O Remanescente no Tempo do Fim em Apocalipse

O Remanescente no Tempo do Fim em Apocalipse



Ekkehardt Müller é diretor associado do Instituto de Pesquisas Bíblicas da Associação Geral. Antes de se juntar ao instituto, o Pastor Mueller atuou como Pastor e Ministerial por mais de duas décadas. Atualmente, ele está muitíssimo envolvido em escrever artigos e lecionar classes ao redor do mundo. Ekkehardt adora jardinagem e pintura. Boa música é também um elemento importante no lar de  Ekkehardt, sendo sua esposa Geri uma professora de música. Quando seus filhos, Eike e Eno, estão em casa, o “quarteto” está completo.


Tradução: Hugo Martins

O artigo “O Remanescente no Tempo do Fim em Apocalipse” (Original em Inglês: “The End Time Remnant in Revelation”), por Ekkehardt Mueller, fora publicado, inicialmente, pelo Adventist Biblical Research Institute.  Usado com permissão.


O termo “remanescente” (loipós) aparece diversas vezes em Apocalipse (2:24; 3:2; 8:13; 9:20; 11:13; 12:17; 19:21; 20:5). Em algumas traduções, esse termo às vezes é traduzido como “outros.” Em contraste com o termo “igreja,” a palavra “remanescente” não se aplica apenas aos crentes verdadeiros. Em vários casos é até usado com conotação negativa. O remanescente pode ser fiel ou infiel. Embora o infiel será destruído, o remanescente fiel é identificado por certas características. O diagrama a seguir ilustra como o termo “remanescente” é usado em Apocalipse:

  1. O “remanescente” sem ligação direta com a igreja:

    1. O restante das trombetas (8:13)

    1. Os sobreviventes:

O restante do povo (os dois terços sobreviventes da população), que não são destruídos pelas pragas (9:20)

Os habitantes da cidade (menos 7.000), que não são mortos (11:13)

    1. O remanescente como um grupo de pessoas sujeitas ao juízo: os outros (adoradores da besta) são mortos (19:21)

O restante dos (outros) mortos foram ressuscitados após o milênio (20:5)

  1. O remanescente em conexão com a igreja

    1. Possivelmente negativo:

O remanescente (neutro) em conexão com a igreja de Sardes que está prestes a morrer (3:2)1

    1. Possivelmente positivo:

Os sobreviventes de 11:13 ficam aterrorizados e dão glória a Deus. À luz de 14:7 eles parecem retornar a Deus e se tornam um remanescente fiel.

    1. Positivo, o remanescente fiel: Na igreja de Tiatira (2:24) O remanescente do tempo do fim (12:17)

A última referência textual é de especial importância, visto que o remanescente não está confinado a um ambiente local (3.2; 2.24), mas é, em vez disso, o remanescente universal, ou seja, o remanescente da igreja como um todo. Concentrar-nos-emos nisso.

  1. O Remanescente em Apocalipse 12–14

    1. O Contexto Literário

O relato do remanescente em Apocalipse 12:17 faz parte do quarto segmento principal do Apocalipse (Ap 11:19–14:20), a peça central do livro. Três séries de setes o precedem: as cartas às igrejas, os selos e as trombetas. Em Apocalipse 12–14, este mecanismo de setes é interrompido e um grupo de três domina a cena. No entanto, estruturalmente, esta visão se assemelha à série anterior de setes.2

Batalha com As Forças do Mal

      1. A Cena do Templo (11:19)

A cena do templo em Apocalipse 11:19 funciona como uma preparação para as questões seguintes, assim como as cenas anteriores do templo introduziram séries individuais de setes. O local mencionado em Apocalipse 11:19 é o lugar santíssimo do santuário celestial (Êx 40:20–28). A arca da aliança está visível e no centro.

A arca da aliança está ligada a três elementos ou conceitos importantes:

        1. A arca continha os dez mandamentos (Êx 25:21; Dt 10:1–2). Portanto, a cena introdutória levanta a questão do que acontecerá com a lei incessantemente vinculativa de Deus durante a história da igreja e no tempo do fim, bem como isso está relacionado com a fidelidade a Deus.

        1. A arca estava coberta com o propiciatório (Êx 25:21). A salvação vem somente pela graça de Deus através do auto-sacrifício substitutivo de Jesus. Aqueles que infringem a lei podem ser perdoados e o indivíduo pode receber perdão sob a condição de fé, que, segundo o Novo Testamento, não tem mérito por si só.

        1. O dia da expiação é mencionado. Apenas uma vez ao ano, no Dia da Expiação, o sumo sacerdote era autorizado a entrar no Lugar Santíssimo (Lv 16), enquanto a congregação permanecia adorando em frente ao santuário. Este foi um rito jurídico simbólico para retratar a eliminação final do pecado fim do tempo.

Os três aspectos aparecem na “descrição profética” (Ap 12–13), bem como no “destaque sobre os últimos acontecimentos” (Ap 14).

  1. A lei de Deus (Dez Mandamentos):

Observância (12:17; 14:12)

Rejeição (12:4, 15; 13:4, 6, 8, 12, 14, 15; 14:11)

  1. Graça com base na morte sacrificial de Jesus e na resposta pela fé (12:11; 13:10; 14:12)

  1. Adoração e juízo:

Verdadeira adoração e juízo (14:7)

Falsa adoração (12:11)

      1. A Descrição Profética (12–13)

        1. O Dragão e a Mulher (12:1–17)

O dragão, a mulher, o filho homem, Miguel e o remanescente são os personagens principais de Apocalipse 12. O pequeno quiasma a seguir mostra como aparecem:

A A mulher, o filho e o dragão (12:1–6)

B Miguel e o dragão (12:7–12)

A’ A mulher, o remanescente e o dragão (12:13–17)

Este capítulo está claramente dividido em três seções. A primeira e a última seções correspondem entre si. No entanto, a seção intermediária também está ligada às outras duas partes: A e B estão associadas pelas frases “lançou à terra” (a saber, as estrelas, v.4) e “foi lançado fora” [NVI] (ou seja, Satanás e seus anjos; v.9). B e A’ estão ligados pelo tema comum da batalha (vv.7, 17). O esboço a seguir fornece uma visão geral do capítulo:3

A A mulher, o filho e o dragão (12:1–6)

          1. Introdução da mulher (1–2)

          1. Introdução do dragão (3)

          1. O dragão contra as estrelas e o filho da mulher — tentativa de matar a criança (4)

          1. Nascimento do filho e sua ascensão (5)

          1. A fuga da mulher para o deserto (1260 dias) (6)

B Miguel e o Dragão (12:7–12)

            1. A batalha e os resultados (7–9)

            1. Avaliação em um hino (10–12)

A’ A mulher, o remanescente e o dragão (12:13–17)

  1. Ação: O dragão — perseguição à mulher que deu à luz o filho (13)

  1. Resposta: A águia — a mulher foge para o deserto (3 anos e meio) (14)

  1. Ação: A serpente — tentativa de matar a mulher (15)

  1. Resposta: O resgate terrestre da mulher das garras do dragão (16)

  1. Ação: O dragão — guerra contra o remanescente (17)

A4 e A5 estão ligados a A’1 e A’2 pelos temas da perseguição e do resgate. A descrição da mulher em A1 é espelhada pela descrição do remanescente em A5. Em A3 e A’3 o pensamento comum é a tentativa de homicídio.

Na seção A, a mulher dá à luz o filho, atacado pelo dragão. Como seção paralela, A’ menciona a mulher dando à luz ao remanescente perseguido pela ira do dragão. Após um tempo de sofrimento, a criança é levada para Deus. O sofrimento não é mencionado em 12.5, mas está implícito em 12.11 pela menção do sangue do Cordeiro (seção B). Aparentemente, o remanescente da sua descendência terá que suportar a angústia antes que eles, como redimidos, fiquem com o Cordeiro no Monte Sião (14:1).4

A mulher é um símbolo da verdadeira igreja de Deus. Tanto no Antigo Testamento como no Novo Testamento, o povo de Deus é comparado a uma mulher (Is 54:5–6; Ef 5:25–32). Assim que o povo de Deus se separa do Senhor, eles se tornam, como grupo, uma prostituta (Jr 3:20; Ez 23:2–4). Realmente, no livro de Apocalipse. a igreja fiel (Ap 12) é contrastada com uma igreja que se afastou do Senhor, a prostituta Babilônia (Ap 17).

O filho é Jesus Cristo: (1) Governar com vara de ferro é tirado do Salmo 2, um salmo messiânico. (2) Esta expressão é usada em Apocalipse 19:15 aplicada a Jesus. (3) Acriança arrebatada para Deus e o trono apontam para a ascensão de Jesus e sua iniciação à direita de Deus.

O dragão é Satanás (12:9). Ele é a primeira parte da trindade satânica que aparece em 12–14. Visto que após a ascensão de Jesus o dragão não pode mais atacá-lo, ele se volta especificamente contra a igreja de Deus e o remanescente da sua descendência. Aparentemente, o dragão leva a cabo esta batalha contra o remanescente através da besta que saiu do mar (13a) e da besta que saiu da terra (13b).5 A besta marinha, que aparece imediatamente após o dragão e declara guerra contra os santos, recebe seu poder e autoridade diretamente do dragão (13:2). O dragão “foi travar guerra com o restante da descendência” (12:17, poiḗsai pólemon metà tōn loipón). A besta do mar recebe poder para “fazer guerra aos santos [poiēsai pólemon meta tōn hagiōn] e vencê-los” (13:7). A besta que emerge da terra fala como um dragão (13:11) e está ligada à besta do mar que lhe concedeu o poder dela, pois não possui por si só (13:14–15).

        1. A Besta que Emerge do Mar e Os Santos (12:18–13:10)

Uma visão geral de Apocalipse 13a revela a seguinte estrutura:

  1. Descrição da besta e da reação da humanidade (13:1–4)

    1. Descrição da besta (1–3a)

      1. Aparência da besta

      1. Autoridade do dragão

      1. Ferida mortal e recuperação

    1. Reação da humanidade: Adoração (3b-4)

  1. Ações da besta e reação da humanidade (13:5–8)

    1. Ações da besta (5–7)

      1. Foi-lhe dado uma boca para proferir blasfêmias

      1. Foi-lhe dado autoridade para agir por 42 meses

      1. Ele abriu a boca em blasfêmia contra Deus, contra o tabernáculo e contra aqueles que habitam no céu

      1. Foi-lhe dado fazer guerra aos santos

      1. Foi-lhe dado autoridade sobre as nações

    1. Reação da humanidade: Adoração (8)

  1. A tríplice Se alguém. . .” e a atitude dos santos: Aqui está. . .” (13:9–10)

A besta do mar depende6 claramente do dragão e colabora com ele. Em contraste com a descrição e as ações da besta do mar (13.1–8), há uma breve descrição dos santos começando com as palavras “Aqui está. . . ” (13:10b). As seções 13:1–4 e 13:5–8 parecem ser paralelas.7 Em ambas as partes da boca, são mencionados blasfêmia, poder e adoração.8 A morte pela espada no final da passagem (13:10) pode ser um lembrete da ferida mortal no início do texto. A adoração universal da humanidade é mencionada duas vezes. Infelizmente, não é dada a Deus, mas ao dragão e à besta. As ações da besta do mar são dirigidas contra Deus e contra os santos.

  1. A Besta que Emerge da Terra e Os Habitantes da Terra (13:11–19)

Em contraste com a passagem sobre a besta do mar e os santos, Apocalipse 13b não faz referência aos santos, embora as duas bestas estejam intimamente relacionadas. No entanto, Apocalipse 13b aponta extensivamente para aqueles que habitam na terra (13:8; 13:12; 14:14), um grupo de pessoas consistentemente apresentado de forma negativa ao longo do livro de Apocalipse. A besta da terra exerce seu poder através da força. Todos os que se submetem a esta força fazem parte destes habitantes da terra. Por outro lado, quem não adora a imagem da besta está ameaçado de morte. Quem aceitar a marca da besta terá de antecipar um boicote econômico. Este grupo que resiste à besta não é mencionado por um nome específico.

Rev 13b pode ser descrito da seguinte forma:

  1. Descrição da besta (11)

  1. Ações da besta (12–17)

    1. Primeira besta (duas vezes), pressão para adorar — habitantes da terra (12)

    1. Sinais (duas vezes) — habitantes da terra (13–14a)

    1. A imagem da besta (quatro vezes), pressão para adorar — habitantes da terra (14b–15)

    1. Marca da besta (duas vezes) — descrição sêxtupla dos habitantes da terra (16–17)

  1. Aqueles que entendem: “Aqui está . . .” (18)

Assim como na seção anterior, o tema da adoração é usado em dois versos diferentes. Novamente, é uma adoração equivocada em oposição à verdadeira adoração de Deus.

  1. Conclusão

Satanás está lutando contra a igreja (Ap 12), especialmente contra o remanescente (12:17). Ele luta contra ele por meio da besta que emerge do mar (Ap 13a) e através da besta que emerge da terra (Ap 13b), que ergue uma imagem. Embora a besta do mar e a imagem não sejam idênticas, ambas buscam o mesmo objetivo. A questão final gira em torno da adoração: adoração a Deus ou adoração a sistemas feitos pelo homem, ou sendo mais específico, adoração a Satanás. Todos os que se opõem à adoração falsa e são obedientes a Deus terão de enfrentar graves problemas. Ainda assim, haverá pessoas que se apegarão firmemente à sua fé (13:10) e à obediência a Deus (12:17).

      1. O Destaque nos Evento Finais (14:1–13)

        1. Os 144.000 (14:1–5)

Começando com Apocalipse 14:1–5, a perspectiva muda. Isso resulta no seguinte panorama:

  1. “Eu vi” — o Cordeiro e os 144.000 (1)

  1. “Eu ouvi” — o novo cântico dos 144.000 (2–3)

  1. Características dos 144.000 (4–5)

O Cordeiro e Os 144.000 estão no Monte Sião. Aqueles que foram condenados e perseguidos no capítulo 13 agora triunfam com o Cordeiro.9 Em vez da marca da besta na testa, essas pessoas levam o nome do Cordeiro e do Pai. Elas pertencem a Deus. Ele as guarda. São semelhantes a ele. Eles cantam um novo cântico sobre a experiência deles na batalha final entre a verdade e o erro, entre Deus e Satanás. Eles são comprados. Mesmo estando impossibilitados de comprar ou vender (Ap 13:17), Jesus lhes comprou. Salvação custou caro. Custou a vida de Jesus.

Os 144.000 não se contaminaram com mulheres. Eles são virgens. Isso significa que eles não entraram em um relacionamento com a religião falsa ou eles se separaram dela.10 Eles seguem Jesus aonde quer que Ele vá (cp. Jo 10:27–28) e são transformados pela graça de Deus.

        1. As Três Mensagens Angélicas (14:6–13)

As três mensagens angélicas aparentemente produziram os 144.000 e são as mensagens proclamadas pelos 144.000. Estas mensagens, e especialmente a primeira, são o evangelho eterno. Embora o juízo seja de suma importância, o objetivo é a salvação da pessoa através de Jesus Cristo.

A primeira mensagem enfatiza a adoração do criador em contraste com a adoração de sistemas feitos pelo homem e a adoração de Satanás. Acentua a obediência a Deus e o juízo pré-advento.11 A segunda mensagem proclama a queda da Babilônia.12 Na terceira mensagem, o anjo anuncia o juízo final de Deus sobre aqueles que adoram a besta ou a sua imagem e carregam a marca da besta. Deus responde ao vinho da ira da Babilônia com o seu próprio vinho da ira (Sl 75:9). Os seguidores da besta perseguem o povo de Deus, mas Deus intervém em favor dos seus filhos.13

A bênção que se segue salienta que, embora alguns possam ter de pagar com a vida por sua lealdade e por sua relação com Jesus, podem morrer durante o tempo do fim, e são abençoados. Eles podem descansar até a ressurreição.

      1. O Glorioso Clímax: A Dupla Colheita da Terra (14:14–20)

Após a proclamação da última das três mensagens angélicas em Apocalipse 14a, quando for definitiva a divisão de todas as pessoas em dois grupos: os portadores da marca da besta e os portadores do selo de Deus . Então aparecem mais três anjos, juntamente com aquele semelhante a um filho de homem (Ap 14b). Eles estão prontos para colher a colheita da terra. Jesus retorna, e, com sua segunda vinda, começa a dupla colheita da terra:

        1. A colheita do trigo: aqueles que pertencem a Jesus serão trazidos a ele. Eles estão maduros.

        1. A colheita do vinho: o remanescente será destruído. Por rejeitaram a mensagem de Deus de Apocalipse 14:7–12 dirigida a eles, eles também estão maduros, maduros para a queda. Embora o juízo seja atribulado, o remanescente de Deus pode se regozijar com a sua libertação deles das garras do dragão, da besta do mar e da besta da terra.

    1. O Quadro Temporal

      1. O Quadro Temporal Geral

Apocalipse 12–14 cobre pelo menos o tempo desde a primeira vinda de Jesus até a sua segunda vinda. O menino que nasce da mulher e ascende a Deus é sem dúvida Jesus. Assim, sua vida desde seu nascimento até sua ascensão (12:5) está registrada. Aquele semelhante a um filho de homem, vindo para a colheita numa nuvem (14:14), é mais uma vez Jesus, desta vez em sua segunda vinda.

Nesta visão da batalha entre a trindade satânica e o povo de Deus, encontramos diversos elementos temporais:

  1. Em 12:6, a mulher permanece no deserto por 1.260 dias.

  2. Em 12:14, por três anos e meio.

  3. A besta do mar se enfurece por 42 meses.

Esses elementos de tempo são idênticos: Três anos e meio com 360 dias cada equivalem a 1.260 dias ou 42 meses. São mencionados sete vezes na Bíblia, duas vezes em Daniel e cinco vezes em Apocalipse:

  1. Daniel 7:25 3 anos e meio: Perseguição dos santos

  2. Daniel 12:7 3 anos e meio: Dispersão do povo santo

  3. Apocalipse 11:2 42 meses: Pisoteio da cidade santa

  4. Apocalipse 11:3 1260 dias: As testemunhas vestidas de saco

  5. Apocalipse 12:6 1260 dias: A mulher no deserto

  6. Apocalipse 12:14 3 anos e meio: A mulher no deserto

  7. Apocalipse 13:5 42 meses: Ações da besta do mar contra Deus

Os 1.260 dias que a mulher vive no deserto correspondem, de acordo com o princípio dia-ano, a 1.260 anos, 538 E.C. até 1.798 E.C. Os cristãos sofreram muitas perseguições. Apocalipse 12–14 descreve o tempo da igreja cristã primitiva, a era medieval e o tempo do fim que antecede a segunda vinda de Jesus Cristo.14

      1. O Quadro Temporal de Apocalipse 12

Apocalipse 12 também contém esses três períodos da história mundial. No primeiro estágio, Satanás luta contra a igreja de Deus se voltando contra Jesus (12:1–5). Visto que Jesus está fora de seu alcance, ele se concentra na igreja por 1.260 dias. Por fim, Satanás volta sua atenção para o remanescente da descendência dela.

O descendente da mulher no início de Apocalipse 12 encontra certo paralelo nos descendentes da mulher no final de Apocalipse 12.15 O dragão se opõe a todos eles. A batalha contra o remanescente em 12:17 é descrito em Apocalipse 13, onde o dragão usa seus agentes para lutar contra o remanescente fiel.

A batalha do dragão em Apocalipse 12 está descrita abaixo. Observe que (1) e (2) compreendem a primeira parte do capítulo, e (4) e (5) a terceira parte.

  1. Conflito inicial entre o dragão e a mulher (12:1–5)

  1. Conflito medieval entre o dragão e a mulher (12:6)

  1. Conflito entre Miguel e o dragão no céu (12:7–12)

  1. Conflito medieval entre o dragão e a mulher (continuação; 12:13–16)

  1. Conflito do fim dos tempos entre o dragão e a mulher16 (12:17)

A guerra de Satanás contra o remanescente ocorre, portanto, na última fase da história do mundo, que começou no século XIX, e na qual se realiza o grande dia antitípico da expiação.

      1. O Quadro Temporal de Apocalipse 13a

Apocalipse 13a menciona o mesmo elemento de tempo que já apareceu em Apocalipse 12. São os 42 meses que duraram até 1798 E.C. Além disso, relata-se uma ferida mortal que cicatriza. A recuperação milagrosa leva à adoração do dragão e da besta. Visto parecer que Apocalipse 13:1–4 e Apocalipse 13:5–8 são paralelos, temos que situar a cura da ferida fatal após os 42 meses.17

Como João relata uma visão que teve (13:1), ele descreve eventos como se tivessem acontecido no passado, embora em sua época ainda fossem futuros. Digno de nota é a mudança de tempos em 13:8. João muda do aoristo usado anteriormente para o tempo futuro, colocando, deste modo, a adoração universal de 13:8 após os 42 meses.18

A fera marinha se assemelha ao dragão em diversos aspectos. Contudo, há uma diferença significativa: enquanto as cabeças do dragão são coroadas, os chifres da besta marinha são coroados. Esta diferença parece apontar para uma fase posterior no desenvolvimento histórico.

Em Apocalipse 12–14 a frase “fazer guerra” é usada duas vezes:

  1. O dragão guerreia contra o remanescente (12:7).

  1. A besta marinha recebe autoridade para fazer guerra contra os santos (13:7).

Este forte paralelo literário indica que, provavelmente, a partir de Apocalipse 13:7, o aspecto do fim dos tempos domina Apocalipse 13a, o que já ocorreu em 13:3–4. Obviamente, o remanescente são os santos de 13:7, embora o termo santos seja usado num sentido mais amplo em outras passagens de Apocalipse.19

      1. O Quadro Temporal de Apocalipse 13b

A chave para a questão de quando a besta que emerge da terra em Apocalipse 13b se tornará ativa, erguerá a imagem e forçará os habitantes da terra a adorá-la, é provavelmente encontrada no postulado de Apocalipse 13b, onde, naquele momento, a besta do mar já está presente e existe antes da segunda besta.

  1. É designada como a “primeira besta” (13:12).

  1. A besta que emerge da terra exerce o poder da primeira besta (13:12).

  1. Apocalipse 13:12 e 14 se refere à cura da ferida fatal da besta do mar e considera que isso aconteceu no passado. Portanto, os acontecimentos de Apocalipse 13b ocorrem após a cura da ferida fatal e mais ou menos simultaneamente com a sua adoração universal.

Assim como, da nossa perspectiva atual, a adoração universal da besta do mar em Apocalipse 13a ainda é futura, também Apocalipse 13b aponta para eventos que ainda estão por vir. Ainda não existe um grupo distinto de adoradores da besta ou de sua imagem. Até então não foi emitido um decreto de morte universal para aqueles que se recusam a adorar sistemas criados pelo homem e/ou pessoas específicas.

      1. O Quadro Temporal de Apocalipse 14

Enquanto Apocalipse 14:1–5 aponta antecipadamente para a salvação final, Apocalipse 14:6–12 relata uma mensagem proclamada pouco antes da segunda vinda de Jesus. A própria segunda vinda é descrita simbolicamente em 14:14–20. A crise no final do capítulo 13 aumenta de intensidade a tal ponto que se teme que nem um único crente fiel consiga sobreviver. Apocalipse 14:1–5 forma um contraste: há 144.000 pessoas redimidas ao lado de Jesus. Evidentemente, elas são o remanescente. O contraste entre Apocalipse 13b e 14a pode ser esboçado aproximadamente da seguinte maneira:

A. Anúncio da besta que emerge da terra (13:11–15)

B Seguidores da besta que emerge do mar (13:16–18)

B’ Seguidores do Cordeiro (14:1–5)

A’ a última mensagem de Deus (14:6–12)20

  1. Termos Intercambiáveis

Apocalipse 12 menciona não apenas a mulher, mas também o remanescente de sua descendência. Apocalipse 13a fala sobre os santos, 13b sobre a contrapartida dos habitantes da terra, e 14a sobre os 144.000.21 Como mencionado anteriormente, existem semelhanças entre o remanescente e os santos. Embora o termo santos em Apocalipse seja usado num sentido mais amplo, parece que 13a se limita aos santos do fim dos tempos como o remanescente.

Apocalipse 13b enfatiza principalmente os habitantes da terra e não menciona o povo de Deus com um nome direto. O decreto de morte e o boicote devem forçar todos à falsa adoração universal. Olhando para 13:15–17, podemos concluir que haverá pessoas que não se curvarão na adoração falsa. Esses são o remanescente vivo. Apocalipse 14:1–5 mostra que os seguidores do cordeiro estão enfrentando os seguidores da besta, e os verdadeiros crentes podem ter certeza da vitória final, mesmo que hoje não pareça possível. Portanto, pelo menos parcialmente, os 144.000 são semelhantes ao remanescente. O mais interessante é o uso da frase “aqueles que guardam os mandamentos.” Em 12:17 esta frase é usada em relação ao remanescente, enquanto a frase idêntica em 14:12 é usada em conexão com os 144.000.

Resumo: O dragão luta contra o filho da mulher, contra a mulher e depois contra o remanescente. Esta guerra é travada em Apocalipse 13 pelos agentes do dragão: a besta do mar e a besta da terra. A questão é adoração. Embora se trate de uma adoração quase universal da trindade satânica, um grupo é excluído: o remanescente, que são os santos e os 144.000.

Há uma estreita conexão entre Apocalipse 13 e 14a. As diferentes seções desses capítulos contêm semelhanças impressionantes. Todos eles começam com a fórmula “eu vi” e terminam com a expressão “aqui está.” A primeira e a terceira frase “aqui está” têm uma grande semelhança.

  1. A besta que emerge do mar (13:1–10)

    1. “Eu vi . . . ”

    1. Descrição da besta e sua atividade

    1. Aqui está paciência e fé. . . ”

  1. A besta que emerge da terra (13:11–18)

    1. “Eu vi . . . ”

    1. Descrição da besta e de sua atividade

    1. Aqui está a sabedoria. . . ”

  1. Os 144.000 e as três mensagens angélicas (14:1–12)

    1. “Eu vi . . . ”

    1. Descrição dos 144.000

    1. “Eu vi . . . ”

    1. As Três Mensagens Angélicas

    1. Aqui está paciência. . . fé”

A interconexão das seções aponta para o tema comum da guerra contra a igreja, especialmente a igreja do tempo do fim..

  1. As Características do Remanescente

O conceito de remanescente aparece frequentemente no Antigo Testamento. O restante são pessoas que (1) escaparam de dificuldades e desastres (Ez 6:8–9; Is 10:20), (2) rejeitaram os sistemas religiosos falsos (1Rs 19:18) e (3) se afastaram. da injustiça (Sf 3:13). Esses são o remanescente do povo de Deus.

Em Apocalipse 12–14, estão entrelaçados três textos que descrevem as principais características do remanescente. As referências são Apocalipse 12:17, Apocalipse 13:10 e Apocalipse 14:12. Os dois últimos pertencem às declarações “aqui está”.

Apocalipse 12:17 Guarda os mandamentos; Testemunho de Jesus

Apocalipse 13:10 Paciência; Fé

Apocalipse 14:12 Guarda os mandamentos; Paciência; Fé de Jesus

Assim, encontram-se as características essenciais do remanescente:

  1. Guardando os mandamentos (12:17; 14:12) O remanescente guarda os mandamentos de Deus e demonstra, assim, o amor e a lealdade dele para com o seu Senhor. Os mais proeminentes dos mandamentos, juntamente ao mandamento do amor a Deus e do amor ao próximo, são os Dez Mandamentos. Na cena introdutória, a arca da aliança já apontava indiretamente para eles. A observância dos mandamentos de Deus inclui a guarda do sábado bíblico ancorada no quarto mandamento.

  1. Testemunho de Jesus (12:17) O remanescente tem o testemunho de Jesus. De acordo com a 19:10, isto é o “espírito de profecia”, o Espírito Santo que fala por meio do dom de profecia. No texto paralelo, Apocalipse 22:9, o termo “profetas” substitui a frase “testemunho de Jesus.” O remanescente exalta a Palavra de Deus e as manifestações genuínas do dom de profecia (1 Co 12:7–11; Ef 4:11), incluindo o livro de Apocalipse que vem de Jesus e no qual Jesus testifica dele.22

  1. Paciência (13:10; 14:12) O remanescente é caracterizado pela paciência ou pela perseverança. Em tempos difíceis, eles não desistem, não abandonam o relacionamento com Deus e não perdem a esperança no breve retorno de Jesus.

  1. (13:10; 14:12) Apocalipse 13:10 fala sobre a fé dos santos. Em Apocalipse 14:12, o remanescente é identificado como tendo fé em/de Jesus. Naturalmente, os santos têm a fé em Jesus, e alguns intérpretes entendem esta expressão desta maneira.23 Outros sugerem traduzir a frase como “a fé de Jesus”, e entendem que ela reflete a doutrina cristã conforme contida no Novo Testamento. De qualquer forma, o remanescente se apega fielmente a Jesus e à sua doutrina.

Ao descrever os 144.000 e relatar as três mensagens angélicas, Apocalipse 14a fornece algumas informações adicionais sobre o remanescente:

  1. Propriedade de Deus e de Jesus (14:1, 3–4)

    1. Nomes de Jesus e do Pai na testa (14:1)

    1. Comprado (14:3–4)

    1. Primícias (14:4)

  1. Sem falsa adoração (14:4)

    1. Não se contaminaram com mulheres (14:4)

    1. Virgens (14:4)

  1. Seguidores do Cordeiro (14:4)

  1. Fidedignos e imaculados como animais para sacrifício (14:5)

    1. Sem mentira (14:5)

    1. Sem defeito (14:5)24

  1. Proclamação mundial das três mensagens angélicas (16:6–12), incluindo:

    1. Proclamação do evangelho eterno (14:6)

    1. Chamado para adorar a Deus, temendo-o e honrando-o (14:7)

    1. Anúncio do juízo (14:7)

    1. Adoração ao Criador (14:7, 9–11)

    1. Apelo para se separar da Babilônia (14:8)25

  1. Identificação do Remanescente

Ao tentar encontrar o remanescente de Apocalipse 12:7 hoje, somos confrontados com a questão de saber se o remanescente representa ou não diferentes denominações cristãs, se estão ou não localizados dentro de uma igreja específica, e se são ou não crentes dispersos aqui e acolá.

As características bíblicas não nos permitem estender o remanescente às diversas denominações cristãs, uma vez que os critérios necessários geralmente não são apresentados. E quanto aos crentes dispersos versus uma igreja visível? Uma série de considerações nos levam à conclusão de que o remanescente de Apocalipse 12:17 deve ser mais do que crentes dispersos, independentes uns dos outros:

  1. A sequência temporal. Apocalipse 12–14 fornece um quadro temporal onde o remanescente deve ser colocado. Compreende entre após 1798 E.C. e antes do retorno de Jesus que esse remanescente ocorre. O remanescente de Apocalipse 12:17 é, portanto, um grupo de crentes do tempo do fim, os últimos descendentes da igreja fiel de Jesus ao longo dos séculos da história da igreja. Na história humana, eles são o último remanescente, e evidentemente não há outros depois. Se este remanescente existe desde o século XIX, parece provável concluir que a maioria deles pode ser encontrada numa igreja visível.

  1. A sucessão da mulher de Apocalipse 12. A igreja de Deus, desde o cristianismo primitivo até ao século XVIII, não consistia apenas de cristãos simples e independentes. Parece óbvio esperar que o remanescente, como o que resta da mulher no fim dos tempos, também formaria um grupo visível de pessoas.

  1. As características. Além da fixação temporal, o remanescente manifesta certas características que permitem sua identificação. Estas características são critérios distintos e pelo menos parcialmente visíveis que ajudam outros a reconhecer prontamente o remanescente visível.

  1. O contraste com a Babilônia. O contraste com a mulher em Apocalipse 12, da qual emerge o remanescente, é Babilônia, a prostituta. Tal como Babilônia é visível e reconhecível como um sistema de grupos religiosos e quase religiosos, o grupo contrastante, o remanescente, também deve ser pelo menos parcialmente visível. As características do remanescente são necessárias para poder distinguir entre ele e a prostituta.

  1. O chamado para se separar da Babilônia. O remanescente não tem nada em comum com a Babilônia. No entanto, o povo de Deus que ainda está na Babilônia é chamado a sair (18:4). O chamado para sair não faz muito sentido se não se sabe para onde ir. Além disso, o Novo Testamento ensina claramente que os cristãos não podem existir voluntariamente isolados (Hb 10:24–25; At 2:46–47). Os cristãos precisam de uma igreja a qual pertençam e que os apoie.

  1. O dom de profecia. Uma das características do remanescente é o Espírito Santo manifestado no dom de profecia. De acordo com Apocalipse 12:17, o remanescente tem esse dom, mas o Novo Testamento aponta que nem todo crente possui esse dom (1Co 12:11–30). Aparentemente, o remanescente aparece como uma igreja e coletivamente possui esse dom.

  1. A comissão mundial. Evidentemente, o remanescente é comissionado a proclamar as três mensagens angélicas em todo o mundo. O cumprimento desta comissão por crentes individuais é impossível; contudo, uma igreja visível pode levar a cabo tal missão.

Os adventistas do sétimo dia acreditam que, embora a sua igreja tenha limitações e imperfeições, ela carrega as características do remanescente de Apocalipse 12–14, e, portanto, representa a igreja remanescente de Deus no tempo do fim. Ao mesmo tempo, a igreja reconhece ser chamada a viver de acordo com o ideal apresentado nas Escrituras, bem como a convidar pessoas de todas as nações, tribos, línguas e povos a se juntarem ao remanescente de Deus. Isto não significa que todo adventista do sétimo dia será salvo. Também não nega que Deus tem filhos fiéis em outras denominações e religiões que ele deseja levar à verdadeira adoração e à alegre preparação para a segunda vinda de Jesus. Para estes crentes é emitido o chamado de Apocalipse 18:4 para deixarem a Babilônia no tempo do fim.26

Conclusão

A doutrina do remanescente em Apocalipse é mais ampla do que parece à primeira vista. Aparentemente, o remanescente do tempo do fim de 12:17 é aparentemente idêntico aos santos de Apocalipse 13a, ao grupo que não adora a besta e sua imagem em Apocalipse 13b, e aos 144.000 de Apocalipse 14a. Este remanescente é fortemente perseguido pela trindade satânica e finalmente ameaçado de morte. Todavia, aqueles que constituem o remanescente têm a certeza de que a vitória final será deles. Eles exibem as características de amar a Deus de todo o coração e seguir Jesus. Ao carregarem o nome de Deus e de Jesus (14:1), em vez do nome da besta (13:16-17), em suas testas, eles são declarados propriedade de Deus e de Jesus através do auto-sacrifício de Jesus no cruz, e o caráter eles se tornaram semelhantes ao seu Senhor e Deus.

Adventistas do sétimo dia, como igreja, apresentam as características do remanescente. Portanto, a igreja pode e deve estar consciente da sua identidade, e, repleta de alegria e do poder de Deus, tem de proclamar o evangelho eterno. Sentimentos de inferioridade e orgulho falso são igualmente inapropriados. Igreja de Deus é a sua igreja apenas por causa de sua graça. Por outro lado, nem todo adventista faz automaticamente parte do remanescente, e nem todo não-adventista é necessariamente excluído do remanescente. Portanto, cada crente é desafiado a viver em mais estreita harmonia com Deus e a retratar as características do remanescente, tal como a igreja é chamada a viver à altura da sua vocação e da sua comissão.


Notas

1 Um remanescente fiel é aparentemente mencionado em Apocalipse 3:4. No entanto, a palavra usada aqui não é loipós, mas olíga, que está no plural (“alguns”, “poucos”). Ver, também, Gerhard Hasel, “The Remnant in Scripture and the End Time,” Adventists Affirm, Fall 1988: 11, and “Who are the Remnant?,” Adventists Affirm, Outono, 1993:9.

2 Cp. Kenneth A. Strand, “The Eight Basic Visions,” em Symposium on Revelation—Livro I, Daniel & Revelation Committee Series, e. Frank B. Holbrook (Silver Spring: Biblical Research Institute, General Conference of Seventh-day Adventists, 1992), 6:42.

3 Cp. Hubert Ritt, Offenbarung des Johannes, Die Neue Echter Bibel (Würzburg: Echter Verlag, 1988), p. 65.

4 Cp. Eduard Lohse, Die Offenbarung des Johannes, NTD 11 (Göttingen: Vandenhoeck & Ruprecht, 1988), p. 76. Ele chama o remanescente e o Messias de “filhos da mulher”.

5 Cp. Ulrich B. Müller, Die Offenbarung des Johannes, Ökumenischer Taschenbuchkommentar, vol. 19 (Gütersloh: Gütersloher Verlagshaus, 1984), p. 247, que afirma que Apocalipse 13 desenvolve seu significado: que o dragão expulso do céu luta contra os cristãos e inicia um ataque final contra aqueles que guardam os mandamentos de Deus e têm o testemunho de Jesus (12:17).

6 Cp., também, a expressão “foi-lhe dado” em Apocalipse 12:18; 13:2.4.

7 Cp. William H. Shea, “Time Prophecies of Daniel 12 and Revelation 12–13,” em Symposium on Revelation—Book I, 6:354–359, e William G. Johnson, “The Saint’s End-Time Victory over the Forces of Evil,” e Symposium on Revelation—Livro 2, 7:24.

8 A seção 13.57 parece ter uma estrutura quiástica. Charles Homer Giblin, The Book of Revelation: The Open Book of Prophecy, Good News Studies 34 (Collegeville, MN: Liturgical, 1991), 133–134, apoia esta interpretação. Contudo, ele inclui as passagens 3b–4 e 8, ambas falando sobre a falsa adoração universal. Ele chama a seção 13:3b-8 de “a cena dramatizada e concentricamente estruturada da adoração falsa.” A seguinte tabela de 13:1–10 parece apontar para duas partes mais um apêndice ou contraste:

V. 1 besta

cabeças

nomes de blasfêmia

V. 2 besta

dragão

boca

dragão deu poder

V. 3 besta

cabeças/mortalmente ferida

V. 4 besta

dragão

ele (dragão)

fazer com que a terra desse autoridade (guerra quanto à adoração)

V. 5 (este)

boca/blasfêmia

foi dado/autoridade

V. 6 (este)

Deus

boca/blasfêmia/nome blasfemo

V. 7 (este)

santos

foi dada/foi dada autoridade/fazer guerra

V. 8 (este)

cordeiro/

terra/morte/adoração

V. 9

V. 10

santos

Esta tabela permitiria uma estrutura quiástica de Apocalipse 13:3b–8, se vista apenas da perspectiva da adoração. No entanto, os outros elementos contradizem tal conclusão.

9 Lohse, p. 84, rotula Sião como “die Stätte der endzeitlichen Bewahrung” (o lugar de preservação do tempo do fim).

10 Cp. a mulher no capitulo 12, a meretriz no capítulo 17 e Jezabel em 2:20, além de 2:14 e 18:2, 4.

11 A terminologia em 14:7 aponta para o quarto mandamento. Adorar a Deus como criador também implica santificar o seu dia, que instituiu na criação como uma comemoração da criação. Enquanto a cura da ferida fatal da besta leva a um novo conflito na terra, o céu conduz o juízo pré-advento e fica ativamente do lado dos verdadeiros crentes.

12 Para compreendermos o significado e a importância do termo Babilônia, temos que examinar esta expressão no Antigo Testamento (e.g., Gn 11; Is 14, Dn), bem como no seu contexto do Novo Testamento. No Novo Testamento, é usado como codinome para Roma (1 Pe 5:13). Em Apocalipse 17 e 18, Babilônia é descrita em detalhes. A grande cidade da Babilônia contrasta com Jerusalém, a cidade de Deus (11:2, 8; 14:1, 8; 16:19). Em Apocalipse 17:1–5. Babilônia é descrita como meretriz. Portanto, também contrasta com a mulher vestida de sol em Apocalipse 12, símbolo da igreja fiel. Babilônia representa um sistema religioso que se afastou de Deus. Sua destruição é anunciada e o povo de Deus é chamado a se separar dela para evitar o juízo (18:2, 4). O remanescente não tem nada a ver com Babilônia. Cp. Ekkehardt Mueller, “Babylon in Revelation” (manuscrito não publicado).

13A marca da besta é definida indiretamente em 14:12. Aqueles que recebem esta marca contrastam com os santos. Os santos são caracterizados pela paciência, fé em Jesus e cumprimento dos mandamentos. Evidentemente, essas características faltam no primeiro grupo. Essas pessoas não são fiéis a Jesus e aos seus mandamentos, ou respeitam apenas parcialmente a lei encontrada na arca da aliança do santuário celestial (11:19). No entanto, a obediência parcial ainda conta como desobediência (Tg 2:10–12). Isto é apoiado pela compreensão do selo de Deus em Apocalipse 7, a contrapartida da marca da besta. João pode ter pensado em Ezequiel 9:4–6 quando escreveu sobre o selo de Deus. Aqueles com o coração partido por causa dos pecados entre o povo de Deus, aqueles que se afastam dos seus pecados e se voltam para Deus com todo o fervor, são quem receberão o selo de Deus. Eles não desconsideram a vontade de Deus, porque amam o seu Senhor (João 14:15), e esperam a salvação somente dele. Todos aqueles que não são selados por Deus serão eventualmente deixados à “selagem” pela besta e sua imagem.

14 O princípio ano-dia e a identificação das datas históricas para os 1260 dias não podem ser abordados neste estudo. Ver William H. Shea, Selected Studies on Prophetic Interpretation, Daniel & Revelation Committee Series, (Washington, DC: Review and Herald, 1982), 1:56–93, 116–123.

15 Cp., também, a expressão “ele se levantou” em 12:4 e em 12:18.

16 Cp. William H. Shea, “Time Prophecies of Daniel 12 and Revelation 12–13,” ibid., p. 349.

17 Em Apocalipse 13:1–4, “blasfêmia” e “boca” são mencionadas antes do ferimento fatal. Em Apocalipse 13:5–8, a blasfêmia está ligada aos 42 meses. O poder universal e a adoração universal parecem seguir este período. É interessante que a ferida mortal (13:3) em apenas uma das cabeças desta criatura leva à condição mortal de todo o dragão (13:14). A besta é uma contrafação do Cordeiro que também foi mortalmente ferido (“morto”; 13:8; 5:9–12) e foi ressuscitado (1:18; 2:8). A besta também experimenta uma ressurreição, levando à sua adoração universal (13:14).

18 Cp., Leon Morris, The Book of Revelation: An Introduction and Commentary, edição revisada, Tyndale New Testament Commentaries (Grand Rapids: Eerdmans, 1988), p. 164.

19 Cp 5:8; 8:3–4; etc.

20 Cp. Johnson, p. 14.

21 Cp. C. Mervyn Maxwell, God Cares, vol. 2, (Boise: Pacific Press, 1985), p. 309.

22 Uma discussão exaustiva sobre a questão da tradução deste texto com um genitivus subjectivus ou um genitivus objectivus pode ser encontrada no artigo de Gerhard Pfandl, “The Remnant Church and the Spirit of Prophecy,” em Symposium on Revelation, Livro II, 7:295–333. Pp. 321–322, ele resume resultados importantes:

  1. No Novo Testamento o termo μαρτυρία ([martyria] testemunho) é usado principalmente por João.

  2. Fora do Livro de Apocalipse, quando μαρτυρία [martyria] é usado em uma construção genitiva, sempre um genitivus subjectivus.

  3. Em Apocalipse, todas as referências a μαρτυρία [martyria] podem ser interpretadas como um genitivus subjectivus.

  4. O paralelismo em 1:2, 9 e 20:4, entre a “palavra de Deus” e o “testemunho de Jesus,” torna evidente que o “testemunho de Jesus” é o testemunho que o próprio Jesus dá, assim como a “palavra de Deus” é a palavra que Deus fala. Isto aplica-se também ao paralelismo em 12:17 entre os ”mandamentos de Deus” e o “testemunho de Jesus.”

  5. Em Apocalipse 12:17, o remanescente “tem” o “testemunho de Jesus.” Isto não encaixa a ideia de dar testemunho acerca de Jesus.

  6. O contexto do Novo Testamento torna necessário interpretar o conteúdo do “testemunho de Jesus” como o próprio Jesus. O testemunho de Jesus é a própria revelação de Cristo por meio dos profetas. É o testemunho de Jesus, e não o testemunho do crente sobre ele.

  7. O paralelismo entre 19:10 e 22:8-9 indica que aquele que tem o “testemunho de Jesus” tem o dom da profecia. O “testemunho de Jesus” é o Espírito Santo que inspira os profetas.

Portanto, o remanescente, como um grupo, tem, de acordo com Apocalipse 12:17, o dom de profecia. Cp. Richard Bauckham, The Theology of the Book of Revelation, New Testament Theology (Cambridge: Cambridge UP, 1993), p. 72; e Robert H. Mounce, The Book of Revelation, New International Commentary on the New Testament (Grand Rapids: Eerdmanns, 1990), p. 247. Os adventistas do sétimo dia, por esta razão, aplicam a frase “espírito de profecia” como um sinônimo de “testemunho de Jesus” também, mas não exclusivamente ao ministério de E. G. White.

23 Neste caso, é um genitivus objectivus. Cp. R. H. Charles, The Revelation of St. John, International Critical Commentary (New York: Scribner’s, 1920) 1:369; Mounce, p. 277; Pfandl, p. 322.

24 Cp. Ritt, p. 74. Ele também resume as características dos 144 mil em quatro pontos.

25 Cp. Johnson, pp. 36–39. Ele não fala especificamente sobre o remanescente, chamando-o de, em vez disso, povo de Deus, mas ele descreve o povo de Deus em Apocalipse 14:1–12 em 10 pontos.

26 A questão do remanescente também é discutida em Seventh-day Adventists Believe: A Biblical Exposition of 27 Fundamental Doctrines (Washington, DC: Ministerial Association of the General Conference of Seventh-day Adventists, 1988), pp. 152–169; Schlüsselbegriffe adventistischer Glaubenslehre (Hamburg: Advent-Verlag, 1973), pp. 48–51; Siegfried H. Horn, “Remnant,” em Seventh-day Adventist Bible Dictionary (Washington, DC: Review and Herald, 1960), 908–909; Richard Lehmann, “Die Übrigen und ihr Auftrag,” em Die Gemeinde und ihr Auftrag: Studien zur adventistischen Ekklesiologie, e., Johannes Mager (Hamburg: Saatkorn-Verlag, 1994), 2:73–101; Francis D. Nichol, e., The Seventh-day Adventist Bible Commentary (Washington, DC: Review and Herald, 1957), 7:812–815.

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