1919: A História Não Contada do Embate Adventista contra O Fundamentalismo
Tradução: Hugo Martins
O texto Revisão de Livro: “1919: A História Não Contada do Embate Adventista contra O Fundamentalismo”, (Original em Inglês: “1919: The Untold Story of Adventism’s Struggle with Fundamentalism”), por Dojcin Zivadinovic, foi publicado, inicialmente, pelo Adventist Biblical Research Institute. Usado com permissão.
No centésimo aniversário da Conferência Bíblica Adventista de 1919, a Pacific Press publicou um pequeno volume escrito pelo professor da Southwestern Adventist University Michael W. Campbell, intitulado 1919: The Untold Story of Adventism’s Struggle with Fundamentalism [1919: A História Não Contada do Embate Adventista contra O Fundamentalismo].1
Em pouco mais de cem páginas, mais oito páginas de fotografias históricas e panfletos, Campbell examina os procederes e importância dada à Conferência Bíblica de 1919, realizada de 1º de julho a 9 de agosto no campus do Washington Missionary College (agora Washington Adventist University). A conferência abordou várias questões da teologia adventista, incluindo a natureza da inspiração exercida pela autodenominada “mensageira do Senhor,” Ellen G. White.
Sumário
Neste volume, Campbell argumenta que a conferência de 1919 foi um evento crucial que moldou a teologia adventista do sétimo dia após a morte de Ellen White.
Nos dois primeiros capítulos, Campbell começa sua exposição explicando o contexto em que ocorreu a Conferência Bíblica de 1919. O início do século XX viu uma consolidação do movimento fundamentalista evangélico que se opunha à ascensão do modernismo e da crítica histórica dentro do cristianismo. Enquanto os fundamentalistas enfatizavam, entre outros pontos de preocupação, a confiabilidade inerrante da Bíblia, os modernistas tentavam reinterpretar e/ou relativizar o texto da Bíblia para melhor se adequar à cultura e à ciência da época. Campbell argumenta que, nesse contexto, os adventistas estavam muito mais próximos dos fundamentalistas do que dos modernistas.2
Nos capítulos 3 e 4, Campbell discute os detalhes logísticos da conferência de 1919 — a saber, as datas, o local, os tópicos e os participantes. Campbell relata sessenta e cinco participantes e onze tópicos principais para a conferência. Nem a suposta inspiração verbal da Bíblia nem Ellen White estavam realmente na lista de tópicos da conferência (p. 47).
Devido a discussões acaloradas e divergências, orientaram os estenógrafos a não gravar toda a conferência. Portanto, é difícil avaliar completamente os argumentos coletivos de qualquer perspectiva no simpósio. Aconteceu o mesmo com a conferência paralela, o Bible and History Teacher’s Council [Concílio de Professores de Bíblia e História], que aconteceu nas noites de 1º de julho a 9 de agosto de 1919, com apenas 29 participantes.
De acordo com Campbell e suas fontes, foi o Conselho de Professores de Bíblia e História que mais abordou a questão da inspiração de White, embora apenas 15% do conselho esteja realmente em registro estenográfico (pp. 47–48). Apesar do fato de que 85% da discussão estar perdida, Campbell acredita que podemos reconstruir totalmente a essência dos debates e suas implicações para nós hoje.
Devido à natureza controversa das várias deliberações, os arquivos de transcrição da conferência de 1919 foram colocados nos arquivos da Conferência Geral em Silver Spring, Maryland,3 e foram esquecidos junto com outros registros de atas e procedimentos denominacionais até meio século depois, quando em 1974, um pesquisador chamado F. Donald Yost os encontrou enquanto compilava documentos para a Enciclopédia Adventista.
Lendo a descrição de Campbell, não está claro quanto tempo durou a conferência real de 1919. Na página 47, Campbell afirma que “a conferência começou em 1º de julho e continuou até 9 de agosto de 1919.” No entanto, na página 48, Campbell escreve que “a conferência bíblica (1 a 19 de julho) foi realizada simultaneamente com o Conselho de Professores de Bíblia e História, que continuou por mais três semanas até 9 de agosto.” Portanto, parece que Campbell está combinando duas conferências diferentes em uma, como ele diz na página 53: “A conferência bíblica de 1919 cobriu uma ampla gama de tópicos durante o curso de seis semanas de apresentações e discussões.”
Os capítulos 5 e 6 do livro de Campbell descrevem várias questões de interpretação adventista discutidas na conferência de 1919 (por exemplo, os dez chifres de Daniel 7, o “Rei do Norte” em Daniel 11, a data de 538 E.C., o “diário”, a Trindade). Embora esses dois capítulos sejam elucidadores para traçar o desenvolvimento da erudição adventista, são os capítulos 7–10 que parecem ser o cerne do livro.
No capítulo 7, Campbell descreve várias discussões durante a conferência de 1919 e o Conselho de Professores de Bíblia e História paralelos sobre potenciais imprecisões históricas nos livros de Ellen White, especificamente em O Grande Conflito. Certos participantes da conferência expressaram sua opinião de que Ellen White era inspirada, mas não infalível. Outros ficaram desconfortáveis com tal avaliação e se perguntaram sobre a extensão das imprecisões históricas que Deus permitiu em seus livros. Seus erros estão limitados apenas à gramática e fatos históricos, ou podem incluir doutrina, escatologia e outras categorias importantes? Como seus escritos podem permanecer úteis para instrução se incluírem grandes erros?
Administradores e estudiosos como W. W. Prescott, Arthur Daniells e E. F. Albertsworth, acompanhados por William Clarence White (filho de Ellen White que não estava presente em 1919), favoreceram um modelo de “inspiração de pensamento” de Ellen White e da Bíblia. Eles apontaram para certas imprecisões históricas e gramaticais que Deus permitiu nos escritos de Ellen White e também na Bíblia. Confrontados com a perspectiva da perda de autoridade de Ellen White, alguns dos participantes de 1919 parecem ter recorrido à negação dessas observações, recuando assim para um modelo verbal de inspiração mais limitado (por exemplo, Wilkinson, Washburn, Holmes).
Após elogiar os esforços feitos na conferência de 1919 para profissionalizar a erudição adventista no capítulo 8 de seu trabalho, Campbell investiga as consequências da conferência nos capítulos nove e dez. Campbell conclui que os líderes adventistas não foram capazes de resolver as questões em torno da inspiração verbal versus a inspiração do pensamento nas conferências de 1919. Em vez disso, os participantes da conferência de 1919 empurraram a questão da inspiração “para debaixo do tapete”, registrando apenas uma fração da discussão por meio de estenógrafos e enterraram os registros da conferência em cofres denominacionais dificilmente acessíveis.
Isso, de acordo com Campbell, tornou a denominação vulnerável e despreparada para as futuras crises e deserções de membros que ocorreram quando os empréstimos literários4 de Ellen White e (potenciais) erros históricos5 foram “descobertos” e divulgados por Ronald Numbers, Walter Rea, Desmond Ford, Spectrum Magazine, e outros durante a década de 1970 e depois.
Reflexões
No geral, 1919: A História Não Contada é útil em esclarecer uma conferência importante, mas amplamente esquecida, que ofereceu uma oportunidade para os adventistas definirem melhor suas principais visões escatológicas e examinarem sua posição sobre a inspiração da Bíblia e de Ellen White. Infelizmente, os adventistas não tiveram outras grandes conferências teológicas até 1952. Campbell observa corretamente uma lição importante desse episódio: questões colocadas em segredo tendem a ressurgir e causar problemas mais cedo ou mais tarde.
Embora útil para esclarecer esse episódio controverso da história adventista, alguns capítulos do volume de Campbell poderiam ser mais equilibrados e precisos.
Nos dois primeiros capítulos, que discutem o adventismo em uma guerra cultural entre os movimentos fundamentalista e liberal modernista, Campbell parece considerar a ameaça do fundamentalismo um perigo muito mais sério do que o modernismo liberal. Embora o fundamentalismo certamente tenha algumas deficiências sérias, Campbell não discute aspectos positivos da resistência cristã conservadora ao secularismo e ao relativismo bíblico na época.
Em vez disso, Campbell retrata o “fundamentalismo” como uma ideologia completamente negativa. Qualquer relacionamento que os adventistas do século XX tiveram com o pensamento fundamentalista é descrito como um “namoro perigoso” (p. 17). Por outro lado, o modernismo recebe pouca ou nenhuma crítica no pequeno volume de Campbell. Essa falta de equilíbrio é bastante lamentável e parece expressar certos preconceitos teológicos próprios.
Outro problema no volume de Campbell é que o autor parece confundir o fundamentalismo com a hermenêutica adventista contemporânea. Campbell tenta em várias ocasiões identificar a visão verbal-mecânica da inspiração e uma hermenêutica literalista com a hermenêutica adventista contemporânea em geral. Infelizmente, Campbell não oferece nenhuma distinção entre a abordagem adventista estabelecida para o estudo da Bíblia6 e a hermenêutica fundamentalista clássica. No entanto, o fundamentalismo e a teologia conservadora adventista são significativamente diferentes.7
Por exemplo, quando alguns fundamentalistas veem passagens como “As mulheres devem manter silêncio nas igrejas” (1 Cor 14:34a),8 eles geralmente tendem a adotar uma abordagem superliteralista, concluindo que as mulheres nunca podem cantar, falar, compartilhar, pregar, ou ensinar nas congregações — nem mesmo dar aulas para crianças na igreja.9 No entanto, os adventistas tradicionais, em vez de seguir uma interpretação restrita e literal, tendem a considerar tudo o que a Bíblia tem a dizer sobre um tópico de maneira equilibrada, levando em consideração o contexto em que as coisas foram escritas.10
Além do hiperliteralismo, outra diferença importante entre o fundamentalismo e a hermenêutica sistemática adventista diz respeito ao conceito de inerrância verbal das Escrituras. Alguns conceitos fundamentalistas de uma absoluta inerrância das Escrituras parecem ser influenciados por certos pressupostos filosóficos enraizados na ideia grega da atemporalidade e perfeição imutável de Deus. Esses conceitos transbordam para a compreensão teológica da predestinação soberana de Deus, que também inclui a perfeita inspiração divina das Escrituras. Tanto Ellen White quanto o adventismo contemporâneo rejeitam tal compreensão calvinista da predestinação rigorosa que, em última análise, nega até mesmo a liberdade humana. Ellen White e os adventistas do sétimo dia afirmam a dimensão divino-humana da inspiração e acreditam na plena confiabilidade da Bíblia como a Palavra escrita de Deus para nós, que realiza o que Deus pretendia que ela realizasse.11
O profeta Isaías diz: “assim será a palavra que sair da minha boca: não voltará para mim vazia, mas fará o que me apraz e prosperará naquilo para que a designei” (Is 55:11). Ellen White diz o mesmo: “Se Deus reprova seu povo por meio de um indivíduo, ele não permite o corrigido opinar e a mensagem se corromper para alcançar a pessoa que se destina a corrigir. Deus dá a mensagem e então toma um cuidado especial para que ela não seja corrompida.”12
Infelizmente, enquanto Campbell afirma a “errância” de Ellen White em todo o volume, em nenhum lugar do livro ele descreve o que isso significa. Qual é a extensão da errância de Ellen White, e quanto isso afeta a mensagem real de Deus que ela está tentando comunicar? Ao leitor cabe o questionamento se a errância de Ellen White significa que ela não é uma mensageira confiável de Deus. Infelizmente, isso alimenta o modernismo e o relativismo que Campbell não critica em seu livro.
Lendo a conclusão de Campbell, alguns leitores podem pensar que a igreja em geral ainda está seguindo “tendências fundamentalistas” presentes com alguns dos ministros de 1919. Em uma de suas declarações conclusivas, Campbell argumenta que, atualmente, a ascensão do liberalismo “levou alguns conservadores a se retirarem para o enclave reconfortante, embora intelectual e espiritualmente moribundo, do fundamentalismo” e conclui: “Desta forma, a mesma dinâmica de polarização evidente em 1919 continua a existir dentro do adventismo hoje” (p. 115).
Campbell parece estar aqui igualando a situação em 1919 com a situação teológica adventista hoje. A realidade é que a maioria dos teólogos e instituições adventistas tradicionais hoje aceitaram a posição razoavelmente “progressista” de Prescott, Willie White e Daniells – muitos de fato indo muito além dela – e poucos ou nenhum profissional adventista hoje aderem à inspiração verbal ou hiperliteralismo.13
Uma interação mais diferenciada e equilibrada – não apenas com alguns princípios fundamentalistas do passado, mas também com pensamentos e tendências liberais mais recentes que afetaram significativamente a teologia adventista – teria ajudado a dar uma descrição mais justa dos fatores pertinentes e a evitar algumas conclusões conflitantes.
Campbell está certo de que a polarização ainda existe hoje no adventismo, mas a polarização que enfrentamos hoje é de uma qualitativamente diferente das controvérsias da época. Embora em 1919 virtualmente todos os adventistas do sétimo dia pudessem afirmar sem reservas uma criação literal, o ministério sumo sacerdotal de Jesus no santuário celestial e a plena confiabilidade e infalibilidade das Escrituras, hoje várias crenças fundamentais são questionadas abertamente por um número crescente de adventistas liberais. Uma razão para uma compreensão tão radicalmente diferente do que é essencial para a teologia adventista é que novos métodos de interpretação bíblica surgiram.14
Campbell provavelmente está correto em sua afirmação de que após as divergências de 1919, os adventistas precisavam de mais conferências bíblicas – não menos – para resolver as diferenças, orar e buscar o Espírito Santo e facilitar a unidade. Infelizmente, isso não aconteceu. O resultado foi uma eventual confusão e falta de clareza entre ministros e membros leigos sobre a verdadeira natureza da inspiração. Infelizmente, após 1919, muitos adventistas adotaram alguma forma deficiente de inspiração verbal que quase beirava uma compreensão mecânica facilmente contestada por representantes liberais no adventismo na década de 1970.
O livro de Campbell tenta colocar a culpa por nossa crise teológica contemporânea sobre os antigos pioneiros e sua suposta falta de discernimento espiritual. As gerações mais jovens são retratadas por ele como “vítimas” dos erros de seus antepassados cometidos há mais de um século. Se a história pode nos ensinar alguma coisa, é que a “mentalidade de vítima” só leva a um sentimento por direitos e mais alienação. Falando como um dos primeiros mileniais, acredito que a necessidade da nova geração é ser educada para não se ver como uma vítima, mas como um “reparadores de brechas” (Is 58:12).
Concluindo, 1919: A História Não Contada contribui para o campo de pesquisa da história adventista. Podemos aprender muito com nosso passado e Campbell deve ser elogiado por sua instigante análise, exame e relato da conferência. No entanto, falta clareza ao livro sobre a exata natureza e extensão da “errância” de Ellen White. Além disso, a ausência evidente de uma crítica do modernismo, juntamente com a fusão do fundamentalismo de Campbell com a hermenêutica adventista dominante, sugere que seu livro pode refletir um “flerte perigoso” com pensamentos liberais sobre inspiração. Um equilíbrio adequado se faz necessário na leitura dos escritos inspirados de Deus e uma avaliação mais clara do estado atual da teologia adventista em relação às questões abordadas.
Notas
1Este volume é baseado na dissertação de Michael Campbell, “A Conferência Bíblica de 1919 e Seu Significado para a História e Teologia Adventista do Sétimo Dia” (dissertação de doutorado, Seventh-day Adventist Theological Seminary, 2008). Além deste pequeno volume, Campbell publicou ou copublicou três outros livros nos últimos quatro anos. Entre eles estão Michael W. Campbell e Nikolaus Satelmajer, ee., Here We Stand: Luther, the Reformation, and Seventh-day Adventism (Nampa, ID: Pacific Press, 2017); Michael W. Campbell e Jud S. Lake, The Ellen G. White Pocket Dictionary (Nampa, ID: Pacific Press, 2018); e Michael W. Campbell, Pocket Dictionary for Understanding Adventism (Nampa, ID: Pacific Press, 2020).
2 As semelhanças adventistas com convicções fundamentalistas não se restringiram à questão da inerrância, pois as preocupações fundamentalistas eram muito mais amplas do que isso. Da década de 1920 à década de 1940, ser fundamentalista significava apenas ser teologicamente tradicional, um crente nos fundamentos do cristianismo evangélico. “Conservador” às vezes era usado como sinônimo. Os cinco fundamentos seguintes se tornaram o núcleo identificador das preocupações fundamentalistas: 1) a infalibilidade e inerrância da Bíblia, 2) o nascimento virginal de Cristo, 3) a expiação substitutiva de Cristo, 4) a ressurreição corporal de Cristo e 5) a historicidade dos milagres. Acreditava-se que esses cinco fundamentos eram a condição sine qua non [fundamental] do cristianismo. Para uma análise perceptiva e interação crítica das convicções fundamentalistas e da teologia adventista, ver Frank M. Hasel, “Was Ellen G. White a Fundamentalist?,” em “For You Have Strengthened Me”: Biblical and Theological Studies in Honor of Gerhard Pfandl in Celebration of His Sixty-Fifth Birthday, e. Martin Pröbstle, Gerald A. Klingbeil, and Martin Klingbeil (St. Peter am Hart: Seminar Schloss Bogenhofen, 2007), pp. 347–359.
3 Os registros eram acessíveis apenas mediante solicitação aos arquivos da Conferência Geral.
4 A própria Ellen G. White deixou claro que se serviu de outros autores (cp. Ellen G. White, O Grande Conflito, xi–xii) e por pessoas próximas a ela (cp. Ellen G. White, Mensagens Escolhidas, 3 vols., 2:451–465). O pensamento de Ellen White tomando emprestado de outros autores não é plágio e não nega a inspiração de seus escritos, mas apenas aumenta a expressão dos pensamentos inspirados dados a ela por Deus. Para maiores esclarecimentos, ver R. W. Coon, “Ellen G. White and the So-Called ‘Plagianism’ Charge: An Examination of Five Issues” (Center for Adventist Research, Universidade Andrews, 30 de abril de 1999); H. E. Douglass, Messenger of the Lord (Nampa, ID: Pacific Press, 1998), 458–465; e Fred Veltman, “O Projeto Desejado de Todas as Nações: As Conclusões,” Ministry, dezembro de 1990.
5 Para a discussão sobre os “erros históricos” de Ellen White, ver a declaração de William C. White (filho de Ellen White), em White, Mensagens Escolhidas, 3:463; cp. também esta declaração dele: “Nalgumas das questões históricas, como as que são realçadas em Patriarcas e Profetas, em Atos dos Apóstolos e em O Grande Conflito, as partes principais foram tornadas muito claras e evidentes para ela, e quando passou a escrever sobre esses assuntos, teve de estudar a Bíblia e a História, a fim de obter datas e relações geográficas e completar sua descrição dos pormenores” (ibid., 3:462). A conclusão natural é que Deus levou Ellen White a selecionar a melhor informação disponível. Se ela tivesse corrigido os historiadores de sua época em algumas datas ou eventos, ela teria sido criticada por contradizer a “história” ou a “ciência.” Assim, alguns detalhes não consequenciais, que não afetam ou alteram a mensagem espiritual ou teológica, foram permitidos pela economia divina.
6 “Methods of Bible Study,” Seventh-day Adventist Church, https://www.adventist.org/documents/methods-of-bible-study/ (accessed September 5, 2021), é uma declaração oficial sobre hermenêutica adventista aprovada pela Comissão Executiva da Associação Geral dos Adventistas do Sétimo Dia no Concílio Anual realizado no Rio de Janeiro, Brasil, em 12 de outubro de 1986.
7 Para algumas das principais diferenças, ver Hasel, “Was Ellen G. White a Fundamentalist?,” pp. 347–359.
8 Todas as citações bíblicas são da NAA, a menos que indicado de outra forma.
9 Ver, por exemplo, Beth Allison Barr, The Making of Biblical Womanhood: How the Subjugation of Women Became Gospel Truth (Grand Rapids, MI: Brazos Press, 2021), 71–72, que relata como os presbíteros de sua igreja local se recusaram a permitir uma mulher ensinar na Escola Dominical para adolescentes, embora pudessem ensinar meninas adolescentes (ibid., p. 129); cp. o sermão do Pastor Presbiteriano John MacArthur, “Does the Bible Permit a Woman to Teach?” (Grace Community Church, Sun Valley, CA, November 8, 2019) https://www.youtube.com/watch?v=n8ncOf82ZJ0 (acessado em 5 de setembro de 2021).
10 Para uma exposição recente da hermenêutica bíblica adventista, ver Frank M. Hasel, e., Biblical Hermeneutics: An Adventist Approach (Silver Spring, MD: Biblical Research Institute/Review and Herald Academic, 2020).
11 Sobre o entendimento de Ellen G. White sobre o processo de revelação/inspiração, ver Frank M. Hasel, “Revelation and Inspiration,” em The Ellen G. White Encyclopedia, ee. Denis Fortin e Jerry Moon (Hagerstown, MD: Review and Herald, 2013), 1087-1101.
12 “Ellen G. White to John Andrews,” junho de 1860, em Ellen G. White, Manuscript Releases, vol. 1 (Silver Spring, MD: Ellen G. White Estate, 1981), p. 306, ênfase acrescida.
13 Ver, por exemplo, Merlin Burt, e., Understanding Ellen White: The Life and Work of the Most Influential Voice in Adventist History (Nampa, ID: Pacific Press, 2015).
14 Ver North American Division, Theology of Ordination Study Committee Report (novembro de 2013), pp. 8, 25–26. Veja também a discussão em Frank M. Hasel, “Recent Trends in Methods of Biblical Interpretation,” em Hasel, Biblical Hermeneutics, pp. 405–461.