A Iniciação do Ministério Sacerdotal de Cristo

A Iniciação do Ministério Sacerdotal de Cristo


Por F.C. Gilbert

F. C. Gilbert

F. C. Gilbert (1867-1947), um judeu nascido em Londres, em 1889 se converteu ao adventismo do sétimo dia. Por meio século, F. C. Gilbert atuou como secretário no Departamento Judaico da Associação Geral, onde pleiteou por mais trabalho para com os Judeus. Gilbert escreveu muitos artigos na Review and Herald, na Ministry Magazine e muitos folhetos para companheiros judeus. Da época de Gilbert até os dias de hoje, a denominação tem publicado uma revista especial para os Judeus, agora chamada de Shabat Shalom. Também escreveu diversos livros, como From Judaism to Cristianity (A Hebrew Christian) – An autobiography e The Jewish Problem


Tradução: Hugo Martins

“A Iniciação do Ministério Sacerdotal de Cristo (original em inglês: Christ’s Priestly Ministry Inaugurated)”, de F. C. Gilbert, foi, primeiramente, publicado em fevereiro de 1941 na revista Ministry,® International Journal for Pastors, www.MinistryMagazine.org.  Usado com permissão.


Enquanto a instrução estava sendo dada a Moisés em relação a edificação do santuário quando ele estava no monte com Deus durante os quarenta dias e quarenta noites, a ele fora ordenado a preparar a óleo de unção especial com o qual o tabernáculo era para ser ungido e os sacerdotes consagrados, antes que o ministério no santuário fosse iniciado (Ver Ex 24:1-2, 18; 30:25-26). Em relação à consagração do sumo sacerdote e seus sacerdotes associados, está escrito:

“Também ungirás Arão e seus filhos e os consagrarás para que me oficiem como sacerdotes. Dirás aos filhos de Israel: Este me será o óleo sagrado da unção nas vossas gerações. Não se ungirá com ele o corpo do homem que não seja sacerdote, nem fareis outro semelhante, da mesma composição; é santo e será santo para vós outros.” Ex 30:30-32.

A Unção do Santuário e A Iniciação Sacerdotal

Quando o santuário fora construído e suas partes foram todas ajuntadas, a seguinte ordem viera a Moisés:

“Toma Arão, e seus filhos, e as vestes, e o óleo da unção, como também o novilho da oferta pelo pecado; … e ajunta toda a congregação à porta da tenda da congregação. … Então, disse Moisés à congregação: Isto é o que o SENHOR ordenou que se fizesse.” Lv 8:2-5.

Moisés trouxe, então, seu irmão Arão e seus filhos e os lavara na pia, Ele os vestira com os mantos sagrados com os quais eles vestiriam para ministrar no santuário. Em seguida, a próxima cerimônia:

“Então, Moisés tomou o óleo da unção, e ungiu o tabernáculo e tudo o que havia nele, e o consagrou; e dele aspergiu sete vezes sobre o altar e ungiu o altar e todos os seus utensílios, . .. .. para os consagrar. Depois, derramou do óleo da unção sobre a cabeça de Arão e ungiu-o, para consagrá-lo.” Versos 10-12.

Os filhos de Aarão eram, também, para ser ungidos com este óleo santo. A Escrituras dizem:

“Vestirás Arão das vestes sagradas, e o ungirás, e o consagrarás para que me oficie como sacerdote. Também farás chegar seus filhos, e lhes vestirás as túnicas, e os ungirás como ungiste seu pai, para que me oficiem como sacerdotes; sua unção lhes será por sacerdócio perpétuo durante as suas gerações.” Ex 40: 13-15.

As Escrituras nos dizem a respeito da minuciosidade com a qual esta unção com óleo sagrado era, de fato, ministrada:

“Oh! Como é bom e agradável viverem unidos os irmãos! É como o óleo precioso sobre a cabeça, o qual desce para a barba, a barba de Arão, e desce para a gola de suas vestes.” Sl 133:2

Fora o mais completo serviço que Moisés realizara em seu irmão quando ele o ungira com o óleo santo, para que Aarão pudesse ser consagrado para a solene e sagrada obra que fora designada a ele como sumo sacerdote do santuário terrestre. Este óleo sagrado fora usado com o propósito de dedicar o santuário e os utensílios do serviço, assim como para a consagração dos sacerdotes para o ministério.

Este serviço de consagração e iniciação durou sete dias, como se pode ver nas Escrituras:

“Também da porta da tenda da congregação não saireis por sete dias, até ao dia em que se cumprirem os dias da vossa consagração; porquanto por sete dias o SENHOR vos consagrará.” Lv 8:33.

A ninguém que fosse tomar parte no serviço do Santuário era permitido realizar qualquer trabalho durante este período de iniciação e consagração; pois dizem as Escrituras Sagradas:

“Ficareis, pois, à porta da tenda da congregação dia e noite, por sete dias, e observareis as prescrições do SENHOR, para que não morrais; porque assim me foi ordenado” v. 35.

Quão solene e sagrado o serviço deve ter sido! Questionar ou minimizar o seu valor significava, certamente, a morte. Que o ministério sagrado fora assim iniciado, e os sacerdotes consagrados para este mais sagrado ofício, está claramente descrito no verso a seguir:

“No dia em que Moisés acabou de levantar o tabernáculo, e o ungiu, e o consagrou e todos os seus utensílios, bem como o altar e todos os seus pertences.” Nm 7:1.

Quando a semana do serviço de consagração e dedicação terminara, o ministério do santuário mediante o sacerdócio fora, oficialmente, iniciado. Como é dito nas Escrituras:

“Ao oitavo dia, chamou Moisés a Arão, e a seus filhos, e aos anciãos de Israel e disse a Arão: Toma um bezerro, para oferta pelo pecado, e um carneiro, para holocausto, ambos sem defeito, e traze-os perante o SENHOR.” Lv 9:1-2.

Eles acataram esta ordem de Moisés. Quando Aarão oferecera os sacrifícios, e abençoara o povo cumprindo esta divina instrução, então, “Eis que, saindo fogo de diante do SENHOR, consumiu o holocausto e a gordura sobre o altar; o que vendo o povo, jubilou e prostrou-se sobre o rosto” v. 24. O serviço do santuário poderia ser, agora, ministrado de acordo com a vontade e a ordem de Deus.

A Unção de Cristo como Sumo Sacerdote

Antes que o Salvador pudesse começar o Seu ministério como nosso sumo sacerdote, o santuário celestial deveria ser dedicado e ungido e o nosso Senhor consagrado para o Seu sumo sacerdócio. Isso fora para cumprir como predito pela Palavra de Deus.

Quando o Anjo Gabriel explicava a Daniel o significado da primeira parte da profecia das 2300 tardes e manhãs dizendo a ele que 70 semanas foram determinadas sobre o seu povo e a Santa Cidade, o mensageiro celestial disse que a última coisa a ocorrer antes do fim das 70 semanas seria a unção do “Santíssimo.” Este termo, “Santíssimo”, em hebraico é Qōdeš Qodāšîm, Dn 9:24. Os termos Qōdeš Qodāšîm não são aplicados às pessoas. Eles são, exclusivamente, aplicados a objetos e, particularmente, ao cômodo interno do santuário (Ver Ex 26:33-34).

O período profético das setenta semanas terminara no sétimo mês do calendário bíblico, ou em nosso mês de outubro, no ano 34 E.C. Não havia um lugar “santíssimo” ungido na terra nesse tempo. Nenhum santuário, ou sacerdócio, fora inaugurado ou reinaugurado nesse tempo, ou próximo desse tempo. Nosso Salvador ascendeu aos céus logo após a Sua crucifixão e a Sua ressurreição em 31 E.C. No livro de Hebreus, o apóstolo dos gentios nos conta que quando o Salvador ascendera aos céus, Ele “se assentou destra do trono da Majestade nos céus” Hb 8:1-2. Mas antes que ele pudesse se tornar sumo sacerdote, ele deveria ser consagrado ao Seu sacerdócio e o santuário no qual Ele iria ministrar deveria, também, ser dedicado e iniciado.

Em Hebreus 1:8-9, o apóstolo afirma que o Salmo 45:6-7 aplica-se ao Filho de Deus. Os versos de Hebreus 1 fornecem uma visão da unção do Filho de Deus. Esta unção de nosso Senhor não é uma unção com o Espírito Santo, mas uma unção “com o óleo de alegria.” O apóstolo dá a razão para a unção com este “óleo.” Comparando os dois textos, especialmente as primeiras palavras de Salmo 45:7 com as primeiras palavras de Hebreus 1:9, notar-se-á que foco do verbo é mudado. No Salmo, o escritor está descrevendo a postura do Filho como divina, como de uma deidade. Como Deus, Ele, certamente, ama a justiça e odeia a iniquidade. Esta é a natureza da Divindade. No cumprimento dos versos do Salmo 45, o Salvador já estava na terra como um homem. Como Filho do Homem, por Si mesmo, expurgara os nossos pecados. Após esta expurgação, Ele sentara-se ao lado direito do trono de Deus. Pela vida que Ele viveu na terra —pura, imaculada, sem pecado— Ele provou amar a justiça e odiar a iniquidade. Ele desafiara o mundo a acusá-lO de pecado. Jo 8:46.

Pedro diz acerca dEle: “o qual não cometeu pecado, nem dolo algum se achou em sua boca” 1 Pedro 2:22. O testemunho do apóstolo Paulo torna claro que a unção mencionada em Hebreus 1:9 ocorrera somente depois que nosso Salvador vivera na terra e completara Sua obra em favor de um mundo perdido. Esta unção em Hebreus 1 não poderia ter ocorrido no momento do Seu batismo, pois, nesse momento, Ele ainda não sofrera os ataques de Satanás. Ele ainda não estivera no deserto; Ele ainda não começara o Seu ministério entre os homens; Ele ainda não faceara severas tentações do Inimigo; Ele ainda não vivera a Sua vida na terra como um homem que ama a justiça e odeia a iniquidade.

Além do mais, Seu batismo por João no Rio Jordão fora em cumprimento do anúncio do Anjo Gabriel que haveria 69 semanas até o Messias, o Príncipe em Dn 9:25. O termo “Messias” vem do hebraico māšîªh, que significa “ungido.” (Ver Sl 2:1-2; comparar com João 1:41 e Atos 4:25-26). No episódio da imersão do Salvador, ele fora ungido com o Espírito Santo e com poder para fazer o bem, Atos 10:38. Não temos qualquer registro no episódio de Sua imersão de que outros foram ungidos com Ele ou que Ele fora ungido em superioridade a eles. O apóstolo Paulo, entretanto, nos conta quando Ele fora ungido com o “óleo de alegria,” em harmonia com a profecia; quando Ele fora, de fato, ungido em superioridade a Seus companheiros. Nesta unção havia outros ungidos com Ele, mas apenas Ele fora ungido em superioridade.

A Dedicação do Santuário celestial

É nos dito nas Escritura que, no tempo de Sua ressurreição, outros saíram de suas sepulturas, entraram na Cidade Santa e contaram as pessoas que eles estiveram com o Salvador que ressuscitara dos mortos, Mt 27:50-53. O que aconteceu com esses ressurretos? A resposta é dada em Efésios 4:8.  Em Apocalipse 4 e 5 o profeta João descreve um grupo de pessoas ao redor do trono de Deus, das quais ele diz:

“E entoavam novo cântico, dizendo: Digno és de tomar o livro e de abrir-lhe os selos, porque foste morto e com o teu sangue compraste para Deus os que procedem de toda tribo, língua, povo e nação e para o nosso Deus os constituíste reino e sacerdotes; e reinarão sobre a terra.” Ap 5:9-10.

Aqui está um grupo de santos ao redor do trono do Deus que os redimira pelo sangue de Cristo. Por causa desses fora morto o Senhor. Eles foram feitos reis e sacerdotes; eles esperam reinar sobre a terra. As únicas outras pessoas que, de acordo com as Escrituras, foram levadas da terra ao céu são Enoque e Elias, que foram transladados sem provar a morte, e Moisés, que fora ressuscitado, Gn. 5:24, 2 Reis 2:1 e Judas 9. Esses, os quais João descreve, são pessoas que foram redimidas de muitos povos, línguas e nações. Esse grupo, portanto, pode ser unicamente o grupo daqueles que foram ressuscitados com Cristo e que ascenderam ao céu com o Salvador.

Quando a dedicação do santuário celestial tomara lugar, de acordo com o testemunho do anjo Gabriel em Daniel 9:24, e a consagração de nosso Senhor ao sacerdócio fora realizada em Sua iniciação (Hb 1:8-9), esses, os quais João descreve ao redor do trono de Deus, foram, também, ungidos e consagrados ao ministério com o nosso Senhor no Santuário Celestial, mas apenas Jesus fora ungido em superioridade a eles como o grande Sumo Sacerdote. Que tal iniciação tomara lugar no céu após a ascensão do Senhor, e que nosso Salvador nesse tempo fora consagrado ao sacerdócio real no céu, é confirmada pela seguinte declaração do Espírito de Profecia:

“A ascensão de Cristo ao Céu foi, para Seus seguidores, um sinal de que estavam para receber a bênção prometida. Por ela deviam esperar antes de iniciarem a obra que lhes fora ordenada. Ao transpor as portas celestiais, foi Jesus entronizado em meio à adoração dos anjos. Tão logo foi esta cerimônia concluída, o Espírito Santo desceu em ricas torrentes sobre os discípulos, e Cristo foi de fato glorificado com aquela glória que tinha com o Pai desde toda a eternidade. O derramamento pentecostal foi uma comunicação do Céu de que a confirmação [iniciação] do Redentor havia sido feita [realizada]. De conformidade com Sua promessa, Jesus enviara do Céu o Espírito Santo sobre Seus seguidores, em sinal de que Ele, como Sacerdote e Rei, recebera todo o poder no Céu e na Terra, tornando-Se o Ungido sobre Seu povo” – Atos dos Apóstolos, pp. 38-39.

[Considerações Finais]

Os seguintes fatos são importantes e devem ser reenfatizados:

1) Cristo ascendeu ao céu.

2) Logos após a Sua ascensão, uma cerimônia tomou lugar em meio a adoração dos anjos.

3) Esta cerimônia fora um rito de iniciação.

4) O dom do espírito aos discípulos fora uma indicação de que este rito de iniciação fora realizado, ou terminado.

5) Durante este rito de iniciação, Cristo fora ungido.

6) Esta unção de Cristo no céu assegura ao povo de que Ele, agora, é o Sumo Sacerdote do homem.

7) Durante este rito de iniciação, aos discípulos não fora permitido realizar qualquer obra ou ministério.­

Portanto, das Escrituras e do Espírito de Profecia, tomamos conhecimento, claro e definido, que a unção do “Santíssimo,” a consagração de Cristo ao sacerdócio e a consagração daqueles que ascenderam com Ele [ao céu] após a Sua ressurreição, todas, tomaram lugar durante os dias que se seguiram à ascensão do Salvador e que este evento fora, finalmente, marcado pelo derramamento do Espírito Santo sobre os discípulos no dia de Pentecostes. Fora, então, [nesse momento], que o Salvador iniciara o Seu ministério como o grande sumo sacerdote do homem em favor de todos aqueles que possam ser beneficiados pela expiação que Ele fez em prol dos pecadores por oferecer a Si mesmo no Getsêmani e na cruz do Calvário.

O ministério no Santuário Celestial fora, então, iniciado.

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