica equivalia a “Babilônia” – ou religião organizada em favor da simplicidade do evangelho – líderes como os Whites e Joseph Bates estavam firmemente convictos da necessidade de se organizarem.
Organização formal, argumentavam eles, daria a igreja primitiva o fundamento legal e financeiro necessário para registrar a igreja como propriedade, pagar e enviar pastores e determinar como congregações locais deveriam relacionar-se umas com as outras e com a liderança da igreja.
Tiago White foi além, sugerindo que a estrutura era um indicador de uma administração adequada. Em uma declaração da Review em 1860, ele disse: “é perigoso deixar com o Senhor o que Ele nos deixou e, assim, acomodarmos em fazer pouco ou nada.” Ele estava especialmente interessado no ministério de publicações da igreja que ele queria manter e gerir”de uma forma legalizada.”
O ímpeto pela causa cresceu nos meses precedentes ao que seria uma reviravolta no encontro administrativo da igreja em Battle Creek, Michigan, em outubro de 1860. Ali, White desafiou os seus oponentes a encontrar uma passagem bíblica contrária a organização. Quando eles fracassaram, o grupo seguiu em frente. Eles adotaram uma constituição para incorporar legalmente a associação de publicações da igreja, admoestaram as igrejas locais a “legalizarem as propriedades da igreja” e escolherem um nome para os crentes que estavam dispersos – Igreja Adventista do Sétimo Dia.
No começo de 1981, em um outro encontro administrativo em Battle Creek, os líderes da igreja no Centro-Oeste fizeram três recomendações a mais, acrescentando as que eles tinham feito no ano anterior. Eles oficialmente incorporaram a Associação de Publicações da Igreja Adventista do Sétimo Dia, apoiaram a formação de associações estaduais ou distritais e orientaram as igrejas locais a manterem os registros financeiros e de membros atualizados.
Adventistas no leste dos Estados Unidos, disse Knight, reagiram “negativamente,” rejeitando as recomendações e acusando White e seus apoiadores no Centro-Oeste de apostasia.
White atribuiu o impasse ao silêncio dos principais líderes da igreja na questão sobre a organização, disse Knight. Ellen White concordou, lamentando a falta de “coragem moral” diante do silêncio destes líderes. Ela teve uma visão revelando que a verdadeira “Babilônia” era a confusão e o conflito que acompanham a desorganização.
“Em vez de sermos um povo unido, crescendo com vigor, estamos em muitos lugares não muito melhor do que meros fragmentos despedaçados e crescendo debilmente. Por quanto tempo ainda havemos de esperar?” Escreveu Tiago White na Review em agosto de 1981.
Em pouco tempo, o apoio para a organização da igreja começou a crescer. Em outubro, adventistas em Michigan foram os primeiros a organizar uma associação estadual. Nos próximos doze meses, adventistas de mais seis estados nos E.U.A. seguiram a mesma direção Exceto por uns poucos opositores no Leste, a guinada rumo a organização parecia imparável em 1862.
Mas sem uma organização centralizada, líderes como Tiago White, Joseph Harvey Waggoner e Andrews temiam que a igreja perdesse os amplos benefícios da organização. Eles propuseram que cada associação estadual enviasse um ministro ou “delegado” para um encontro administrativo ou uma conferência geral.” A necessidade de um ministério pastoral confiável foi um fator determinante. Se pastores eram comissionados com benevolência sistemática, argumentou White, eram ainda mais comissionados a um “trabalho sistemático.”
Então, em maio de 1863, 20 delegados – 10 dos quais representavam a Associação de Michigan – encontraram-se em Battle Creek para organizar a Conferência Geral dos Adventistas do Sétimo Dia “com o propósito de assegurar a unidade e eficiência no trabalho, promover os interesses gerais da causa da verdade presente e o aperfeiçoamento da organização dos adventistas do sétimo dia.”
Os delegados também adotaram uma carta magna, um regimento modelo para as associações estaduais e elegeram os três departamentos mais importantes: presidência, secretaria e tesouraria. Mesmo eleito por unanimidade, Tiago White recusou a presidência, temendo que ser presidente manchasse sua campanha para a organização como “uma tomada calculada de poder para fins próprios,” disse Knight. Em seu lugar, John Byington serviu como o primeiro presidente da denominação.
Mas [Tiago White] o homem que ajudou a fundar o modelo de tomada de decisões para a igreja já era uma das influências mais poderosas. White introduziu a noção de que se quaisquer ações e práticas não estão “proibidas nas Bíblia e não violam o senso comum,” elas são legítimas, disse Knight. Isso desafiou a interpretação estritamente literal da Bíblia como praticada pelos primeiros adventistas.
“Adotar uma compreensão limitada teria amplamente paralisado a igreja em relação ao tempo e acultura,” disse Knight.
Com um entendimento mais amplo e a aceitação da estrutura, a igreja se tornara melhor equipada para refinar sua identidade doutrinária e sua organização missionária.
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